Agentes comunitários formam rede de proteção contra Covid-19 em município do Ceará

Participantes deram continuidade ao debate sobre o papel dos Agentes Comunitários de Saúde no enfrentamento da Covid-19

Diante da ameaça da chegada do coronavírus, o  município cearense de Caucaia, com pouco mais de 400 mil habitantes, decidiu montar um sistema de prevenção e cuidado para população. Seis comitês de acompanhamento e formulação de estratégias foram organizados para dar mais agilidade à tomada de decisão. Além disso, uma rede batizada na cidade de “teia” foi estabelecida para que agentes comunitários de saúde tivessem como chegar de forma segura e eficaz até a  população, difundir informações relevantes e, quando necessário, atuar como elo entre a pessoa atendida e a unidade básica de saúde. Por meio da teia, era possível saber como integrantes da comunidade estavam passando, a evolução de pessoas com sintomas de covid, checar se crianças estavam com a carteira de vacinação em dia e se pessoas com doenças crônicas estavam abastecidos de medicamentos indispensáveis para o bom controle da sua condição.

“Entre os vários significados de teia estão força, proteção”, contou o ex-secretário de saúde da cidade, Moacir Soares. A forma de atuação dessa rede e  os benefícios obtidos para toda população foram discutidos durante o debate virtual promovido pelo Conass na última sexta feira. O encontro, o segundo dedicado ao papel dos agentes comunitários da saúde no ciclo de debates do Conass, contou com a participação da coordenadora da Atenção Primária à Saúde e da Rede de Atenção à Saúde de Caucaia/CE, Vilalba Carlos Lima Martins Bezerra; da presidente do Conselho Municipal de Saúde e do Conselho Local de Saúde da Unidade de Atenção aos Programas de Saúde (UAPS Ametista), Caucaia/Ceará, Maria Irene Filha de Sousa; da Agente Comunitária de Saúde, Caucaia/CE, Francisca Célia Rodrigues Lima; e da assessora técnica do Conasems, Marcela Alvarenga. A mediação foi feita pela assessora técnica do Conass, Maria José Evangelista.

“A teia da saúde ajudou a reforçar a relação entre os agentes de saúde com a comunidade e com a unidade básica”, relata o ex-secretário. A experiência foi tão bem sucedida que, pouco depois, foi estendida para integrantes do controle social. A exemplo dos agentes comunitários, pessoas ligadas ao conselho municipal de saúde passaram a enviar informações e ajudar no monitoramento da população. “Ao amanhecer, em vez de mensagens de ajuda, integrantes da teia perguntavam se havia alguém no grupo com sintomas da doença.”

Na avaliação de Soares, a cidade deu exemplo no combate à pandemia. “Aplicamos várias experiências aprendidas no Conass”, disse. Vilalba, por sua vez, lembrou dos ganhos de o município seguir a metodologia da planificação, também recomendada pelo Conass. “Quando você planifica, tem uma visão melhor, consegue traçar estratégias”, disse. De acordo com Vilalba, mesmo com a pandemia, outros atendimentos, como consultas de pré-natal e imunização, foram mantidos. Um fluxo de atendimento foi definido. Além disso, houve o reforço do teleatendimento. A articulação foi tamanha que, mesmo com agentes atuando de forma remota, a distribuição de 300 mil máscaras de proteção conseguiu ser viabilizada.

“Foi uma estratégia que deu e está dando certo”, definiu Francisca Célia. “Ninguém ficou para trás. A teia continua sendo usada e continuará, porque a pandemia não passou”, completou. Irene, do Conselho Municipal da Saúde, reforçou a necessidade de parceria e, sobretudo, da difusão de informações.

Marcela Alvarenga, do Conasems, observou que a pandemia trouxe reinvenção para o sistema de saúde. “Todos estamos aprendendo a trabalhar de forma diferente.” Maria José, por sua vez, reforçou a necessidade de pensar no sistema de forma sistêmica. “A gente só vai vencer a epidemia se estiver pensando a rede como um todo. A atenção primária exerce um papel de extrema relevância para controlar a epidemia”, disse. Uma visão que foi amadurecida nos últimos meses. Quando os primeiros casos de Covid-19 foram identificados no País, a atenção ficou concentrada no atendimento hospitalar. “Isso mudou”, disse Maria José.

Assista abaixo o debate na íntegra:

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