Missão boliviana conhece sistemas de informação em saúde no Ceará

O Ceará está colaborando com a Bolívia para a organização do sistema universal de saúde do país vizinho, que passará a funcionar em 2019 para atender a cerca de 11 milhões de habitantes. Os técnicos do Ministério da Saúde da Bolívia estiveram em Fortaleza na semana passada para conhecer como os sistemas de informação em saúde são utilizados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

O Ceará é um dos sete estados brasileiros que estão recebendo missões estrangeiras para conhecer, entre outros trabalhos, como funcionam a vigilância de óbitos e o sistema de nascidos vivos no país. Os médicos e técnicos do Ministério da Saúde da Bolívia, Rocco Abruzzese Castellón, responsável nacional de produção de serviços de primeiro nível, e Maria Angela Vera Callisaya, responsável pela vigilância epidemiológica, foram recebidos na tarde desta quinta-feira (22) pelo secretário da Saúde do Ceará, Henrique Javi, e pelo secretário-adjunto da Saúde, Marcos Gadelha.

O secretário destacou a disponibilidade dos recursos técnicos e humanos da Sesa para colaborar com o trabalho da equipe boliviana e citou que há um compromisso da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que os países caminhem para a construção de sistemas universais de saúde. A OMS foi fundada há mais de 70 anos sob o princípio de que todas as pessoas podem realizar o seu direito ao mais alto padrão possível de saúde. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) está completando três décadas neste ano.

“Vocês podem aprender com nossos erros também. Acompanhar a história do SUS no Brasil e já criar um sistema numa fase mais avançada. Ver o que foi que nós acertamos e o que erramos. É muito interessante isso porque a demanda é grande. É importante esse intercâmbio de experiências”, declarou Javi. O secretário-adjunto também destacou a importância dos dados que são coletados e produzidos pelo sistema de saúde para embasar as políticas públicas na área.

 

 

Intercâmbio de experiências

O intercâmbio de conhecimento no Ceará está sendo feito, por indicação do Ministério da Saúde do Brasil, para colaborar com a instalação do sistema de saúde para os bolivianos. “A experiência que vocês têm de haver implementado o SUS há muitos anos e que tem como uma das partes mais importantes é a vigilância porque alimenta todo o sistema e porque nos dá a informação. É algo que nós como país estamos incorporando no ano seguinte. Então para nós é muito enriquecedor conhecer uma base tão grande de saúde como o Ceará”, disse Maria Angela.

“Foi muito enriquecedor conhecer os processos e os procedimentos da vigilância, como a investigação dos casos de óbito e o registro de nascidos vivos e os agravos. Visualizamos isso. Inclusive agora tivemos a possibilidade de interagir com as pessoas que trabalham com casos de violência. Conhecemos processos, conhecemos instrumentos, conhecemos sistemas e a interrelação e coordenação dos estabelecimentos, dos municípios e das regionais para chegar à informação estadual, que possivelmente será a informação que irá para o Ministério”, declarou Castellón.

Os sistemas de informação em saúde são instrumentos padronizados de monitoramento e coleta de dados, que têm como objetivo o fornecimento de informações para análise e melhor compreensão de problemas de saúde da população, subsidiando a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal.

Processos de trabalho

A missão boliviana foi acompanhada na Secretaria da Saúde do Ceará por dois técnicos da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVIG), Pedro Albuquerque e Iarlla Ferreira, na segunda-feira, 19 de novembro, para conhecer como os processos de trabalho são realizados, a partir da ocorrência do óbito até a coleta, processamento, envio das informações e revisão da causa de morte. Os técnicos bolivianos também acompanharam na última terça e quarta-feira, dias 20 e 21, trabalho de campo de equipe de vigilância do óbito, em Fortaleza.

“A experiência de ter profissionais do Ministério da Saúde da Bolívia em nosso Estado foi desafiadora, uma vez que, os movimentos governamentais bolivianos estão direcionados à implantação do Sistema de Saúde Pública no país logo mais em 2019. Esta visita técnica remete a uma grande responsabilidade para nossas ações de vigilância em saúde, uma vez que o Ceará será referência de qualidade e excelência no desenvolvimento de processos, análises e estratégias para melhoria dos serviços de saúde ofertados à população”, disse Pedro Albuquerque.

Os profissionais da Sesa apresentaram os processos de trabalho, destacando a operacionalização das ações, desde a produção das informações em saúde e a utilização delas nas instâncias municipal, regional e estadual. “Buscamos ressaltar não apenas os nossos aspectos positivos, mas também, nossos desafios e as dificuldades atuais, e como lidamos na perspectiva de superação”, explicou Iarlla Ferreira.

As missões estrangeiras participarão do III Encontro sobre a Melhoria da Qualidade da Informação sobre Causas de Morte no Brasil, que acontecerá de 26 a 28 de novembro, em Salvador (BA), promovido pelo Ministério da Saúde e que vai reunir profissionais de vigilância em saúde de todos os estados. O evento contará com a participação de representantes dos Estados Unidos, Austrália, Suíça, países da África e da América Latina.

A vigilância de óbitos se enquadra no conceito de vigilância epidemiológica que compreende o conhecimento dos determinantes dos óbitos maternos, infantis, fetais e com causa mal definida e a proposição de medidas de prevenção e controle. O Ceará está entre os estados brasileiros com a vigilância de óbitos melhor estruturada. O encontro promovido pelo Ministério da Saúde em Salvador proporcionará o debate e o compartilhamento de experiências positivas.

Texto e fotos: Ascom SES/CE