Escrita por Roger Flores Ceccon, Carlos Alberto Severo Garcia-Jr., João Matheus Acosta Dallmann e Virgínia de Menezes Portes, a obra se propõe a ampliar a reflexão de temas em saúde, fornecendo um panorama de conceitos e conteúdos para reafirmar a importância das narrativas no âmbito do trabalho e da educação em saúde coletiva. “A partir de temas que envolvem memória, discurso, ferramentas metodológicas de produção de pesquisa e a estética das narrativas, esse livro vai abordar a importância das narrativas em dois âmbitos: na pesquisa científica e na produção do cuidado nos serviços de saúde”, resume Ceccon.
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina com formações diversas (enfermagem, psicologia, sociologia e saúde), os quatro autores apostam na potência das narrativas como prática social e individual, destacando também dois componentes fundamentais no ato de narrar experiências e acontecimentos: memória e discurso. “Nesse sentido, longe de trazer padronizações de um formato de texto, nós procuramos trazer a potência do cuidado em saúde e, também, da produção científica na interlocução entre narrativas e saúde coletiva”, enfatiza Virgínia de Menezes Portes.
Em seis capítulos, eles apresentam aos leitores conceitos e informações essenciais para o entendimento da produção narrativa no campo da saúde coletiva. Logo no início, para fins de contextualização, é apresentada uma perspectiva histórica, conceitual e política da saúde coletiva. Em seguida, no segundo capítulo, é abordada a dimensão teórica da narrativa como ferramenta social.
No terceiro, os pesquisadores argumentam que a memória é o elemento primordial da chamada construção narrativa. “Uma das ferramentas importantes que o leitor vai encontrar no nosso livro é a memória, como um registro tanto sociocultural e político da produção do serviço em saúde, quanto uma ferramenta metodológica, que vai auxiliar o leitor e a leitora na construção de seus objetos de pesquisa no campo da saúde coletiva”, afirma João Matheus Acosta Dallmann.
O quarto capítulo engloba as práticas discursivas presentes no ato de narrar, tendo em vista a polifonia dos sujeitos, as formas de sentir e pensar, as noções e ideias de tempo e a reconstrução desses elementos. O penúltimo capítulo apresenta as metodologias e técnicas de pesquisa para a constituição do que os autores chamam de narrativas-rede, destacando-se a produção, a análise e o compartilhamento dos resultados de investigações acadêmicas. Por fim, o sexto capítulo aborda narrativas de pesquisa e de atenção à saúde.
Narrativa e saúde coletiva: interfaces
Os quatro autores afirmam que o livro apresenta uma forma – entre outras – de pensar a narrativa na interface com a saúde coletiva. E são muitos os destaques que eles dão à importância da narrativa, do discurso e da memória nesse processo. “A gente refere a importância do discurso para fundamentar e solidificar um caminho, tanto na pesquisa quanto também no cuidado”, ressalta Carlos Alberto Severo Garcia-Jr.
Na obra, os pesquisadores defendem que, no âmbito da pesquisa científica em saúde coletiva, “o modo de narrar pode auxiliar na compreensão dos problemas relacionados a necessidades da população”. Além disso, eles dizem ainda que a narrativa, como forma de produzir cuidado ou como estratégia metodológica, desloca a centralidade do profissional e do pesquisador e coloca luz sobre os indivíduos, o contexto e o tempo, ressignificando a experiência existencial e constituindo oferta terapêutica no cuidado.
“A narrativa possibilita a construção de redes, conexões, pontes e interfaces entre os sujeitos envolvidos com o campo da saúde coletiva, produzindo cogestão nos processos de cuidado e de pesquisa, conforme o conceito de narrativas-rede apresentado no livro. Portanto, apostamos em um quadrilátero: memória-narrativa-discurso-redes, constituído sob a égide da saúde coletiva brasileira”, complementam.
Sobre os autores
O enfermeiro Roger Flores Ceccon é doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O psicológo Carlos Alberto Severo Garcia-Jr. é doutor em Ciências Humanas pela UFSC, na qual é professor adjunto.
O sociólogo João Matheus Acosta Dallmann é doutor em Sociologia Política pela UFSC, na qual é professor adjunto.
A sanitarista Virgínia de Menezes Portes é doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFSC.
Livro integra lista de propostas aprovadas em edital para Temas em Saúde
A obra é a 14ª publicação oriunda de chamada pública da Editora Fiocruz para novos títulos da coleção Temas em Saúde. Em abril de 2019, foram lançados dois editais para encerrar o ciclo de comemorações dos 25 anos da Editora. A chamada para compor a coleção recebeu 122 propostas de publicação e Narrativas em Saúde Coletiva foi uma das aprovadas.
➡️ Clique aqui para mais informações sobre o resultado do edital.
Sobre a coleção
Temas em Saúde apresenta para estudantes, profissionais e público em geral panoramas sobre conceitos e conteúdos fundamentais das áreas da saúde. Em linguagem acessível, a coleção – que já conta com 40 publicações – combina informação atualizada com reflexões baseadas em recentes produções científicas apresentadas por especialistas sintonizados com o contexto sociopolítico de produção e aplicação do conhecimento em saúde.
➡️ Clique aqui para acessar o catálogo completo da coleção.
—
Fonte: Fiocruz