Mês das festas juninas também serve de alerta para cuidados com queimaduras

Junho laranja conscientiza sobre como evitar acidentes; casos aumentaram quase 50% de 2020 para 2021 e este ano Hran fez mais de 1 mil atendimentos

Chefe da Unidade de Queimados do Hran, Ricardo de Lauro. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF 

Fogueira, quentão, canjica, fogos de artifício. Os itens tradicionais do cenário junino fazem parte, também, da lista de risco de queimaduras. Só em 2022, o pronto-socorro da Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no Distrito Federal desse tipo de acidente, atendeu mais de 1 mil casos.

Para alertar sobre os riscos e informar sobre a prevenção a esses acidentes, a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) promove a campanha Junho Laranja. “A prevenção a queimaduras tem que durar o ano inteiro”, reforça Ricardo de Lauro, chefe da unidade especializada. O médico defende que a campanha é importante para conscientizar a população. Ele atua na Unidade de Queimados desde 2008 e acompanha o crescimento das ocorrências. “Queimadura é o pior trauma que uma pessoa pode sofrer”, alerta.

Aumento de casos

Em 2021, foram 3.127 casos de queimaduras atendidos no Hran, 2.084 casos em 2020. A principal causa dos acidentes é a escaldadura, ou seja, provocada por líquidos quentes. Esse é o motivo de 49% dos atendimentos, seguido por combustíveis, responsáveis por 19% das ocorrências e por chamas, que causam 11% dos acidentes desse tipo. O percentual de notificações por causas diversas é de 22%, como queimaduras por eletricidade, reação química ou contato com superfícies aquecidas.

Crianças são as vítimas mais frequentes de queimaduras. Cerca de 49% dos pacientes atendidos na Unidade de Queimados é menor de 14 anos. A faixa etária de 14 a 50 anos é a segunda maior vítima de queimaduras, representando 41% dos atendimentos no Hran, informa o médico.

Outro dado que chama a atenção é o aumento de internações por queimaduras causadas por álcool, principalmente em gel. Em 2020, 16,4% dos pacientes internados foram vítimas do inflamável. Já em 2021, o número saltou para 29%. “Às vezes as pessoas usam o álcool para desinfetar as mãos e vão cozinhar, por exemplo. Um resquício do produto na pele e estar à beira do fogão pode ser suficiente para causar um acidente”, adverte Ricardo.

Por isso, antes de vestir a roupa xadrez e colocar o chapéu de palha, fique atento a cuidados básicos. Festas juninas podem ser ambientes propícios a queimaduras por líquidos quentes. Preste atenção ao manipular bebidas e alimentos com altas temperaturas, evite brincadeiras perto de fogueiras tanto para prevenir queimaduras por chamas quanto das vias aéreas por inalação de fumaça.

“Não solte fogos de artifício, deixe isso para quem entende. Tenha cuidado com produtos inflamáveis”, orienta o médico. Ricardo também alerta para cuidados na cozinha. “Em hipótese alguma apague óleo em combustão com água. Preste atenção ao manipular gás de cozinha e, se suspeitar de vazamento, abra portas e janelas e não acenda as luzes”, completa.

Em caso de queimadura, o ideal é buscar um serviço de saúde o mais breve possível. “Muitas vezes, as pessoas não procuram imediatamente, apenas quando a queimadura já está mais grave”, destaca Ricardo.

“Não solte fogos de artifício, deixe isso para quem entende”, alerta o especialista do Hran. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

Referência

A Unidade de Queimados do Hran é referência no DF. Ali são tratados casos por acidentes térmicos, elétricos e químicos. A equipe é composta por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. “Queimadura é um trauma que compromete corpo e mente. Daí a importância de uma equipe multidisciplinar”, ressalta o médico.

O pronto-socorro de queimados funciona 24h, durante os sete dias da semana, e atende de 10 a 24 pacientes por dia. A unidade também conta com ambulatório, onde são feitos de 30 a 50 curativos por dia. Caso haja necessidade de cuidados mais intensivos, o Hran possui 16 leitos de internação para pacientes queimados, além de sala de curativos e sala de cirurgia para tratar as vítimas de queimadura.

Camila Holanda, da Agência Saúde-DF | Edição: Margareth Lourenço