Rio de Janeiro – IEDE oferece “remédio” para o bullying escolar em crianças acima do peso

Criado em 2009, o ambulatório de obesidade infanto-juvenil atende crianças obesas ou com sobrepeso, trabalhando em prol de um objetivo: modificação de estilo de vida. Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, três em cada 10 crianças brasileiras em idade escolar são obesas

Diante das constantes reclamações de pais e mães que chegavam ao ambulatório de obesidade infanto-juvenil do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede), no Centro do Rio, relatando problemas de seus filhos na escola relacionados à discriminação por conta do excesso de peso, profissionais do Centro de Estudos, Serviço Social e do ambulatório da unidade se organizaram para promover um evento para esclarecer dúvidas sobre o tema. Esta semana, o Instituto recebeu a palestrante Rosemary Ribeiro para dissertar sobre o tema. A ideia do evento é promover uma reflexão sobre o excesso de peso e chamar a atenção para o bullying escolar, que acaba por agravar ainda mais a questão da obesidade nas crianças.

– Ouço frequentemente os responsáveis dos pacientes reclamando sobre a falta de compreensão não somente dos coleguinhas, mas também da própria direção das escolas sobre o problema de peso de seus filhos. Eles relatam que suas famílias ficam estigmatizadas no meio escolar e isso acaba gerando depressão e problemas de autoestima nas crianças. Já tive o caso de uma criança que teve que sair daescola para evitar isso. A discriminação chegou até à família – relata Carmen Assumpção, coordenadora do ambulatório infanto-juvenil do Iede.

Obesidade infantil no país – Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, três em cada 10 crianças brasileiras em idade escolar são obesas. Colesterol alto e tendência a diabetes, antes problemas relacionados a adultos, já são frequentes em crianças. Por isso, o comprometimento e a presença dos responsáveis no programa de internação são fundamentais para o sucesso da iniciativa. Muitos também são obesos e são eles quem compram os alimentos que serão servidos às crianças.

– A família tem papel fundamental no processo. Cerca de 80% dos pais das crianças que internamos também são obesos e na hora de escolher a alimentação optam por caixinhas, embutidos, saquinhos e a criança sempre vai comer o que tem em casa. Se ela encontra frutas, legumes, verduras, será isso que ela vai comer quanto estiver com fome. Os pais têm que entender que os filhos são espelhos deles e que essas escolhas erradas estão intoxicando e criando doenças nos filhos – explica a médica Carmen Assumpção.

Ambulatório infanto-juvenil do Iede – Criado em 2009, o serviço atende crianças obesas ou com sobrepeso, trabalhando em prol de um objetivo: modificação de estilo de vida (MEV). A partir desse referencial, a finalidade é que o paciente perca entre 30 e 40% do seu peso, ajudando a reduzir o risco cardiovascular e as comorbidades associadas à obesidade. Primeiramente, é feito o diagnóstico diferencial, que avalia se a obesidade tem causas exógenas, que estão relacionadas ao excesso de ingestão de calorias e/ou pela falta de atividade física, causas de origem genética, psiquiátrica (transtornos alimentares), endócrina (hipotireoidismo, por exemplo), causadas por medicamentos (corticoides, anticonvulsivantes, etc), entre outras. Após classificar e separar esses diagnósticos, a equipe monta o encaminhamento e tratamento necessários.

– Normalmente, a meta é a perda de meio quilo por mês ou pelo menos a manutenção do peso. As consultas acontecem, em média, a cada dois meses e são feitas por uma equipe multidisciplinar, além de consultas com o serviço social. Fazemos ainda reuniões com os pais a fim de trocar experiências, orientá-los sobre o que deve ser comprado no mercado, sobre a merenda escolar, stress, entre outros assuntos relacionados. É também um ótimo momento onde as crianças conseguem se colocar e contar sua história – detalha Carmen.


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