Estados e municípios apresentam experiências exitosas no enfrentamento da Covid-19

Guia Orientador para o Enfrentamento da Pandemia na Rede de Atenção à Saúde foi tema do segundo dia do Seminário Nacional Conass-Conasems

 

Os estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentaram na tarde desta quinta-feira (10) suas experiências Exitosas com a implantação do Guia Orientador para o Enfrentamento da Pandemia na Rede de Atenção à Saúde, durante o I Seminário Nacional Conass-Conasems: o protagonismo do SUS no enfrentamento da pandemia.

As experiências apresentadas têm em comum a interação entre os entes gestores do SUS, a interlocução constante e variada entre os atores envolvidos, a capacitação dos profissionais de saúde e o reforço da comunicação entre as equipes. Elas também demonstram os resultados positivos de esforço conjunto para a compreensão das diversas normativas, protocolos e orientações do Ministério da Saúde no intuito de facilitar a execução das ações e dos serviços de saúde. Como não poderia deixar de ser, as experiências exaltam o trabalho em Redes de Atenção à Saúde (RAS) e a integração dos pontos de atenção.

Bahia: Silvia Alves Ferreira Carneiro, secretária de Saúde de Mairi, apresentou “A educação permanente como dispositivo para o implantação do Guia Orientador para o Enfrentamento da Pandemia na Bahia. Ela explicou que se buscava no início da pandemia algo que consolidasse o processo de trabalho das equipes, ressaltando que o guia trouxe, além de estratégias para mitigação da pandemia, orientações para o trabalho em rede para os cuidados de usuários com condições agudas e crônicas na Atenção Primária à Saúde (APS), e que a utilização dos instrumentos de gestão do guia foram voltadas para o planejamento de ações, através de um roteiro para as definições operacionais da RAS.

“No município, o guia auxiliou o processo de educação permanente a partir da determinação da agenda, formulação de ações, implementação e avaliação a partir da sensibilização dos atores com formação de grupos de WhatsApp e de reuniões ampliadas para as pactuações com as equipes e formalização através de protocolos”.

Por meio do check list, um dos instrumentos do guia, foi elaborada uma lista de todos os pontos da rede de atenção, permitindo a avaliação do que deveria ser melhorado, onde era necessário avançar, além da discussão a respeito da formulação de ações. Sempre com a participação dos municípios nesta construção, foram definidas as linhas de cuidado para saúde do saúde do idoso, gestantes, saúde do trabalhador, doenças crônicas não transmissíveis.

A secretária municipal de saúde de Mairi, na Bahia, falou da sensibilização dos gestores, equipes técnicas e profissionais nas pactuações das ações entre a Secretaria Estadual de Saúde (SES), Cosems e municípios, e destacou como potencialidades do processo a organização assistencial e gerencial. “Tivemos que repensar cada ponto da rede de atenção à saúde, como estava sendo o processo de trabalho e como poderíamos sistematizar todas as normas e protocolos e fluxos assistenciais”, explicou.

Também foram apresentadas as ações dos municípios de Catu (Saúde do Idoso, Saúde Bucal, Saúde do Trabalhador e Monitoramento), de Coribe (RAS, Saúde Bucal, Gestante e Puérperas) e de São Francisco do Conde (RAS, e Integração da APS com a Vigilância). Em Mairi, destaque para a importância do debate tripartite, com a formação do comitê de governança e estratégia para implementação na Rede de Urgência e Emergência em nível regional, pactuado na CIR, além das ações de Saúde Bucal, dos cuidados pós-covid e das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) e o trabalho da Equipe Multiprofisional.

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Goiás: Ticiane da Silva e Lucélia Borges apresentaram “O caminho do enfrentamento à Covid no estado de Goiás”, destacando a criação do comitê estadual entre a SES, Cosems, Ministério da Saúde e Conass, a criação dos núcleos macrorregionais, e a realização de oficinas locorregionais. O primeiro passo para a implementação do guia foi a realização de um diagnóstico situacional dos municípios no enfrentamento da Covid-19.

As apresentadoras também deram ênfase à atuação conjunta, apoio mútuo e planejamento. “Isso não seria possível sem a adesão do estado e do Cosems, além da disposição de fazer um trabalho conjunto, integrado e colaborativo”.

Segundo as palestrantes, o guia fortaleceu o enfrentamento de desafios como o afastamento de profissionais, a falta de IPIs e de capacitação diante do desconhecido e o medo diante dos casos confirmados. Fazer entender a necessidade de retomar as atividades desenvolvidas pela APS, em especial as doença crônicas, usando a conectividade e a articulação entre os atores, e considerando a sobrecarga de agenda e das portarias sobrepostas buscando um processo centralizado frente ao déficit de profissionais para o trabalho o macrorregional foram grandes desafios.

Como resultados, elas apontam a melhor articulação, no aspecto da governança, e o fortalecimento da APS e das RAS, no aspecto da constituição das redes de atenção. Além disso, a implantação do guia motivou a construção de outros processos, como o guia de saúde mental, o questionário para os gestores municipais e a pesquisa com os profissionais de saúde.

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Mato Grosso: Elaine Alves da Silva, de Sinop, no Mato Grosso, apresentou “A colaboração do Guia Orientador na organização da Macrorregião Norte de Mato Grosso”, macrorregião com 35 municípios e 782 mil habitantes. O guia, segundo Elaine, foi o alicerce das ações, começando com a identificação de todos os envolvidos no processo.

