Melhoria na assistência reduz casos graves e mortes por dengue

Queda é reflexo da organização da rede, diagnóstico e tratamento oportuno e capacitação dos profissionais de saúde

O número de casos graves de dengue caiu este ano 64% em comparação a 2011. A queda foi muito maior se forem considerados os números de 2010 – percentual de redução de 78%. Enquanto de janeiro ao início de novembro em 2010, os casos graves da doença chegaram a 17.027, no mesmo período de 2012, o número caiu para 3.774. A tendência de queda já havia sido percebida em 2011 quando foram registrados 10.507 casos graves. Os dados constam no balanço epidemiológico divulgado nesta terça-feira (27) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, atribui a tendência de queda a diversos fatores, como a organização da rede pública e uma maior conscientização da população na adoção hábitos de prevenção. “Os dados mostram que nós estamos no caminho certo. Conseguimos um cenário de redução de casos e óbitos com uma estratégia de enfrentamento da dengue: não apenas ir atrás do mosquito, mas ainda uma melhoria da assistência básica, capacitação dos profissionais, aprimoramento das ações e informatização dos dados de vigilância epidemiológica”, destacou.

Dos 26 estados, 23 mais o Distrito Federal apresentaram reduções importantes de casos graves em 2012, com exceção de Alagoas, Mato Grosso e Goiás, onde houve aumento (conforme tabela abaixo).  O estado que apresenta maior redução é o Amazonas com queda de 96% em relação ao mesmo período do ano passado, seguido pelo Acre (94%), Roraima (94%) Paraná, (93%), São Paulo (83%), Espírito Santo (78%) e Rio de Janeiro (76%). Em números absolutos, o estado do Rio de Janeiro foi o que apresentou a maior redução de casos graves, registrando 891 casos graves de janeiro ao início de novembro de 2012, contra 3.783 no mesmo período do ano passado.

O presidente do CONASS, Wilson Alecrim, comentou a redução de casos de risco do Amazonas e destacou a importância da população no combate a dengue. “Para continuar com os resultados positivos é preciso da participação da população e as intervenções das mídias. Portanto, para continuar com esses resultados é necessário que as ações sejam constantes”, destacou.

A quantidade de óbitos por dengue, no Brasil, também apresentou queda de 62% em comparação com 2010. De janeiro até a primeira semana de novembro, foram confirmados 247 óbitos, sendo que no mesmo período de 2010 foram 650 óbitos. Se a comparação for feita com o ano passado, quando ocorreram 481 mortes, o percentual de queda é de 49%. Seguindo a mesma tendência de redução de casos, 15 estados e o Distrito Federal apresentaram redução no número de óbitos. Destaque também para os estados do Amapá, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal que não apresentaram nenhuma morte.

Para o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, adiminuição nos casos e óbitos em todo o país só foi possível graças a uma ação conjunta do Ministério da Saúde com os estados e municípios. “Com intervenções relativamente simples que nos renderam resultados extremamente positivos. Porém, essas ações devem ser continuadas e permanentes”, alerta o secretário.

 

ara garantir a assistência e atendimento aos pacientes com suspeita de dengue, o Ministério da Saúde tem investido na ampliação dos serviços, capacitação de profissionais, habilitações de leitos de enfermaria e de UTI para garantir o tratamento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Todas as unidades de saúde estão aptas a realizar o diagnóstico, classificação de risco e acompanhamento, desde a atenção básica às unidades de média e alta complexidade.

No período de janeiro a setembro, desse ano, foram registradas 44.569 internações pela doença, 38% a menos se comparado ao mesmo período de 2011, quando houve 72.091 internações, representando uma economia de R$ 11,7 milhões aos cofres públicos. Durante todo o ano de 2011, houve 80.435 internações, o que representa uma queda de 15,2% em relação ao ano de 2010, que registrou 94.887 internações em todo o país, gerando economia de R$ 5,3 milhões.

Essa diminuição nos índices de internações pode estar relacionada à detecção precoce da doença e a correta classificação de risco. Para isso, o Ministério da Saúde tem priorizado a ampliação da assistência pela rede de atenção, intensificando a capacitação dos profissionais. Neste sentido, a Universidade Aberta do SUS tem investido na capacitação dos profissionais de saúde e promove o Curso de Atualização no Manejo Clínico da Dengue. O curso, realizado por meio de ensino à distância, já formou 1.562 profissionais de saúde desde maio deste ano, e outros 645 estão matriculados.

