Pesquisa revela que o número de pessoas acima do peso aumentou

Pesquisa realizada pela UnB (Universidade de Brasília) revela que o Sistema Único de Saúde – SUS gasta anualmente R$ 488 milhões com tratamento de doenças associadas pela obesidade. O estudo realizado em 2011 divulgado, nesta terça-feira, 19, pelo Ministério da Saúde, mostra que foram ouvidas 47 mil pessoas em todas as capitais e no Distrito Federal em 71 hospitais que realizam atendimentos de urgência e emergência pelo SUS.

De acordo com a pesquisa a proporção de pessoas acima do peso avançou de 42,7%, em 2006, para 48,5%, em 2011, além disso, o custo com internações e tratamentos relacionados à obesidade grave (mórbida) chega a R$ 116 milhões. Segundo a pesquisadora Michele Lessa, autora da pesquisa, a obesidade grave tem crescido de 4,3% mais rápido do que a obesidade. “Se fossemos pegar só o custo da obesidade grave teríamos um custo de 32 milhões, que são os das cirurgias bariátricas. A partir de dados epidemiológicos podemos avaliar a associação a doenças e o percentual de casos de diabetes e hipertensão devidos à obesidade, com isso, conseguimos chegar um custo mais alto e verificar o quanto a obesidade onera para SUS”, explicou.

Segundo o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, este é o momento para Brasil agir caso não queria atingir os graves níveis de saúde pública da população obesa como ocorre nos Estados Unidos, onde 27,6% da população obesa. “É o momento para agirmos em todas as áreas, desde a promoção, da prevenção e do cuidado que temos ter com as pessoas com obesidade mórbida em todas as faixas etárias e em todas as classes sociais”, ressaltou.

Padilha ressaltou que 26% do gasto do SUS são para o tratamento da obesidade mórbida. Segundo ele, é preciso investir 60 vezes mais no tratamento de uma pessoa com obesidade mórbida do que tratar uma pessoa obesa. “As nossas ações envolvem todos os níveis de complexidade, desde os hábitos alimentares, até o investimento no Programa Academia da Saúde que proporciona acompanhamento nos exercícios físicos para combater as doenças relacionadas à obesidade”.

A Academia de Saúde é uma das estratégias para o combate a obesidade. Segundo o ministro, a inciativa prevê a infraestrutura de equipamentos e profissionais qualificados para orientar nas atividades físicas, além disso, foram investidos R$ 390 milhões para o programa.

Segundo o secretário executivo do CONASS, Jurandi Frutuoso, os dados da pesquisa mostram o novo perfil epidemiológico e os cuidados que os gestores terão que ter em relação às doenças associadas à obesidade. “Isso mostra que temos que ter uma atenção maior com as crianças e os jovens, pois eles são o foco para que esse perfil brasileiro não aumente”.

Para o Presidente do Conasems, Antonio Carlos Nardi, é preciso combater esse perfil, pois quando a doença já está no nível grave o custo é extremamente elevado. “Alimentar-se bem é o primeiro passo para ter uma qualidade de vida saudável. Além disso, continuar aprimorando o controle de combate ao tabagismo, à prática de atividades físicas”, disse.

Portaria

Padilha assina também nesta terça-feira, a portaria que cria a Linha de Cuidados Prioritários do Sobrepeso e da Obesidade no SUS. A portaria define a ampliação do acesso e da qualidade da atenção para prevenção e tratamento do sobrepeso e obesidade, a organização do cuidado desde a promoção de modos de vida saudáveis até o tratamento e reabilitação dos casos mais graves e a consolidação do cuidado humanizado e integral no SUS.

Cirurgia Bariátrica

Com base dos dados da pesquisa de Orçamento Familiar de 2009 (POF), a portaria estabelece também a redução de 18 para 16 anos a idade mínima para realizar o procedimento, em casos em que há risco ao paciente, além disso, não terá mais idade máxima.  A POF verificou que na faixa de 10 a 19 anos o percentual de 21,7% dos brasileiros apresenta excesso de peso – em 1970, este índice estava em 3,7%. A avaliação clínica nos jovens entre 16 e 18 anos deverá constar no prontuário e deve incluir: a análise da idade óssea e avaliação criteriosa do risco-benefício, realizada por equipe multiprofissional com participação de dois profissionais médicos especialistas na área.

Luiza Tiné – Ascom/CONASS

Foto: Karina Zambrana e Rondon Vellozo – ASCOM/MS