Apesar da estabilidade, metade da população adulta segue acima do peso. Vigitel 2013 revela ainda queda de 28% no número de fumantes e aumento da prática de atividade física e do consumo recomendado de frutas e hortaliças.
Levantamento mais recente do Ministério da Saúde revela que, pela primeira vez em oito anos consecutivos, o percentual de excesso de peso e de obesidade se manteve estável no país. A pesquisa Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) indica que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal e que, destes, 17,5% são obesos. Os resultados do estudo cessam a média de crescimento de 1,3 ponto percentual ao ano que vinha sendo registrada desde a primeira edição, realizada em 2006 – quando o proporção de pessoas acima do peso era de 42,6% e de obesos era de 11,8%. O estudo mostrou ainda uma queda de 28% no total de fumantes entre a população brasileira acima de 18 anos nos últimos oito anos.
Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (30) pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro.
“O aumento do consumo de hortaliças e da atividade física são fatores determinantes para uma sociedade mais saudável. Mas, ainda é preciso observar a sequência nos próximos anos para podermos afirmar com consistência se há uma estabilização do crescimento da obesidade e do sobrepeso”, disse o ministro.
A proporção de obesos entre homens e mulheres é a mesma: 17,5%. No entanto, em relação ao excesso de peso, os homens acumulam percentuais mais expressivos, 54,7% contra 47,4% das mulheres. Essa edição do estudo também indica que a escolaridade se mostra um forte fator de proteção entre o público feminino. O percentual de excesso de peso entre as mulheres com até oito anos de estudo é de 58,3%. Já entre as mulheres com escolaridade de no mínimo 12 anos, esse percentual cai para 36,6%. A prevalência de obesidade também cai pela metade entre esses dois grupos de mulheres, atingindo 24,4% e 11,8%, respectivamente.
“O maior acesso à informação pode ter um peso importante nesse resultado. Isso é fundamental porque demonstra claramente que é possível persistir e ampliar as políticas publicas para expandir os resultados que temos nos mais escolarizados para as outras faixas”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
Paralelo à estabilidade nos índices de excesso de peso e obesidade, o Vigitel 2013 aponta ainda um aumento de 11% em cinco anos no percentual da atividade física no lazer, passando de 30,3%, em 2009, para 33,8% em 2013. Os homens são os mais ativos: 41,2% praticam exercícios em seu tempo livre, enquanto em 2009 eram 39,7%. Entretanto, o aumento da prática de exercícios entre as mulheres foi maior, passando de 22,2% para 27,4%.
Forte aliado na prevenção de doenças, o consumo recomendado de frutas e hortaliças também registrou aumento de 18% em oito anos. Atualmente, 19,3% dos homens e 27,3% das mulheres comem cinco porções por dia de frutas e hortaliças, quantidade indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2006, os índices eram de 15,8% e 23,7%, respectivamente.
Apesar desses avanços, o estudo também mostra a existência de diversos hábitos alimentares inapropriados da população. Um deles é o índice que mostra quantos brasileiros tem o habito de substituir o almoço ou o jantar por um lanche de baixo valor nutritivo. Consultado pela primeira vez no Vigitel, o indicador mostrou que 16,5% dos brasileiros (12,6% dos homens e 19,7% das mulheres) costumam trocar o almoço ou jantar por lanches como pizzas, sanduíches ou salgados diariamente. Outro indicador que preocupa é o consumo excessivo de gordura saturada: 31% da população não dispensam a carne gordurosa e mais da metade (53,5%) consome leite integral regularmente. O refrigerante também têm consumidores fiéis: 23,3% ingerem esta bebida, no mínimo, cinco dias por semana.
O Vigitel retrata os hábitos da população brasileira e é uma importante fonte para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde preventiva. Nesta edição, foram entrevistados aproximadamente 53 mil adultos em todas as capitais e também no Distrito Federal.
CAI NÚMERO DE FUMANTES – A parcela da população brasileira acima de 18 anos que fuma caiu 28 % nos últimos oito anos. O Vigitel 2013 registrou que 11,3% da população brasileira fuma, enquanto que em 2006 o índice era de 15,7%. A frequência maior permanece entre os homens (14,4%) do que em mulheres (8,6%). Outro bom motivo para comemorar é a queda a frequência das pessoas que fumam 20 ou mais cigarros – de 4,6% em 2006 para 3,4% em 2013. O estudo também revela a redução na frequência de fumantes passivos no domicílio, que passou de 12,7% em 2009 para 10,2% em 2013, e no local de trabalho, embora não seja uma redução expressiva, o índice passou de 12,1% para 9,8%%.
