Referência no tratamento de queimaduras, HGE alerta para riscos durante as festas juninas

O CTQ do HGE assistiu 471 pessoas em 2021; este ano já passaram de 120 atendimentos

Com a proximidade das festas juninas, é preciso estar atento aos riscos de queimaduras, que podem causar cicatrizes irreversíveis. No Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, referência no tratamento desse tipo de lesão, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) da unidade hospitalar notificou 471 atendimentos em 2021. Este ano, nos primeiros quatro meses, 121 pessoas já passaram pela única unidade especializada em Alagoas.

No ano passado, o Ambulatório do CTQ foi muito procurado no mês de janeiro, com 32 pacientes atendidos e, no mês de novembro, registrou 29 pacientes hospitalizados. Isso se deve, principalmente, aos momentos de desatenção e à não eliminação dos riscos de acidentes. No mês junino do ano passado, 26 cidadãos procuraram o serviço e outros 20 precisaram ficar internados.

Centro de Tratamento de Queimados do HGE conta com equipe qualificada

“A maioria dos casos é procedente de acidentes envolvendo líquidos superaquecidos, aquele leite quente da panela, ou o café que estava sendo preparado no forno, ou qualquer outro alimento em cozimento. É verdade que em muitos casos envolvem crianças, entretanto, também chegam adultos com lesões gravíssimas, que acometem grande parte do corpo”, alertou o cirurgião plástico Thyago Carvalho.

Foi o que aconteceu com a pequena M. V. B. V., de apenas um ano. Ela mora com sua tia na zona rural de Murici e, como boa curiosa, foi investigar o que estava sendo feito na panela. Resultado: todo o líquido fervendo que estava na chaleira escorreu pelo seu corpo, causando queimaduras no tórax, abdômen e membros superiores. O susto ocorreu no último dia 14 de maio e gerou desespero.

“Eu tinha ido pegar uma ovelha quando escutei a gritaria. Era ela no chão se debatendo! Levei ela correndo até a casa da mãe dela. Enquanto fui atrás de um carro para irmos ao hospital, a mãe dela deu banho em água corrente. Depois fomos para o hospital da cidade, que nos encaminhou logo para o HGE. A recuperação dela tem sido longa, mas é que são muitos ferimentos. É preciso ter paciência e confiar no trabalho dos profissionais”, disse Maria Viana da Silva, tia da menor.

A maioria dos casos é procedente de acidentes envolvendo líquidos superaquecidos

No CTQ, a criança está recebendo atenção multidisciplinar de médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, técnicos de enfermagem, maqueiros e serviços gerais. Ela já foi submetida a sessões de desbridamento, aplicação de enxerto e tratamento com antibióticos. Apesar do quadro de saúde ter apresentado boa evolução, ela ainda não tem previsão de data para voltar para casa.

“A queimadura pode causar cicatrizes irreversíveis, e não estou falando apenas do que fica na pele. O tratamento, por mais que se tente amenizar, é muito dolorido e desconfortável. Isso gera um sofrimento psíquico que cada indivíduo vivencia à sua maneira. O processo de hospitalização leva ao distanciamento social, especialmente neste momento de pandemia, afastamento da rotina de trabalho, medo dos procedimentos e de ficar com sequelas, ou não sobreviver. O impacto é muito profundo e, por isso, é necessário atendimento psicológico, não apenas para o paciente, mas para a família ajudar no manejo dos impactos emocionais e comportamentais em todo processo; e, quando necessário, o aconselhar para o acompanhamento psicológico ambulatorial”, acrescentou a psicóloga Rejane Tenório.

Médico Thyago Carvalho orienta que, em caso de queimadura, o local seja lavado por água corrente

Orientação – Em caso de queimadura, o médico orienta lavar o local em água corrente, com temperatura ambiente, durante vinte minutos. Isso fará com que o processo de queimadura da pele estacione, aliviando a dor e limpando a ferida. Em seguida, deve-se envolver a área com um pano limpo e procurar imediatamente o atendimento especializado. É importante não passar nenhum produto no local ferido, sem receber orientação do médico.

“Nada de pomadas, borra de café, pasta de dente ou qualquer outra prática não defendida pelos estudos científicos. É importante que o local esteja limpo na hora que chegar ao pronto-socorro. Isso pode ajudar a avaliar melhor a lesão, aliviar a dor e diminuir o risco de desenvolver infecções, que são um grande risco a qualquer pessoa com a imunidade abalada”, orientou o cirurgião plástico.

Repórter: Thallysson Alves- SES/AL

Repórter Fotográfico: Thallysson Alves