Painel do Conass mostra crescimento de quase cinco vezes nos relatos de sintomas de Covid-19

O painel Redes sociais e Covid-19 é feito em parceria com a Vital Strategies a partir de relatos de sintomas da doença feitos por usuários do Facebook

 

Diante do apagão de dados oficiais do Brasil, a pesquisa registra que, entre os dias 23 de novembro de 2021 e 13 de janeiro de 2022, a proporção de pessoas que relataram sintomas relacionados à COVID-19 no Brasil cresceu 4,8 vezes, o aumento mais acelerado da pandemia até então. Os dados estão no painel Redes sociais e Covid-19 – sintomas e comportamentos dos internautas, publicado pelo Conass em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies.

As informações do painel complementam outras métricas fundamentais para o monitoramento da pandemia, como indicadores de hospitalizações, registros de Covid-19 e Síndrome Respiratória Aguda Grave, usualmente disponíveis no Sivep-Gripe. “A pesquisa de sintomas tem potencial para prever o aumento de casos de forma antecipada às notificações oficiais, identificando tendências. Embora o acompanhamento dos registros de casos e de óbitos seja imprescindível, já existia um espaço de tempo entre o aparecimento dos sintomas e sua formalização nos registros oficiais, de 7 a 10 dias. Essa defasagem se agravou a partir do ataque ocorrido aos sistemas do Ministério da Saúde, dificultando a inserção e confirmação de casos e em especial o acesso dos gestores estaduais e municipais a essas informações”, afirma o presidente do Conass, Carlos Lula.

No dia 23 de novembro do ano passado, a média móvel de usuários que relataram sintomas relacionados à Covid-19 era 1,6% dentre os entrevistados pela enquete. Já em 13 de janeiro, data da última atualização dos dados, a média móvel atingiu o patamar de 7,6% de usuários que confirmam episódios de febre junto com tosse, falta de ar ou dificuldade para respirar. Para efeito de comparação, a proporção é mais que o dobro da relatada em 9 de junho de 2021, maior pico da pandemia até então. Nessa data, o relato de sintomas era feito por 2,9% dos usuários que responderam ao questionário. O crescimento é registrado em um período em que o Brasil vive um avanço concomitante da variante ômicron e da influenza. O painel não permite uma separação entre os casos das duas doenças, cujos sintomas são semelhantes.

A ferramenta traz os dados nacionais e estaduais, permitindo identificar a situação dos indicadores em diferentes regiões do Brasil. Enquanto a média nacional de usuários com sintomas está em 7,6%, estados como Amapá e Maranhão têm médias na casa dos dois dígitos, com 17,7% 12,9%, respectivamente. Na outra ponta, estão Rio Grande do Sul, com 3,9%, e Paraná, com 4,1%.

Além de relatos de sintomas, também são extraídas informações sobre porcentagem de uso de máscara. Nos dados de 13 de janeiro, 77,9% dos usuários relataram o uso da proteção, um pouco acima dos 75,6% registrados no dia 06 do mesmo mês, patamar mais baixo dos últimos 12 meses. A porcentagem de pessoas que afirmam usar máscara vem caindo gradativamente desde 14 de maio de 2021, quando estava em 88,1%.

O Diretor Executivo da Vital Strategies no Brasil, Pedro de Paula, reforça que o monitoramento e o uso eficiente de dados são fundamentais para a elaboração de políticas e medidas de saúde pública eficazes. “Isso é ainda mais urgente no contexto de uma pandemia, em que estamos lidando com uma situação extremamente dinâmica. O completo restabelecimento dos sistemas do Ministério da Saúde é indispensável, assim como a melhoria da nossa política de testagem. A defasagem entre o que mostra o painel com os indicadores do Facebook e os dados oficiais é grande, o que sugere que estamos vivendo um avanço acelerado das infecções com acesso insuficiente a informações. Sem dados confiáveis, disponíveis no momento oportuno, o gestor navega no escuro e suas ações serão muito menos eficazes.”, destaca.

O painel do Conass e da Vital Strategies é atualizado periodicamente com as informações extraídas do questionário disparado pelo Facebook com os dados da Pesquisa de Sintomas Mundiais COVID-19, desenvolvida por meio de uma cooperação entre o Facebook, a Universidade de Maryland e outras instituições acadêmicas. Uma amostra de usuários da rede social é selecionada diariamente com o uso de uma metodologia de amostragem capaz de otimizar a escolha dos participantes (desenho amostral) para que os respondentes representem melhor a população-alvo. Quando a pesquisa tem uma coleta insuficiente em algum estado, os dados não são fornecidos pontualmente no painel.  A metodologia vem sendo usada em todo o mundo desde maio de 2020, com o Facebook registrando cerca de 200 mil respostas coletadas por dia. A pesquisa é disponibilizada em 56 idiomas.

Para acessar o painel, visite: https://www.conass.org.br/sintomascovid19/

Sobre o CONASS

Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, que se pauta pelos princípios que regem o direito público e que congrega os Secretários de Estado da Saúde e seus substitutos legais, enquanto gestores oficiais das Secretarias de Estado da Saúde (SES) dos estados e Distrito Federal. Os principais objetivos do Conass são fortalecer as secretarias estaduais de saúde, torná-las mais participativas na reconstrução do setor saúde e representá-las politicamente.

Sobre a Vital Strategies

Vital Strategies é uma organização global de saúde que acredita que todas as pessoas devem ser protegidas por um forte sistema de saúde pública. Trabalha com governos e a sociedade civil em 73 países, incluindo o Brasil, para projetar e implementar estratégias baseadas em evidências que abordam seus problemas de saúde pública mais prementes. O objetivo é ver os governos adotarem intervenções promissoras em escala o mais rápido possível. Para saber mais, visite www.vitalstrategies.org.