Nota do CONASS – Vacinação contra Influenza / Grupos Prioritários

Vacina-Influenza

 

Diante do surto nacional de influenza, em relação as estratégias de vacinação no Brasil, a inclusão de novas vacinas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e  o  estabelecimento  de  grupos  populacionais  a  serem  cobertos, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS), ressalta que são decisões respaldadas em bases técnicas, científicas e  logísticas, evidências epidemiológicas, eficácia e segurança do produto, somados à garantia  da sustentabilidade da estratégia adotada para a vacinação. As decisões neste sentido sempre são tomadas com o respaldo do Comitê Técnico Assessor de Imunizações do Ministério da Saúde, que conta com a participação das diversas sociedades científicas envolvidas com o tema e renomados pesquisadores, contando também com representantes do CONASS e CONASEMS, devendo também ser avaliadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

 

Para a vacinação contra Influenza a recomendação existente é de priorizar a vacinação dos seguintes grupos prioritários:

  • Crianças de 6 meses a menores de 5 anos;
  • Gestantes;
  • Puérperas;
  • Trabalhadores de saúde;
  • Povos indígenas;
  • Indivíduos com 60 anos ou mais de idade;
  • População privada de liberdade;
  • Funcionários do sistema prisional;
  • Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis;
  • Pessoas portadoras de outras condições clínicas especiais (doença respiratória crônica, doença cardíaca crônica, doença renal crônica, doença hepática crônica, doença neurológica crônica, diabetes, imunossupressão, obesos, transplantados e portadores de trissomias).

Cabe destacar que o principal objetivo da vacinação conta Influenza é prevenir a ocorrência de casos de gripe nas formas graves, que demandam hospitalização, e os óbitos, motivo pelo qual é direcionada aos grupos populacionais com maior vulnerabilidade. Apesar de existirem controvérsias, a vacina contra a influenza, apesar de não conferir “proteção completa nem proteção contra todas as causas de morte”, previne (por exemplo) em idosos “aproximadamente 30% dos casos fatais e não fatais, independentemente da etiologia, 40% dos casos de síndrome gripal e 50 a 70% das mortes”. Além de evitar milhares de internações, existem evidências da redução em pelo menos dois dias do tempo de hospitalização, com benefícios assim tanto do ponto de vista individual, como para a sociedade.[1]

Estudo de metanálise[2], publicado pela Fundação Cochrane[3], avaliou a eficácia e a efetividade do efeito da imunização com vacinas contra influenza A e B na população adulta sadia, incluindo gestantes e recém nascidos, com base em 90 estudos publicados. A conclusão dos especialistas autores da revisão, foi de que que o efeito preventivo da vacina contra a influenza inativada de uso parenteral, no caso de adultos saudáveis, apresenta efeito modesto na redução dos sintomas da gripe e também não reduz os dias de trabalho perdidos na população em geral, incluindo gestantes.[4]

Qualquer alteração na estratégia de vacinação deve considerar evidências claras de sua efetividade, sendo mais adequado que esta definição ocorra a nível nacional, a partir de avaliação técnica do Comitê Técnico Assessor de Imunizações e posicionamento da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).


[1] Fonte: Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações: Informe Técnico da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/marco/11/informe-tecnico-campanha-vacinacao-influenza-2016.pdf

[2] Estes estudos agregam análises de um amplo conjunto de estudos ou trabalhos de investigação e apresentam medidas que combinam os resultados desses mesmos estudos, sumarizando assim os pontos em comum e apontando eventuais fontes de discordância.

[3] A Colaboração Cochrane é uma organização independente, difundida em mais de 130 países, constituída por uma rede internacional de colaboradores, que produz  informações de alta qualidade, constituindo-se em uma importante fonte para a tomada de decisão de profissionais e gestores na área da saúde. Fonte <https://www.cochrane.org>

[4] Cochrane Library: Vaccines to prevent influenza in healthy adults. Disponível em: http://www.cochrane.org/CD001269/ARI_vaccines-to-prevent-influenza-in-healthy-adults