Brasil inaugura sede da cooperação em Porto Príncipe

O Ministério da Saúde inaugura, nesta quarta-feira (18), a sede oficial das atividades técnicas e negociações do Projeto Haiti, cooperação firmada entre os governos do Brasil, de Cuba e do Haiti para fortalecer o sistema de saúde haitiano, abalado pelo terremoto que atingiu o país caribenho em 2010. O local recebeu o nome “Espaço de Saúde Zilda Arns” em homenagem à médica pediatra e sanitarista brasileira que morreu naquele país durante o desastre. Zilda Arns Neumann se dedicou a diversas causas humanitárias voltadas para a saúde da mulher e da criança, dentro e fora do Brasil.

Participam da solenidade autoridades dos governos haitiano e cubano, além de familiares da Zilda Arns e representantes da Pastoral da Criança, organismo fundado pela médica em 1983 e que presta assistência a gestantes e crianças em todos os estados brasileiros e em países como Paraguai, Colômbia, Guiné Bissau, Haiti entre outros. A organização conta com mais de 228 mil voluntários capacitados.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca o importante papel que Zilda Arns desempenhou no âmbito da saúde da criança, dentro e fora do país. “A inauguração deste espaço de saúde é uma homenagem e reconhecimento da relevância das atividades desenvolvidas no campo da saúde no Haiti por Zilda Arns”, declara.

Será realizada, ainda, esta semana, em Porto Príncipe, a XI Reunião do Comitê Gestor do Projeto Haiti, instância máxima para a tomada de decisão sobre a execução das atividades acordadas entre os três países, tendo como referência o Memorando de Entendimento assinado pelos governos do Brasil, Cuba e Haiti. O objetivo é definir novas metas de curto e médio prazo, além de fazer um balanço do que foi realizado pela cooperação nos últimos meses.

O Projeto – Firmado em 2010 entre os governos do Brasil, de Cuba e do Haiti, o acordo tem como objetivo fortalecer a autoridade sanitária haitiana e reestruturar o sistema de assistência à saúde e de vigilância epidemiológica do país caribenho.

No Brasil, participam da ação o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (UFRGS e UFSC).
O auxílio brasileiro ao Haiti utiliza recursos extraordinários do Ministério da Saúde, aprovados pelo Congresso Nacional em 2010, conforme a Lei 12.239, para operações de assistência especial no exterior e assistência humanitária ao Haiti em iniciativas voltadas para a saúde.

Pelo projeto, já foram reformados e reconstruídos dois laboratórios especializados em vigilância epidemiológica, que estão sendo equipados e estarão em funcionamento nos próximos meses. Além disso, serão construídos também três hospitais de referência – que vão atuar de forma articulada com a rede de Atenção Primária do país –, e um centro de assistência à pessoa com deficiência.

A cooperação apoia ainda o Programa Ampliado de Vacinação do Haiti que promoveu a Campanha Nacional de Vacinação Contra o Sarampo, a Rubéola e a Poliomielite realizada este ano. O Ministério da Saúde já doou ao programa de imunização haitiano 8,7 milhões doses de vacina.

Especificamente em relação ao apoio à primeira fase da campanha de vacinação, realizada de 21 de abril a 5 de maio, o Brasil contribuiu com 11% do recurso total utilizado – doou as três milhões de doses da vacina oral contra a poliomielite, disponibilizou 15 veículos com motorista e combustível, e enviou enfermeiros com experiência em áreas de difícil acesso. A segunda fase da campanha de vacinação será realizada em setembro deste ano e contará com o mesmo apoio dado pelo Ministério da Saúde do Brasil na primeira fase.

Formação de Agentes Comunitários – O Projeto Haiti realiza também a formação de profissionais para atuação em diversas áreas da saúde – agentes comunitários de saúde polivalentes, auxiliares de enfermagem e agentes sanitários.

O projeto já formou 58 agentes comunitários de saúde. No mês passado, seis novas turmas foram abertas e, juntas, vão formar 180 novos profissionais, que atuarão nas regiões de Carrefour, Bon Repos e Beudet, região metropolitana de Porto Príncipe, capital do Haiti.

Em parceria com Cuba e Haiti, o Brasil desenvolveu o currículo dos cursos e realizou treinamentos para a formação de professores. O Ministério da Saúde também participou do processo de locação de salas, implantação de uma secretaria escolar e aquisição de equipamentos, computadores e na produção editorial de materiais didáticos para as aulas.
A meta é formar em torno de mil agentes comunitários até o fim do projeto para atingir as demais regiões do país.

Fonte: Priscila Costa e Silva /Agência Saúde