Saúde da Família não é utopia. O modelo já existe e funciona. Em Samambaia, por exemplo

Consulta com hora marcada e até 85% dos problemas de saúde resolvidos. Essa é a realidade da UBS 7 de Samambaia. O modelo que será replicado por todo o DF

sdfBRASÍLIA (23/3/17) – Um local onde todo paciente é recebido e tem atendimento no mesmo dia ou em até uma semana. Por lá, as consultas são com hora marcada e até 85% dos problemas de saúde são resolvidos sem a necessidade de encaminhamento para um especialista. Sim, esse lugar existe e faz parte da rede pública de Saúde do Distrito Federal.

A realidade acontece na Clínica de Família 4, agora chamada Unidade Básica de Saúde (UBS) 7. E é neste modelo que a Secretaria de Saúde pretende trabalhar, com a conversão do modelo de atenção básica para Estratégia Saúde da Família.

A unidade de Samambaia já nasceu na nova modalidade. Inaugurada em 2013, desde então trabalha somente com equipes de saúde da família, formada por médicos de família e a agentes comunitários, enfermeiros, técnicos de enfermagem e equipes de odontologia. Atualmente, sete equipes estão ligadas à UBS 7, responsáveis por cerca de 26 mil pessoas. A UBS 7 faz cerca de 1,3 mil consultas médicas mensalmente e mais 900 atendimentos de enfermagem.

ACESSO – Para ter acesso aos serviços oferecidos, é preciso ser morador de umas das quadras residenciais do território de responsabilidade da unidade. “Mas se chegar alguém de urgência, ele será estabilizado. Ou seja: será atendido e só será liberado quando estiver em condições para isso. E, aí, orientado a prosseguir seu tratamento em sua unidade de referência”, ressalta o gerente da unidade, Ricardo Aguiar.

Todos os que buscam atendimento na UBS 7 são acolhidos e passam por classificação de risco. “Aqueles que têm mais urgência são atendidos na hora e, caso necessário, encaminhados para a UPA ou para um hospital de referência. Se for possível esperar, agendamos consulta para o mesmo dia ou, no máximo, para até uma semana depois”, conta Ricardo Aguiar. Nesses casos, o paciente é atendido na hora marcada, entre 7h e 18h.

“Todas as vezes que precisei de atendimento aqui, consegui na hora marcada, tudo certinho”, frisa a auxiliar contábil Karen Gabrielle Nunes, mãe da pequena Maisa Nunes, de 8 meses. “Ela faz acompanhamento mensal aqui e, quando tem alguma urgência, também corro para cá e sempre ela é atendida pelo médico ou enfermeiro”, conta.

MÉDICO DE FAMÍLIA – O novo modelo de atenção básica da Secretaria de Saúde vai transformar centros de saúde e clínicas de família em Unidades Básicas de Saúde, todas feitas somente com equipes de Estratégia Saúde da Família. O funcionamento será muito próximo ao que ocorre na UBS 7, em Samambaia Sul.

O modelo traz atendimento mais humanizado e tem como figura chave o médico de família e comunidade, profissional com visão global de todos os perfis. “O médico de família tem formação para acompanhar desde o pré-natal até a saúde do idoso. É uma especialidade médica que existe há mais de cem anos no mundo e há pelo menos 30 anos no Brasil”, destaca o médico de família Rodrigo Lima.

Ele explica, ainda, que o médico de família avalia o paciente e consegue identificar o problema de saúde do paciente. Somente quando necessário ele é encaminhado para um profissional especialista. “Isso evita, por exemplo, que o paciente vá há vários médicos até descobrir qual, de fato, deve avaliá-lo”, exemplifica Lima.

Valquíria Oliveira, mãe da Yasmin Oliveira, de apenas 5 meses, não tem do que reclamar. Levou a filha para a consulta de acompanhamento de crescimento e desenvolvimento e foi só elogios. “Confio plenamente no trabalho tanto do médico quanto dos enfermeiros que cuidam da minha filha”, diz.

Para a gestante Jéssica Gomes, 21 anos, o atendimento tornou-se mais humanizado. “Comecei meu pré-natal em outro lugar, mas me mudei para Samambaia e vim buscar atendimento aqui. O que tenho a dizer é que aqui recebo mais atenção, eles mostram que realmente estão interessados em cuidar da minha vida”, comemora.

TERRITORIALIZAÇÃO – Trabalhar no modelo de Estratégia Saúde da Família exige conhecer a população que vai atender. Para isso, é preciso mapear, territorializar. A UBS 7 está nesta fase de cadastramento. Na verdade, uma atualização do primeiro processo, iniciado em 2013.

“O cadastramento é a base do trabalho de saúde da família. É por meio dele que posso saber quantas gestantes, quantas crianças, quantos diabéticos, enfim, traçar os perfis epidemiológico, sanitário e demográfico da população”, observa o gerente da UBS 7, Ricardo Aguiar.

A aposentada Euda Vaz foi uma entre os moradores que estão recebendo, deste a última segunda-feira (20), a visita dos agentes comunitários de saúde para fazer o cadastramento. Na ficha, perguntas sobre saúde de todos os moradores, hábitos de vida e um breve histórico sobre últimas internações, cirurgias recentes.

“Isso é importante. E eu já faço acompanhamento na clínica, adoro as doutoras e as enfermeiras. Uma delas já até veio me consultar em casa uma vez”, conta Euda, que é diabética e hipertensa.

Durante o cadastramento, os agentes comunitários de saúde ainda descobriram que um filho de Euda tem problemas mentais e que não faz acompanhamento algum. “Ele está até mesmo precisando de uma consulta. Anda um pouco agitado”, disse a senhora.

ATUALIZAÇÃO – Segundo Ricardo Aguiar, esse cadastramento vai permitir, ainda, redefinir o território das equipes de Estratégia Saúde da Família. “O Ministério da Saúde preconiza que cada equipe atenda até no máximo 4 mil pessoas. No DF, cada equipe atenderá 3.750 pessoas. Com o cadastramento, vamos saber se nossas equipes atendem mais ou menos essa quantidade”, diz.

Essa territorialização deverá ser feita em todas as regiões de saúde, tanto para definir equipes quanto para traçar o perfil da população que deverá ser atendida.

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Foto: Brito

SES/DF