CONASS promove debate sobre os possíveis caminhos para a saúde no país

É possível que o sonho do SUS universal se concretize nos próximos anos? O SUS está fadado a ser um sistema público destinado para os setores mais pobres da população? Estas e outras questões foram abordadas ontem (25), no seminário CONASS Debate – Caminhos da Saúde no Brasil, que reuniu aproximadamente 300 pessoas, entre gestores,  economistas, sociólogos, jornalistas e sanitaristas.

Na abertura do evento, Michele Caputo Neto, secretário de Estado da Saúde do Paraná e vice-presidente do CONASS na Região Sul,  destacou os avanços obtidos pelo Sistema Único de Saúde ao longo dos seus 25 anos, como os programas de Imunização, de Transplantes de Órgãos e Tecidos e de DST e Aids, mas observou que o sistema ainda não conseguiu se constituir como fora planejado. “O SUS é a maior política de inclusão social do país e foi concebido constitucionalmente para ser um sistema público universal, financiado por impostos gerais. No entanto, isso ainda não aconteceu por várias razões, sendo a principal delas o subfinanciamento que hoje, configura-se como seu problema central e do qual os demais são derivados”, afirmou.

Exposições

O diretor executivo do Instituto Sul-Americano de Governos em Saúde (Isags), José Gomes Temporão, foi o primeiro expositor a se apresentar. Com o enfoque voltado para a questão: para onde vai o SUS?, o ex-ministro da Saúde, ponderou que o sistema de saúde brasileiro deve cuidar bem de todos os cidadãos e não apenas dos mais pobres. Segundo avaliou, nesses 25 anos o Brasil não conseguiu estruturar o seu sistema da maneira como ele foi pensado.  “Isso é um grande desafio para nós sanitaristas do ponto de vista político e ideológico. As elites veem o SUS como um sistema para atender aos mais pobres, mas não é isso que nós queremos”, reiterou.

O diretor de Assuntos Institucionais da Amil, Antonio Jorge Kropf, ponderou que o cenário brasileiro epidemiológico e  demográfico evoluiu de maneira muito rápida e diferente daquela prevista. Segundo ele, é preciso que haja modelos assistenciais integrados.  “As áreas pública e privada precisam trabalhar de maneira sinérgica. Vamos aprender com os exemplos que estão dando certo. Criar uma agenda positiva e acabar com esse espírito de competição que existe entre os setores”.

André Medici, economista aposentado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), ressaltou que é preciso considerar a singularidade de cada modelo de saúde. “No caso do Brasil a realidade do sistema público  é de que ele não é único. Temos que pensar como integrar esses sistemas de maneira que eles caminhem juntos. O SUS precisa de fato de uma nova via? Acredito que o que precisa ser mudado é a sua estratégia de implementação”, afirmou.

No período da tarde, foi feita a problematização das exposições com os debatedores Renato Tasca, (Opas/Washigton), Gonzalo Vecina (Sírio Libanês/SP) e Win Van Lerberghe (Instituto de Medicina Tropical de Lisboa).

A presidente do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro; o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Antonio Nardi; o representante da OPAS no Brasil, Joaquim Molina; e o secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, também participaram da abertura do seminário.

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Tatiana Rosa

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Foto: Eliane Loin