Cadastro de doadores de medula óssea oferece oportunidade única de salvar vidas

Pacientes com doenças que afetam as células do sangue, como leucemia e linfoma, esperam por alguém que possa lhes devolver a esperança de uma vida normal. Para os que sentem necessidade de fazer algo por essas pessoas, existe uma opção. Basta se cadastrar no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e se tornar um possível doador. Quando um paciente necessita de transplante e não possui um doador na família, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação.

Flávia Piovani Afonso, 27 anos, estudante de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é um exemplo a ser seguido. Em 2005, ela se cadastrou no Redome durante uma campanha de doação de sangue do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) na universidade. Um ano depois, foi procurada pelo INCA. Ela era compatível com uma pessoa que esperava pela doação de medula óssea. “Eu tinha medo, tinha dúvidas, não sabia se exatamente o que iam tirar de mim. Depois que fui orientada, entendi o que aconteceria e fiquei tranquila”.

Comuns a outros doadores, o sentimento de solidariedade e a chance de proteger uma vida marcaram a trajetória de Flávia. “Se tivesse que fazer de novo, eu faria. Não dói nem tira pedaço. Você saber que ajudou a salvar uma vida é uma sensação única”, conta a estudante. “Minha mãe até hoje fala sobre a importância da doação que fiz. Eu costumo lembrar aos que estão próximos que a gente nunca sabe se amanhã um de nós também irá precisar de um transplante”.

O transplante de medula óssea é um procedimento no qual o doador se submete à retirada de um líquido que ocupa o interior dos ossos. Para a realização do procedimento, é necessária a compatibilidade entre as células do doador e do receptor, que é, em média, de uma em 100 mil.

A doação pode ser feita de três maneiras. A mais comum é por meio de punções, realizadas em centro cirúrgico, sob anestesia, com agulhas nos ossos posteriores da bacia, onde é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. O procedimento não causa qualquer prejuízo à saúde. Existe também a doação por sangue periférico, que foi o caso da estudante Flávia, e com o sangue de cordão umbilical, após consulta no Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP).

Amélia Trindade, nefrologista e coordenadora substituta do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, explica que o método de punção é o mais comum porque garante o sucesso do tratamento. “A captação periférica é mais segura, porém demora um pouco mais e nem sempre é efetiva. Por isso, a grande maioria das equipes faz a coleta pelo osso. Essa decisão não é do doador, é resultado da avaliação de diversos fatores feita pela equipe médica”, afirma. De acordo com Amélia Trindade, este método é seguro e não provoca dor porque é feito sob anestesia. “Temos no Brasil o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo. São quase 2 milhões e 700 mil pessoas cadastradas”, afirma.

De acordo com o INCA, o número se deve aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde. Essas campanhas mobilizam hemocentros, laboratórios, ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade em geral. Desde a criação do Redome, em 2000, o Sistema Único de Saúde (SUS) já investiu R$ 673 milhões na identificação de doadores para transplante de medula óssea. Os investimentos cresceram 4.308,51% de 2001 a 2009.

Seja um doador – Para se cadastrar, basta que o candidato tenha entre 18 e 55 anos e apresente boa saúde. O cadastro pode ser feito em um dos hemocentros dos estados. Na ocasião, será feita a coleta de uma amostra de sangue de 5 ml para testes que determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.

Os dados são inseridos no cadastro do Redome e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. É recomendado, no entanto, que o candidato à doação esteja ciente do que se trata ao fazer o cadastro para evitar desistências ao ser convocado.

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Fonte: Samuel Bessa/ Comunicação Interna do Ministério da Saúde