Morte por sarampo em Rondônia reforça o alerta para a importância da vacinação

Foi registrado na quarta-feira (04), em Porto Velho, Rondônia a primeira morte causada por sarampo no Brasil em 2022. Por uma questão de sigilo, a idade e o gênero não foram divulgados.

O sarampo é um vírus contagioso e a infecção causada por ele leva a consequências graves, podendo levar à morte, sobretudo em crianças. Em compensação, uma medida muito eficaz, segura e que salva vidas é a vacina tríplice viral, que além do sarampo, também protege contra a caxumba e a rubéola.

Em 2016, por causa das estratégias de vacinação feitas no Brasil e outros países das Américas, que foram determinantes para que houvesse a eliminação da doença, as Américas receberam o certificado de eliminação do sarampo. Porém, nos últimos anos as coberturas vacinais vêm caindo, com agravamento de uns anos para cá e com a pandemia da Covid-19. Por vários fatores os pais têm deixado de levar seus filhos aos postos de saúde para serem vacinados e protegidos dessa e de outras doenças.

Para o presidente do Conass, Nésio Fernandes, o grande problema para a baixa cobertura vacinal é a desinformação dos pais e/ou responsáveis. “Vivemos uma realidade do ressurgimento de doenças que já tinham sido controladas. Vacinação não é uma questão de opinião, mas uma questão de direito da criança, estabelecido pela legislação brasileira”, falou.

O presidente destacou ainda, que os dados atuais mostram queda no alcance das metas vacinais desde o ano de 2013. “É preciso tratar esta redução como um grande problema e reconhecer que se ele não for tratado vai comprometer a estabilização e o controle que já alcançamos”, destacou.

Para ele, a natureza da vacina é a de prevenir e evitar. “Precisamos investir nas vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) que são capazes de evitar o sarampo e diversas outras doenças. É necessário também investir nos laboratórios públicos (federais e estaduais) produtores desses imunizantes”, disse.

Nésio também considera essencial reforçar nas ações de comunicação a importância das vacinas, como funcionam e por que é importante o cumprimento de todo calendário vacinal, destacando ainda a segurança e eficácia das vacinas utilizadas no Brasil. “Isso é importante principalmente em um contexto de aumento da circulação de notícias falsas e fortalecimento dos grupos antivacina”, destacou.

Proteção somente pela vacina

Dados de um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos apontam que em 2020, cerca de 22 milhões de crianças não se vacinaram com a primeira dose da vacina contra o sarampo, isso significou 3 milhões a mais do que em 2019. Além disso, outro fator foi a falta de vigilância da doença e das amostras enviadas para os laboratórios por mais de 10 anos. O baixo monitoramento e notificações da doença colocaram em risco a prevenção dos surtos.

O assessor técnico e coordenador da Câmara Técnica de Vigilância Sanitária do Conass, Nereu Henrique Mansano também reforçou que é preciso intensificar a vigilância epidemiológica. “O primeiro passo é notificar e investigar todo caso de febre e exantema (manchas vermelhas pelo corpo), coletar os exames para confirmação diagnóstica (uma vez que outras doenças também podem causar este quadro), e checar se todas as pessoas com quem o paciente teve contato estão vacinadas, realizando o bloqueio vacinal que consiste em vacinar todos que tiveram contato com a pessoa infectada sempre que necessário”, explicou.

Em 2018, somente dois anos após receber o Certificado de eliminação do Sarampo, casos da doença voltaram a ocorrer no Brasil. Desde então foram confirmados mais de 39.000 casos e 40 óbitos. Nereu ressaltou que o número de casos só voltou a crescer devido à queda das coberturas vacinais, que por ter diferentes causas, não pode ser enfrentada com ações isoladas.

Segundo ele, outros motivos relacionados à queda são a falta de um monitoramento adequado, principalmente por problemas na integração entre os sistemas de informação da Atenção Primária à Saúde (APS) e do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a dificuldade do acesso da população às salas de vacinação. “Para melhorar precisamos, por exemplo, ter horários alternativos, ampliar as ações de educação permanente, capacitar as equipes de saúde e aprimorar as ações de comunicação”, ressaltou.

Para ele, é fundamental a integração das áreas de vigilância e assistência à saúde, reforçando além da vacinação as ações de prevenção e vigilância epidemiológica. “Sem isso, temos um sério risco de não só ocorrerem novos surtos de sarampo em várias regiões do país, mas também observar o ressurgimento de doenças que ainda estão sob controle, como a poliomielite”, alertou.

Confira aqui o calendário de vacinação do SUS.

Presidente do Conass na Câmara

Na segunda-feira (02), o presidente do Conass participou do Seminário sobre “Cobertura Vacinal Infantil” promovido pela Frente Parlamentar do Programa Nacional de Imunizações da Câmara do Deputados. Confira:

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