Conass e Instituto Oncoguia debatem o impacto da COVID-19 no tratamento oncológico

Segundo dados apresentados,houve queda de 62,21% no número de exames de mamografia com finalidade de rastreamento realizados no SUS entre março e setembro de 2020em relação à 2019

Brasília  – A situação do câncer no Brasil após a pandemia foi tema de reunião nesta terça-feira (12), entre o Conass e o Instituto Oncoguia. Na ocasião foi apresentado o resultado de um mapeamento feito pelo instituto a partir de dados do DataSUS. A pesquisa também contou com a participação de pacientes por meio do Canal Ligue Câncer.

Os números revelados apontam que, procedimentos de rastreamento, diagnóstico e tratamento tiveram uma redução significativa em aproximadamente mais de 50%. “O que nos preocupa muito são os exames de diagnósticos. Esse é o ponto mais importante ao pensarmos sobre o quanto a pandemia está impactando no início do tratamento. Isso irá se reverter em uma epidemia de casos avançados de câncer”, alertou a diretora do Oncoguia, Luciana Holtz.

O secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso enfatizou que “já há algum tempo o Conass está atento à questão. A pandemia ocultou todos os espaços dos nossos serviços assistenciais. Temos uma legião de pessoas adoecidas e de pessoas que estão adoecendo tendo os seus tratamentos protelados, o que vai gerar a necessidade de uma atenção especial de toda a gestão”, pontuou.

Ele mencionou o Painel de análise do excesso de mortalidade por causas naturais no Brasil em 2020, uma ferramenta do Conass que mostra a análise dessa curva. “Há necessidade sim, de um mergulho profundo e rápido sobre essas doenças negligenciadas nesse período, muitas vezes por medo, pela falta de acesso, ou pela própria interrupção dos serviços”, disse.

A coordenadora da Câmara Técnica de Atenção à Saúde, Eliana Dourado, observou ser necessário abordar essa questão com o Ministério da Saúde de maneira incisiva. “Esse trabalho é muito interessante. Nós teremos de atuar no pós-pandemia e precisamos encontrar uma forma de dar vasão a essas demandas reprimidas. Não temos de buscar só recursos, mas ampliar esses espaços para dar conta desses pacientes que estão gravemente enfermos”, ressaltou.

Os assessores técnicos do Conass, Rita Cataneli, Maria José Evangelista e René Santos também participaram da reunião e pontuaram que a pandemia escancara problemas antigos nos quais o conselho já trabalha, como a questão do acesso, do diagnóstico e do tratamento.

Como encaminhamentos eles apontaram algumas possibilidades de atuação do Conass junto ao instituto no sentido de encontrar soluções para o problema, como a participação do Oncoguia nas oficinas que fazem parte do Guia Orientador para o enfrentamento da pandemia Covid-19 na Rede de Atenção à Saúde ou em projetos específicos do Proadi-SUS (Planificação da Atenção à Saúde; a Organização da Atenção Ambulatorial Especializada em rede com a Atenção Primária à Saúde; o Programa de Cuidados Paliativos no SUS – Atenção Primária à Saúde e/ou o Programa de Cuidados Paliativos no SUS – Atenção Hospitalar, Ambulatorial Especializada e Atenção Domiciliar).

Para Luciana Holtz a parceria com o Conass “é de fundamental importância para que se consiga priorizar ações de controle e combate ao câncer apesar de toda a situação que estamos  estamos vivendo”, concluiu.

Dados

O mapeamento realizado pelo instituto mostra uma redução de 45,72% no número de biópsias realizadas no sistema público de saúde entre os meses de março a setembro do ano de 2020 quando comparado com o ano de 2019. Já nos exames citopatológicos com finalidade de rastreamento, a redução foi de  61,58% e de 60,88% nos exames citopatológicos com finalidade diagnóstica.

Os dados levantados pelo Instituto Oncoguia compreendem o período de março a setembro de 2020 e foram comparados com os dados do mesmo período de 2019.

Acesse o Radar do Câncer e saiba mais sobre a pesquisa.

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