Tendência de queda de casos notificados ocorre em todas as regiões

A mesma tendência de queda é verificada em todas as regiões também no número de casos notificados na comparação entre 2012 e 2011. De janeiro ao início de novembro deste ano, foram notificados 565.510, contra 727.803 em 2011 – diminuição de 22%. A queda foi observada em 16 estados e no Distrito Federal, com exceção dos estados de Roraima, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, Sergipe, Bahia e Mato Grosso. A maior redução em termos percentuais foi percebida no estado do Amazonas, onde houve queda de 93% no número de casos notificados, onde foram registrados 4.125 casos em 2012, contra 61.130 do ano passado.

Dos casos notificados, 76% estão concentrados em oito estados: Rio de Janeiro (179.518); Ceará (54.591); Bahia (48.653); Pernambuco (33.487); Mato Grosso (29.910); São Paulo (28.767); Rio Grande do Norte (27.230) e Alagoas (27.743).

Tabela 2 – Casos notificados de dengue de janeiro a 17 de novembro de 2011 e no mesmo período de 2012, por região e Unidade Federada.

UF

Semanas 1 a 46

 

Casos

Incidência

2011

2012

%

2011

2012

Norte

112.907

38.391

-66

711,7

242,0

RO

2.910

2.523

-13

186,3

161,5

AC

18.205

1.884

-90

2481,7

256,8

AM

61.130

4.125

-93

1754,6

118,4

RR

1.236

1.930

56

274,4

428,4

PA

16.953

15.544

-8

223,6

205,0

AP

2.745

1.036

-62

410,0

154,7

TO

9.728

11.349

17

703,2

820,3

Nordeste

186.954

222.432

19

352,2

419,0

MA

11.427

5.463

-52

173,8

83,1

PI

10.032

12.048

20

321,7

386,4

CE

62.034

54.591

-12

733,9

645,9

RN

22.866

27.230

19

721,8

859,5

PB

12.370

8.773

-29

328,4

232,9

PE

19.159

33.487

75

217,8

380,7

AL

8.181

27.743

239

262,2

889,1

SE

3.320

4.444

34

160,5

214,9

BA

37.565

48.653

30

268,0

347,1

Sudeste

347.401

241.902

-30

432,3

301,0

MG

36.980

23.771

-36

188,7

121,3

ES

37.985

9.846

-74

1080,7

280,1

RJ

161.302

179.518

11

1008,8

1122,7

SP

111.134

28.767

-74

269,3

69,7

Sul

33.698

4.344

-87

123,0

15,9

PR

33.180

4.057

-88

317,7

38,8

SC

155

106

-32

2,5

1,7

RS

363

181

-50

3,4

1,7

Centro-Oeste

46.843

58.441

25

333,2

415,7

MS

7.611

6.088

-20

310,8

248,6

MT

5.170

29.910

479

170,3

985,5

GO

30.925

21.045

-32

515,1

350,5

DF

3.137

1.398

-55

122,1

54,4

Total

727.803

565.510

-22

381,5

296,5

O Ministério da Saúde também analisou e classificou os dez municípios, com população acima de 100.000 habitantes, onde houve o maior registro de incidência da doença, sendo três deles no estado do Rio de Janeiro e cinco na Região Nordeste. Confira na tabela abaixo:

Tabela 3. Casos notificados de dengue nos municípios com população acima de 100.000 habitantes com maior registro de casos em 2012.

UF

Município

Semanas 1 a 46

2011

2012

Casos

Incidência

Casos

Incidência

RJ

Rio de Janeiro

73.112

1156.75

134.720

2131.5

CE

Fortaleza

33.936

1383.91

39.187

1598.0

AL

Maceió

2.462

263.95

13.729

1471.9

RN

Natal

9.578

1191.68

12.057

1500.1

RJ

São Gonçalo

5.695

569.65

9.919

992.2

PE

Recife

4.039

262.66

9.602

624.4

MT

Cuiabá

965

175.10

8.751

1587.9

GO

Goiânia

12.346

948.23

8.693

667.7

PI

Teresina

5.348

656.82

7.039

864.5

RJ

Niterói

5.258

1078.43

6.461

1325.2

 

CIRCULAÇÃO VIRAL – A dengue possui quatro sorotipos de vírus (DENV 1, DENV 2, DENV 3 E DENV 4). As atividades de vigilância epidemiológica em 2012, destacam o predomínio da circulação do sorotipo DENV 4 no país, presente em 63% das amostras positivas para a doença. Foi constatada, porém, uma circulação importante do tipo DENV 1 em 32,9%. Esse cenário, associado às condições ambientais, permite a manutenção do mosquito Aedes aegypti em nossas cidades e alerta para a possibilidade de persistência da transmissão no verão de 2012.

Por Valéria Amaral, da Agência Saúde – ASCOM/MS com informações do CONASS.
(61) 3315-3580/6256