Debate discute importância de grupos multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde

Quais os benefícios de ter na Atenção Primária à Saúde do SUS uma equipe com profissionais de diversas formações? Qual a melhor forma deste grupo atuar? Há hierarquia? As funções devem ser distribuídas ou compartilhadas? Estas foram algumas das questões abordadas na última edição do Debate Virtual Conass, realizado na última sexta-feira. Durante o evento, mediado pela assessora técnica do Conass, Luciana Toledo, participantes foram unânimes em apontar a necessidade da colaboração, da integração da equipe e, sobretudo, da clareza, por parte de cada profissional, do seu papel e dos colegas na preparação do plano de cuidado do paciente.

A especialista em Saúde da Família, Zelia Lins, observou que o enfrentamento da pandemia de Covid-19 exigiu como nunca trabalho integrado. “Os processos foram reestruturados. A equipe precisou adequar espaços, redistribuir competências”, ressaltou. A experiência, afirmou a médica, mostra o quanto profissionais conseguiram trabalhar de forma conjunta. E mais: como tal forma de atuação  trouxe benefícios para toda a sociedade.

Durante sua participação, Zélia destacou ainda a necessidade da mudança na Estratégia de Saúde da Família. “É preciso sair da atenção prescritiva, centrada na doença, para alcançarmos a atenção colaborativa, centrada na pessoa”, defendeu. E neste novo formato, completou, é essencial facilitar a integração entre atenção primária à saúde com a atenção ambulatorial especializada.

Marcela Alvarenga, assessora técnica do Conasems, observou a importância do entrosamento. “Não basta que profissionais tenham domínio dos saberes. É preciso que eles entendam a complexidade da atenção básica”, completou.

Durante o evento, foram apresentadas três experiências que deixam claros os benefícios da integração. O psicólogo da Equipe Multidisciplinar da Atenção Primária à Saúde (APS), do Núcleo de Saúde da Família (NASF), da Secretaria Municipal de Saúde de Senador Canedo/Goiás, Jhone Jorge Rodrigues Gonçalves, contou sobre a organização de grupos terapêuticos voltados para atender profissionais de saúde, nos primeiros meses de Covid-19. Ele lembra que profissionais sentiam-se exaustos, cobrados pela população em trazer respostas para questões que a própria ciência ainda não sabia. Os grupos atuavam nos espaços externos das Unidades Básicas de Saúde. Além disso, materiais de divulgação e cartilhas foram preparadas para distribuição na rede, com bons resultados.

A psicóloga e apoiadora da Equipe Multidisciplinar/NASF, da Secretaria Municipal de Saúde de Mairi/Bahia, Marta F. Menezes de Almeida, trouxe também a experiência adotada na cidade. Integrantes da equipe prepararam um material informativo voltado para reduzir a ansiedade, com dicas sobre alimentação saudável e cuidados para idosos.  Para Marta, grupos multiprofissionais são valiosos. “O saber  de cada profissional é único, isso amplia o olhar.”

O educador físico da Secretaria Municipal de Uberlândia/Minas Gerais, Diego Camilo Pinto, por sua vez, relatou as alterações que foram feitas na forma do atendimento  a partir de março, quando casos de Covid-19 surgiram na região. “Foi necessário nos reorganizarmos. Graças à estratificação de risco, sabíamos quais pacientes necessitavam de atenção contínua”, contou. Para esse grupo, a telemedicina foi essencial para integrar a atenção primária com a especializada, organizar visitas domiciliares para garantir o manejo correto de pacientes com doenças crônicas.

Jhone Rodrigues
Marcela Alvarenga
Zelia Lins
Marta Menezes
Diego Camilo
Luciana Toledo