II Fórum Nacional de Diabetes – um mal que pode ser evitado

II Fórum Nacional de DiabetesNo mundo, há 415 milhões de pessoas com Diabetes, um, em cada 11 adultos. 14 milhões estão somente no Brasil e, destes, quase metade – cerca de 6 milhões – desconhece que possui a doença. Os dados são da Federação Internacional de Diabetes e foram constantemente lembrados hoje, 28, durante o II Fórum Nacional de Diabetes – Um mal que pode ser evitado. O evento movimentou o auditório do Interlegis, no Senado Federal, com um público de mais de 200 pessoas e reuniu parlamentares, profissionais ligados ao tema e representantes de várias instituições do setor de saúde.

 

Clementina Moreira Alves, presidente do Instituto Brasileiro de Ação Responsável, abriu o evento ressaltando a importância do debate multidisciplinar para o Brasil avançar em melhorias na saúde. “Só vamos conseguir efetivamente melhorar se trabalharmos a médio e longo prazo”, disse. Segundo ela, o Diabetes parece um tema corriqueiro, mas necessita de maior atenção, já que apresenta números tão elevados de óbitos.

 

Portador de Diabetes, o senador Hélio José (PSD/DF) também participou do evento. Na ocasião, comparou a alimentação brasileira com a americana. “Nossa alimentação gera obesidade e causa o Diabetes Tipo 2, justamente aquele que pode ser evitado”. Para o parlamentar, o que o  Brasil precisa priorizar é a educação e a rotulação correta dos produtos como parte de sua política de auxílio aos diabéticos. “A gente não pode contemporizar o que faz mal para a população”, defendeu ao citar que existe uma inversão de valores quanto aos preços de produtos saudáveis e não saudáveis.

 

Eduardo de Azevedo Costa, secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, fez uma breve homenagem a Rubens Mena Barreto, que segundo ele deixou um legado para o Rio Grande do Sul sobre nutrição, endocrinologia e Diabetes. “Autor do primeiro livro no Brasil sobre nutrição em saúde, ele revolucionou a pesquisa sobre saúde alimentar na sua época. Atuou para que as gerações futuras tenham uma melhor programação (alimentar)”, contou.

 

Assessor regional de Diabetes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/PMS), Alberto Barceló recordou o Dia Nacional da Saúde (7 de abril), quando o Diabetes foi tema central da celebração promovida pela OPAS, devido aos dados alarmantes da doença. Destacou a má alimentação da população e o sedentarismo como agravantes para o problema de saúde e que, por isso, é papel do governo promover também o acesso a alimentos saudáveis e locais para a prática de atividades físicas. “Há uma luz no horizonte, mas temos que trabalhar para conseguir avançar. O problema do Diabetes não atinge apenas países em desenvolvimento, mas também países ricos”, completou.

 

 

Para a assessora de assuntos governamentais da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB) e também presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes do Distrito Federal, Hermelinda Pedrosa, a medicina em geral precisa olhar mais para o Diabetes e de forma preventiva. “O trabalho não pode estar focado apenas no tratamento. Precisamos ter um foco preventivo. Segundo ela, há possibilidades de se evitar a doença em até 60% dos casos, apenas com o fomento de políticas preventivas, como o incentivo da população a hábitos saudáveis, prática de exercícios e alimentação balanceada.

 

Também esteve presente na abertura do evento, o gerente geral de Relações Institucionais da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leopoldo Jorge Alves.

 

Mesa técnica

 

Participante da mesa técnica do II Fórum Nacional de Diabetes – Um mal que pode ser evitado, a diretora do Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicas/MS, Clarice Petramale, apresentou informações sobre a atuação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC). Na ocasião, apresentou a Comissão como veículo para incorporação de tecnologias com garantia da sustentabilidade do tratamento do Diabetes.

 

Sandro José Martins, coordenador-geral de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas do Departamento de Atenção Especializada e Temática da Secretaria de Atenção a Saúde/MS, apresentou as política públicas atuais para o enfrentamento do Diabetes no Brasil. Segundo ele, atualmente, 87,2% da população com Diabetes utiliza medicamentos para o controle da doença no Brasil, enquanto, em 2011, era de 79,8%. Destacou o alto gasto no orçamento familiar com o Diabetes. Segundo ele, ao longo de um ano são gastos o equivalente a cerca de R$ 7.500 por família.

 

Renata Vasconcellos, diretora da Brazil-U.S. Business Council, apresentou um estudo realizado pelo conselho sobre as doenças crônicas não transmissíveis e seu impacto na produtividade e aposentadoria precoce em vários países, destacando o Brasil, em especial, no tocante ao Diabetes. Segundo a executiva, a doença já apresenta impactos negativos significativos no país – 7,6% de impacto registrado em 2015, com estimativa de 8,7% para 2030.

 

Hermelinda Pedrosa também participou da mesa técnica do evento. Na ocasião, acrescentou que o Brasil está no quarto lugar no mundo em número de diabéticos. Em mortalidade, atentou que o Diabetes mata mais do que a AIDS, a Tuberculose e a Malária, juntos, no mundo – em 2015, foram 130.712 mortes somente no Brasil em decorrência da doença.

 

“A educação faz parte fundamental nas questões de saúde e principalmente nas questões relacionadas ao Diabetes”, defendeu César Geremia, médico pediatra do Instituto da Criança com Diabetes. Na oportunidade, apresentou o panorama do Diabetes em crianças e adolescentes no Brasil e as estratégias educacionais para melhorar o controle da doença Defendeu, ainda, atenção especial ao diagnóstico precoce, tão importante aos pacientes infantis.

 

“Nenhum remédio é bom se o paciente não toma”. Foi com essa frase que Denise Franco, médica endocrinologista e diretora coordenadora do Departamento de Educação da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), abriu sua apresentação no evento. Segundo ela, muitos pacientes não aderem aos tratamentos e os motivos são diversos: falta de conhecimento, atitudes, crenças, linguagem, cultura/etnia, relacionamento e comunicação médico/paciente, entre outros. Para ela, o atendimento deve estar focado no paciente, individualizando o tratamento para qualquer doença crônica incluindo o Diabetes, valorizando as preferências, necessidades e valores do paciente. “Afinal, quem vive a vida é o paciente”, finalizou

 

O II Fórum Nacional de Diabetes – Um mal que pode ser evitado contou com moderação do consultor em Doenças Crônicas Não Transmissíveis da OPAS/OMS, Lenildo de Moura.

 

Serviço: II Fórum Nacional de Diabetes – um mal que pode ser evitado

Data: evento realizado, 28 de abril, quinta-feira, das 9 às 14h

Local: Senado Federal, no auditório Senador Antonio Carlos Magalhães, Interlegis

Informações: Pelos telefones (61): 3368-6044 e 3468-5696

Realização: Instituto Brasileiro de Ação Responsável

Coordenação: Agência Íntegra Brasil

Patrocínio: Lilly e AstraZeneca