Por meio do instrumento foi possível construir o Plano de Cuidado Integrado (PCI), promover ações para a Campanha Nacional de Vacinação, atualizar os guias dos ACS e ACE, além de estabelecer a abordagem para a saúde materno infantil, indígena e do idoso.

“É imensurável a importância do guia para a organização da macrorregião como Rede de Atenção à Saúde, em sua totalidade e não apenas para o enfrentamento da Covid”, enfatizou.

O compartilhamento de ações entre a SES, as SMS, e o Cosems trouxe o reconhecimento da importância da integração entre os atores da macrorregião norte de Mato Grosso, permitindo a identificação do time da macrorregião a partir da implementação do guia.

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Mato Grosso do Sul: Carla Viviane da Silva, de Chapadão do Sul, e Tatiane do Santos Peres, de Potaporã, no Mato Grosso do Sul, apresentaram “O plano de cuidado integrado no fortalecimento da integração da Atenção Hospitalar com a Atenção Primária à Saúde a nível regional. Na microrregião de Potaporã, a estruturação do PCI foi na maternidade do Hospital Regional Dr. José de Simone Neto, abrangendo a APS dos oito municípios da microrregião, todos fronteiriços e com mais de 26 mil indígenas.

“O Conass nos apoiou com as oficinas temáticas e iniciamos a construção do plano de cuidado integrado na linha materno-infantil, como um projeto piloto no estado, considerando que essa área está melhor estruturada nos encaminhamentos para a rede de saúde, facilitando também o diagnóstico multidisciplinar”. Porém, explicou Tatiane, foi necessária a adequação do instrumento, o que foi feito por meio de reunião ampliada, avaliando a possibilidade de atender todas as pacientes – gestantes e puérperas, além dos casos de Covid-19.

Após discussão com a gerencia de enfermagem, toda equipa da maternidade, coordenadores da APS dos municípios da microrregião, Conass e Cosems, foi iniciada a adequação do PCI. Em seguida, foram realizadas a avaliação e o alinhamento com áreas técnicas das SES (Saúde da Criança, Saúde da Mulher e Rede Cegonha) e a readequação final e validação do Plano de Cuidado Integrado, que inserido no sistema de prontuário eletrônico do hospital e está em fase de teste e treinamento da equipe.

As apresentadoras destacaram a construção coletiva, a integração entre Conass, Conasems, Cosems, SES, Hospital Regional e municípios da microrregião, além da interação entre os setores e Redes de Atenção à Saúde na SES, a participação e o comprometimento dos municípios. Também foi validade pelas áreas técnicas a referência da macrorregião para o atendimento de mulheres indígenas.

Os próximos passos serão a implantação do PCI na maternidade do hospital, além da unificação da APS da microrregião e saúde indígena com o hospital para atendimento das gestantes, o acompanhamento e monitoramento do PCI na APS, a avaliação e efetividade do instrumento, e o apoio da construção e implementação do Plano de Cuidado Integrado na Atenção Primária à Saúde para a Atenção Hospitalar.

“O guia elaborado pelo Conass e pelo Conasems, somado ao apoio de toda equipe técnica da SES e Cosems, proporcionou a realização de ações sistemáticas, com emponderamento de informações em todas as oficinas realizadas com as equipes da Rede de Atenção à Saúde. O esforço, a dedicação e o apoio de cada um nessa caminhada foram fundamentais para o êxito das ações e organizações propostas”, destacou Carla. E finalizou relatando que o PCI hospitalar para APS sugerido no guia e adaptado para a realidade do município, foi implantando nos serviços trazendo benefícios como fortalecimento da comunicação entre as equipes do hospital e da APS, a garantia da continuidade do cuidado ao paciente e familiares, o acesso as informações importantes sobre internação, e o direcionamento coordenado da assistência ao paciente em pós alta.

Após as apresentações, Cristiane Panteleão, vice-presidente do Conasems e mediadora do painel, exaltou as experiências. “Para nós, gestores do SUS, participar de momento como este, no qual enxergamos de fato o resultado do nosso trabalho, é o que nos motiva a continuar”. Segundo ela, as apresentações mostram que o SUS motivo de orgulho e que o Conass e o Conasems começaram a discutir a elaboração do guia a partir da angústia que os diversos documentos, normativas e notas técnicas traziam às equipes técnicas dos conselhos.

“Os gestores municipais e os trabalhadores se perdem em meio a tanta documentação. Trabalhamos assim há muito tempo e estamos tentando de todas as formas, com muitas discussões, buscando estratégias para não nos perdemos com tanta orientação”, alertou. Para ela, quem de fato deve compreender e falar do que necessitam são os municípios e para tanto o planejamento desses documentos deve ser ascendente, ou então, ficará cada dia mais difícil atender às necessidade de saúde da população. “Esse guia mostrar isso claramente e o resultado conjunto é impressionante”.

Já o coordenador técnico do Conasems, Nilo Bretas, disse ter certeza da potência dessa iniciativa, que, segundo ele, vai alimentar os trabalhadores do SUS nos próximos anos. “O trabalho conjunto entre o Conass e Conasems, em projetos para regionalização, rede de atenção, urgência e emergência se mostram estruturantes. Precisamos usar o que temos ao nosso favor – p planejamento conjunto, unicidade de comunicação e metodologia em comum nesse processo para promover a regionalização e aprimorar a governança do processo e sua sustentabilidade”, finalizou.

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