Projeto ImunizaSUS é tema da primeira grande mesa do XXXVI Congresso Conasems

A atividade, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (13), contou com a presença de mais de dois mil congressistas e teve a participação do presidente do Conasems, Wilames Freire, do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, do presidente do Conass, Nésio Fernandes, e dos convidados especiais Francisco Campos, coordenador do Fundep (Nescon-UFMG) e Carla Domingues, coordenadora do Inquérito Nacional sobre Cobertura Vacinal. A mesa foi coordenada pelo diretor do Conasems, Nilo Baracho e mediada pelos assessores técnicos Flávio Álvares e Alessandro Chagas.

O presidente do Conasems, Wilames Freire, ressaltou que o diferencial do projeto foi unir ensino, pesquisa e mobilização social com um só objetivo: fortalecer as ações de vacinação no país.  “De norte a sul, o ImunizaSUS levou informação de qualidade para os vacinadores se capacitarem para as ações do dia a dia e, para além dessa capacitação, fizemos uma ampla pesquisa importantíssima para o cenário atual da saúde pública no país”.

A “Pesquisa Nacional sobre a Cobertura Vacinal, seus Múltiplos Determinantes e as Ações de Imunização nos Territórios Municipais Brasileiros”, foi realizada pelo Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais, no âmbito do Projeto ImunizaSUS. A pesquisa ouviu a população, através de mais de 10 mil entrevistas, e praticamente todas as secretarias municipais de saúde, cerca de 90% dos municípios responderam um formulário robusto sobre vacinação, que contava com mais de 50 páginas de perguntas. Além disso, diversas instituições também foram ouvidas, como a Anvisa, coordenadores estaduais de imunização, representantes e técnicos do Ministério da Saúde. O projeto também fez ações com grupos focais e fóruns para aprofundar as discussões sobre o tema

Assista aqui o vídeo sobre o Projeto ImunizaSUS 

Durante a atividade do Congresso foram apresentados dados importantes coletados na Pesquisa, que fez um estudo descritivo sobre cobertura vacinal no Brasil, analisando os registros realizados no período entre 2010 a 2020. Foram consideradas as 11 vacinas que compõem o calendário básico de imunização. A análise foi realizada a partir dos dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI)/DATASUS.

Confira aqui a apresentação sobre a Pesquisa 

Francisco Campos, um dos coordenadores da Pesquisa, que estava presente no evento, comentou sobre a importância dessa investigação. “Nós já sabíamos da existência e do crescimento da hesitação vacinal no Brasil e é fato que temos um declínio nas taxas de vacinação, mas quais são os motivos que vem agravando esse cenário? E o que pode ser feito para revertermos essa situação? É no município que a vacinação acontece e foi por aí, com auxílio do Conasems, que começamos a investigar”.

Flávio Álvares, assessor técnico do Conasems, conduziu a apresentação com os destaques da Pesquisa.  “O desconhecimento das vacinas é um ponto importante que foi ressaltado, levando em consideração o complexo calendário que temos hoje no SUS, com 18 imunobiológicos disponíveis, além disso, doenças, como a pólio, por exemplo, desapareceram e, com isso, a doença aparenta não ser mais uma ameaça, além disso, percebemos um movimento forte antivacina nas redes sociais.”

Segundo o Secretário da SVS/MS, Arnaldo Medeiros, ter informações de qualidade sobre o tema é o primeiro passo para recuperarmos as taxas de vacinação que sempre tivemos tanto orgulho. “A relevância que o PNI conquistou no decorrer do tempo é mérito de cada um de vocês, que trabalham nos municípios no dia a dia. O ImunizaSUS, com esse diagnóstico tão completo, é uma ferramenta importante para a gestão em todos as instâncias”.

O presidente do Conass, Nesio Fernandes, comentou sobre a importância de repensar as estratégias e formas de se comunicar com a população sobre as vacinas. “Diante dos dados de redução das taxas de vacinação, é muito comum a gente busque por ‘culpados’, porém, é importante enxergar o problema como um todo, entender que é complexo e multifatorial e buscar por soluções, como fortalecer ainda mais a intersetorialidade das ações e aprender a nos comunicar com as ferramentas de hoje em dia, levar o tema para as redes sociais, para ser tratado por influenciadores com grande alcance e visibilidade, por exemplo” e complementou “A vacinação não tem ideologia, não tem lado político, não é questão de opinião e sim um direito fundamental. Deveria ser inaceitável pessoas morrerem por doenças imunopreveníveis”.

O assessor técnico do Conasems, Alessandro Chagas, finalizou o debate da mesa ressaltando que a pesquisa realizada no âmbito do ImunizaSUS foi um pontapé e subsídio para outras ações que virão. “Pretendemos realizar,  ainda esse ano, oficinas com todas as regiões de saúde para analisarmos os dados regionalmente, discutirmos e traçarmos estratégias para enfrentar esse desafio”.

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Fonte: Conasems