O Ministério da Saúde assinou em abril de 2013 portaria que amplia o acesso dos usuários ao tratamento contra o tabagismo e atualiza as diretrizes de cuidado à pessoa tabagista. A medida permite ampliar o número de unidades e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) que oferecem tratamento aos fumantes. Atualmente, há 23.387 equipes de saúde de 4.375 municípios, no âmbito da atenção básica, preparadas para ofertar o tratamento para largar o vício de fumar no SUS. São oferecidas consultas de avaliação individual ou em grupo de apoio, além de medicamentos em forma de adesivos e gomas de mascar com nicotina.
“A diminuição consistente ano a ano do percentual de fumantes no Brasil mostra como é importante o desenvolvimento de políticas públicas tanto de prevenção como de assistência a quem deseja parar de fumar. Reduzir o tabagismo é fundamental para diminuir o desenvolvimento de doenças a de câncer e doenças cardiovasculares na população brasileira”, afirmou o ministro.
COMBATE ÀS DOENÇAS CRÔNICAS – Deter o crescimento da proporção de adultos brasileiros com excesso de peso ou com obesidade é uma das metas do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), lançado em 2011. O documento interministerial tem como objetivo diminuir em 2% ao ano o número de mortes ocasionadas por estas doenças até de 2022, hoje responsável por 72,4% dos óbitos dos brasileiros.
Entre as ações previstas no Plano DCNT para incentivar a pratica de atividade física, está o Programa Academia da Saúde. A iniciativa prevê a implantação de polos com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para contribuir para a promoção de modos de vida saudáveis. Atualmente, há 3.725 polos habilitados para construção em todo o país. Considerando os polos construídos com recursos federais e os polos similares, há 224 academias em funcionamento que recebem recurso de custeio.
A Atenção Básica também proporciona diferentes tipos de tratamentos e acompanhamentos ao usuário, incluindo o atendimento psicológico. Atualmente, existem 2.936 Núcleos de Atenção à Saúde da Família,
com 2.612 nutricionistas, 4.208 fisioterapeutas e 2.993 psicólogos, além de educadores físicos e sanitaristas. A evolução do tratamento deve ser acompanhada por uma das 39,9 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS), presentes em todos os municípios brasileiros. Nos casos de obesidade mórbida, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece ainda, como último recurso para perda de peso, a cirurgia bariátrica.
SAÚDE NÃO TEM PREÇO – A hipertensão arterial permanece estável na população, atingindo 24,1% da população adulta brasileira (26,3% das mulheres e 21,5% dos homens). O diagnóstico de diabetes, no entanto, cresceu desde a primeira edição. O percentual de pessoas que declararam terem recebido diagnostico de diabetes passou de 5,5% para 6,9% de 2006 para 2013. O diabetes também é mais comum entre as mulheres (7,2%) do que em homens (6,5%).
O avanço do diagnóstico está relacionado à melhoria do acesso na atenção básica. No entanto, as doenças crônicas têm forte relação com o excesso de peso, a falta de exercícios físicos, a má alimentação e o envelhecimento da população. Ambas as doenças se tornam mais frequentes com a idade. Se entre 18 e 24 anos, as proporções de hipertensos é de 3,0 % e de diabéticos é de 0,8 %. Aos 65, a prevalência sobe para 60,4% e 22,1%, respectivamente.
Para manter o controle da pressão arterial e da glicose sanguínea, são distribuídos gratuitamente pelo governo federal 11 medicamentos gratuitos: seis para hipertensão e cinco para diabetes, por meio do programa Saúde Não Tem preço. Desde o lançamento do programa em 2011, já foram beneficiados 6,6 milhões de diabéticos e 16,4 milhões de hipertensos.
Estima-se que futuramente ainda mais pessoas com diabetes e hipertensão passarão a ter acesso ao tratamento adequado graças à atuação dos profissionais do Programa Mais Médicos. Um levantamento preliminar do Ministério da Saúde já mostrou crescimento de 27,3% no atendimento a pessoas com hipertensão nos municípios com profissionais do Mais Médicos em novembro de 2013 quando comparado a junho do mesmo ano, antes da chegada dos profissionais. Houve aumento ainda, neste mesmo período, de 14,4% na assistência a pessoas com diabetes, de 13,2% no número de pacientes em acompanhamento e de 10,3% no agendamento de consultas.
