Planejar e integrar: o caminho para atenção hospitalar durante pandemia

A pandemia do novo coronavírus trouxe uma série de desafios para a rede hospitalar no Brasil. Como fazer a gestão dos leitos, a capacitação de profissionais de saúde para uma doença nova e da qual ainda pouco se sabe, montar fluxos diferenciados para atendimento, para realização de exames e até mesmo para a higienização do enxoval, composto por toalhas e roupas de cama usadas por pacientes? Essas dúvidas presentes durante o funcionamento do atendimento nas urgências e emergências, o treinamento de equipes e a integração com a atenção básica foram o tema do Debate Virtual realizado semana passada pelo Conass, disponível no Youtube.

Participaram do evento, mediado pela assessora técnica do Conass, Rita Catanelli, o médico especialista em terapia intensiva e medicina de emergência do Hospital Sírio-Libanês, Welfane Cordeiro Júnior; o diretor geral do Hospital Regional de Nova Andradina/Mato Grosso do Sul, Norberto Fabri Junior; o diretor geral do Hospital Municipal de Teixeira de Freitas/Bahia, Allan Jacqueson Barbosa Lobo; e a coordenadora estadual do Apoio Rede Colaborativa do Espírito Santo, Marfiza Machado de Novaes.

Cordeiro Júnior contou que, dentro da iniciativa do Todos pela Saúde, um plano foi preparado para auxiliar no plano de resposta hospitalar à Covid-19. Ao longo dos últimos meses, o grupo atua de forma a apoiar hospitais interessados na preparação de planos de resposta, na implantação dos projetos, gestão de crise e uso de dados. As informações reunidas, de acordo com Cordeiro Júnior, auxiliam não apenas a condução do trabalho da unidade hospitalar, mas também para que o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE Covid-19) saiba qual a situação dos hospitais. O instrumento permite, em algumas regiões, por exemplo, que o COE tenha informação sobre taxa de ocupação, a disponibilidade de equipamentos para pacientes e EPIs, por exemplo. De acordo com o médico, em 20 semanas de atuação, 130 colaboradores auxiliaram trabalhos em 297 hospitais, com objetivo de organizar a rede e mitigar o efeito da pandemia.

Barbosa Lobo afirmou que o planejamento foi essencial para garantir atendimento adequado para pacientes. Lobo contou que os casos de Covid-19 na cidade onde atua, Teixeira de Freitas, são mais recentes, um fato que acabou propiciando mais tempo para capacitar pessoal e organizar a forma de atendimento. A equipe também fortaleceu o programa Melhor em Casa, o que refletiu numa redução da ocupação hospitalar no momento em que casos da doença começaram a ter aumento.

Fabri Júnior, por sua vez, relatou que a adesão ao programa de capacitação ocorreu há pouco tempo. O planejamento, completou, veio no momento crucial. “Eles nos propicia a troca de informações a atualização. E, sobretudo, mostra o desafio que é inserir toda atuação na rede de atenção à saúde, ampliar a articulação com a atenção primária”.

Marfiza Machado de Novaes, da rede colaborativa do Espírito Santo, durante o debate também ressaltou a importância da integração entre a rede de atenção básica e a hospitalar. “Instituições tiveram que se reinventar, planejando suas ações e serviços.”

 

Ascom Conass