Todos pela Saúde vai investir no enfrentamento de novas epidemias

Criado em abril para combater os efeitos da Covid-19 entre a população brasileira, o Movimento Todos pela Saúde já superou o investimento inicialmente previsto, de R$ 1 bilhão. A quantia, doada pelo Itaú Unibanco,foi acrescida de outros R$ 242 milhões, captados sobretudo com acionistas do banco. Os recursos restantes serão direcionados para um projeto de vigilância na área da saúde, com atenção especial para a genômica.

Os dados foram apresentados na tarde desta quarta (28) durante a Assembleia do Conass pelo diretor geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap, líder de um grupo de especialistas que coordenou o direcionamento e uso dos recursos do movimento. “Todo agradecimento será pouco, diante do impacto da iniciativa para toda população”, afirmou o presidente do Conass, Carlos Lula.

Os números impressionam. Ao longo dos seis meses, o Todos pela Saúde foi responsável pela doação de 105 mil oxímetros para distribuição na atenção primária – essenciais para identificar pacientes com queda de oxigenação, muitas vezes silenciosa. Os recursos também foram usados para compra de 1.500 respiradores, mil monitores, 120 milhões de itens de proteção individual, um programa para diagnóstico a partir de inteligência artificial, capacitação e equipamentos para instituições de longa permanência para idosos, por exemplo. Nos Estados Unidos, instituições de longa permanência foram responsáveis por altas taxas de mortalidade entre pessoas idosas. No Brasil, foram apoiadas 620 instituições. Ali a taxa de mortalidade foi de 3%. “É um porcentual alto, mas bem menor do que o identificado em outros países. Significa que conseguimos chegar e proteger nossos idosos institucionalizados”, disse Chapchap, que foi homenageado pelos secretários e representantes das secretarias.

A ideia, agora, é direcionar os recursos restantes para ampliar a capacidade de enfrentamento e detecção de novas pandemias, afirmou Chapchap. Para isso, a estratégia será investir na ampliação da capacidade de ciência de dados, formação de epidemiologistas e profissionais com conhecimento de genoma. “As instituições já existem. A ideia é organizar e fomentar essa rede”, completou Chapchap.

Os recursos investidos de abril até outubro seguiram uma lógica clara, afirmou o líder do grupo de especialistas. Uma parte dos recursos foi usada para informar a população e fazer campanhas de prevenção, 34% da quantia foi usada para ações de proteção, 34% para ações de cuidado e outros 22%, para organização de ações  da retomada das atividades.

“Todas as ações foram importantíssimas para ampliar a capacidade de resposta”, afirmou o secretário do Espírito Santo, Nésio Júnior. Arita Berbmann, secretária do Rio Grande do Sul, emendou: “As ações chegaram no momento certo, deram um rumo, foi muito marcante”, completou. O secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, complementou. “As ações deixam um legado, e mostram o quanto é necessário a união de esforços.” Ao fim da reunião, Chapchap resumiu. “Numa sociedade tão desigual, a palavra de ordem é equidade.”

Ascom Conass