Especialistas defendem reordenamento de recursos humanos aplicados na saúde

Deputados, representantes do governo e de entidades civis sugeriram nesta terça-feira mudanças na maneira como o País forma, administra, distribui e utiliza a força de trabalho de médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde.

Relator da subcomissão especial criada para analisar a formação de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), o deputado Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu a criação de uma estrutura de governo que teria a participação de representantes de setores da sociedade e ficaria responsável por pensar a formação, certificação, regulação e distribuição dos profissionais de saúde.

Para o representante do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), Armando Raggio, o País vive uma contradição. “Pensamos um sistema de saúde que atenda a todos, mas estamos formando profissionais altamente especializados que acabam atuando principalmente fora desse sistema”, disse Raggio, que participou da reunião da subcomissão da Comissão de Seguridade Social e Família que discutiu a formação de recursos humanos para o SUS e a educação permanente na área da saúde.

Segundo Raggio, o profissional da área, principalmente o médico, que escolhe uma formação mais generalista contribui mais com o sistema, mas não recebe uma contrapartida financeira à altura de outros profissionais que focam em especializações e optam por serviços de média e alta complexidade em hospitais ou clínicas particulares.

Faltam instrumentos
Representando a secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Fernando Menezes concorda que faltam instrumentos que permitam ao governo definir quantos, qual o perfil e onde deverão atuar os profissionais de saúde que saem das universidades. “Estudam-se vários tipos de intervenção do Estado para combater um problema sério: a falta de profissionais nas unidades básicas e de pronto atendimento do SUS”, afirmou.

Menezes é favorável à criação de instrumentos que permitam redirecionar a formação de novos profissionais. “No Reino Unido, o médico em formação pode optar entre quatro especialidades básicas. No Brasil há 54 especialidades à disposição”, disse. Para Menezes, esse é um dos fatores que favorecem a alta concentração de profissionais em serviços de média e alta complexidade, em prejuízo dos serviços básicos de saúde, como o Programa de Saúde da Família.

O presidente da subcomissão, deputado João Ananias (PCdoB-CE), considera o deficit de profissionais uma questão complexa. “Apesar dos avanços do SUS, ainda não conseguimos resolver esse problema, o que pode ser explicado pela grande capilaridade do sistema.”

A reunião da subcomissão terá continuação nesta tarde.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Newton Araújo

Foto: Leonardo Prado

Fonte: Agência Câmara de Notícias