Prevenção ao Câncer – O Vigitel 2013 revela o crescimento de 9,7% no acesso ao exame de mamografia nas capitais e no Distrito Federal. Em 2006, 71,1% das mulheres com idade entre 50 e 69 anos afirmaram ter se submetido ao exame. Em 2013, o percentual subiu para 78%. O levantamento traz dados ainda sobre a prevenção ao câncer de colo: 82,9% das mulheres entre 25 e 64 anos realizaram o exame de citologia oncótica, mais conhecido como “papanicolau”, nos últimos três anos.
Novamente a escolaridade se mostrou um fator determinante à realização dos dois exames. O percentual de entrevistadas com mais de 12 anos de estudo que fizeram a mamografia foi 88,3% e entre aquelas que estudaram até oito anos, a proporção ficou em 72,9%. No caso do Papanicolau, os percentuais são 87,2% e 78,6%, respectivamente.
Gráficos
Excesso de Peso e Obesidade Por Sexo
Frequência de Excesso de Peso
Frequência de Obesidade
Tabelas
Dados de Excesso de Peso por Capital:
Capitais/DF |
Total (%) |
Masculino (%) |
Feminino (%) |
---|---|---|---|
Aracaju |
49,1 |
50,4 |
48,1 |
Belém |
51,1 |
55 |
47,8 |
Belo Horizonte |
47,3 |
48,4 |
46,3 |
Boa Vista |
49,5 |
52,9 |
46,3 |
Campo Grande |
52,9 |
55,2 |
50,9 |
Cuiabá |
54,9 |
59 |
51 |
Curitiba |
52,6 |
57,7 |
48,3 |
Florianópolis |
48,6 |
56,5 |
41,4 |
Fortaleza |
51,3 |
54,2 |
48,8 |
Goiânia |
47,5 |
51,2 |
44,3 |
João Pessoa |
51,3 |
59,3 |
44,7 |
Macapá |
51,9 |
60,8 |
43,6 |
Maceió |
52,5 |
58,4 |
47,7 |
Manaus |
53 |
54,1 |
52 |
Natal |
52,6 |
55,8 |
50 |
Palmas |
48,3 |
57 |
40,1 |
Porto Alegre |
54,1 |
62,1 |
47,5 |
Porto Velho |
52,9 |
57 |
48,5 |
Recife |
50,7 |
52,9 |
48,9 |
Rio Branco |
52,6 |
57,1 |
48,5 |
Rio de Janeiro |
53,1 |
57,9 |
49,1 |
Salvador |
47,1 |
48,9 |
45,7 |
São Luís |
41,7 |
44,5 |
39,4 |
São Paulo |
51,1 |
54,9 |
47,7 |
Teresina |
49,1 |
54,6 |
44,6 |
Vitória |
48,6 |
52,6 |
45,2 |
Distrito Federal |
49 |
54,9 |
43,9 |
Dados de obesidade por capital:
Capitais/DF |
Total (%) |
Masculino (%) |
Feminino (%) |
---|---|---|---|
Aracaju |
17,5 |
15,4 |
18,4 |
Belém |
15,8 |
15,9 |
15,7 |
Belo Horizonte |
14,6 |
13,7 |
15,4 |
Boa Vista |
17,3 |
18,4 |
16,3 |
Campo Grande |
17,7 |
14,6 |
20,5 |
Cuiabá |
22,4 |
21,9 |
22,8 |
Curitiba |
17,6 |
18,8 |
16,6 |
Florianópolis |
15,4 |
16,4 |
14,6 |
Fortaleza |
18,1 |
19,4 |
17 |
Goiânia |
16,3 |
18 |
14,9 |
João Pessoa |
17 |
15,3 |
18,3 |
Macapá |
18,3 |
22,8 |
14,2 |
Maceió |
18,4 |
18,8 |
18,1 |
Manaus |
18,8 |
18 |
19,5 |
Natal |
16,6 |
18,2 |
15,2 |
Palmas |
16,8 |
20,8 |
13,1 |
Porto Alegre |
17,7 |
18,5 |
17,1 |
Porto Velho |
17,8 |
19,2 |
16,3 |
Recife |
18 |
16,4 |
19,2 |
Rio Branco |
18,1 |
16,7 |
19,3 |
Rio de Janeiro |
20,7 |
21,1 |
20,3 |
Salvador |
14,9 |
13,1 |
16,3 |
São Luís |
13,2 |
12,3 |
13,9 |
São Paulo |
17,9 |
17,5 |
18,2 |
Teresina |
16,2 |
18,1 |
14,6 |
Vitória |
16,1 |
15,9 |
16,3 |
Distrito Federal |
15 |
15,7 |
14,4 |
Por Fabiane Schmidt e Vera Stumm, da Agência Saúde.
Atendimento à Imprensa
(61) 3315 3580 e 3315-2351