Estudo analisa uso de Sala de Situação em Saúde no Brasil

O método é um forte aliado no direcionamento de recursos públicos na Saúde

 

Sala de Situação em Saúde (SSS ou SDSS) é uma importante ferramenta na análise de dados dos indicadores de saúde, pois identifica empecilhos para uma melhor qualidade do serviço prestado. O espaço físico de uma SSS conta com computadores e demais tecnologias que auxiliem na coleta, armazenamento e interpretação de informações sobre a saúde da população. O conhecimento produzido nesses locais é de suma importância para que gestores tomem decisões rápidas e bem direcionadas, fazendo com que o dinheiro público possa ser usado em benefício dos indivíduos. O tema foi desenvolvido na dissertação de mestrado do médico e ex-secretário de Estado da Saúde, Leonardo Moura Vilela, no âmbito do curso de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva do IPTSP/UFG.

“Sala de Situação foi uma estratégia utilizada na Segunda Guerra Mundial pelos aliados de [Winston] Churchill com seu map room, que era uma sala de mapas onde ele acompanhava os avanços e recuos das tropas aliadas e nazistas. Na América Latina, o grande mentor da SSS foi o economista Carlos Matus, que foi ministro da economia do Chile na década de 1990. Ele inspirou o planejamento estratégico situacional, que se tornou bastante difundido na América Latina como Sala de Situações de Saúde”, explica Leonardo.

SSS de Goiás
Centro de Informações e Decisões Estratégicas em Saúde – Conecta SUS – Zilda Arms Neumann da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás. A sala inspirou a pesquisa de Leonardo (Foto: Sebastião Nogueira)

 

Metodologia

O pesquisador fez uma revisão de todos os estudos que foram publicados nos últimos 25 anos sobre SSS no Sistema Único de Saúde (SUS), motivado pela relevância da ação, sobretudo em contextos de epidemia como a que o mundo enfrenta atualmente. Foram identificados 2.597 trabalhos sobre o tema, porém, após uma análise detalhada, foram selecionados 47, que serviram para a extração dos dados que geraram os resultados. A pesquisa de Leonardo abrange estudos de Salas de Situação em Saúde em nível municipal, estadual e federal, contando com dados de todo o Brasil, sobretudo provenientes de São Paulo, Ceará e Pernambuco.

Leonardo constatou que, de um modo geral, as SSS no Brasil têm sido empregadas com êxito, pois existem experiências significativas em diversas regiões. No entanto, ainda há locais que precisam de mais atenção, sendo necessária essa coerência e harmonia de setores, pois a utilização correta de SSS pode ser um fator primordial para a prevenção de danos à saúde populacional. As Salas de Situação em Saúde também têm sido usadas como forma de elaboração de instrumentos de logística, para criação de planos de saúde e relatórios anuais de gestão.

“O estudo de Leonardo Vilela apontou a necessidade de mais pesquisas sobre o tema, uma vez que ficou evidente a ausência de análises de custo-efetividade, assim como a definição dessa estratégia como uma ferramenta das secretarias de saúde para a destinação de recursos humanos e financeiros para o seu funcionamento. Por outro lado, ficou também evidenciada a carência de estudos que sistematizem as experiências de implantação de SSS no âmbito do SUS, que respondam de forma mais assertiva ao impacto dessa ferramenta”, constata a orientadora de Leonardo, professora Edsaura Maria Pereira.

Por Eduardo Alves

Fonte: Secom UFG

Leonardo Moura Vilela tem vasta participação na gestão, destacando-se as de Secretário Municipal de Saúde da cidade de Mineiros-Goiás, 1997-1998; Secretário de Estado de Agricultura de Goiás de 1999 a 2001; Exerceu três mandatos de Deputado Federal por Goiás (2003-2007, 2007-2011, 2011-2015); foi Secretário de Estado de Infraestrutura de Goiás em 2005; Secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás de 2011 a 2013; Secretário de Estado de Gestão e Planejamento de Goiás em 2014; Secretário de Estado de Saúde de Goiás de 2015 a 2018; Presidente do CONASS de entre 2018 e 2019. Atualmente é assessor técnico do CONASS.