Até meados dos anos 1980 as questões relacionadas aos Recursos Humanos, ainda que presentes no discurso como fundamentais, não se traduziam em ações vinculadas à organização do trabalho. Eram, na prática, tratadas como mais um insumo, ao lado dos recursos materiais e financeiros.

A discussão mais recente sobre um novo paradigma de trabalho, que se instala com mais nitidez nas décadas de 1980 e 1990, apresenta a centralidade do trabalhador neste processo, ampliando a discussão sobre a gestão do trabalho, e inclui a necessidade de repensar o planejamento e a qualificação do trabalho e do trabalhador. Neste contexto, novas competências são requeridas dos trabalhadores e gestores, o que implica redefinir as formas de recrutar, selecionar, capacitar e manter os profissionais, e consequentemente impõe a necessidade de criação de instrumentos gerenciais essenciais a essa nova abordagem de gestão de recursos humanos.

No Brasil dos anos 1980, em decorrência da crise econômica, inicia-se um processo de desregulação do mercado de trabalho, marcado inicialmente por um movimento contraditório: de um lado uma desregulação impulsionada pela tendência de desestruturação do mercado de trabalho; de outro uma tentativa de regulação motivada pela regulamentação desse mesmo mercado, por meio da Constituição de 1988. A heterogeneidade dos vínculos é um dado importante que compõe esse conjunto de transformações. As novas formas de “contrato” mudam os mecanismos de ingresso e manutenção do trabalhador, estabelecendo novas relações de trabalho, definindo também a necessidade de se adquirir competências que habilitem trabalhadores e gestores como negociadores das condições de trabalho.

O CONASS, em decorrência da relevância que o tema adquiriu para o SUS, vem dedicando especial atenção à essas discussões e elaborações. Gilson Catarino O’Dwyer, quando Presidente do CONASS, afirmou que “ o desenvolvimento de políticas e prioridades para a área de recursos humanos é um dos maiores desafios a ser enfrentado para a construção de um sistema de saúde solidário e justo. Construir uma política cidadã como o SUS implica que seus construtores/operadores, os trabalhadores de saúde, sejam incorporados como sujeitos e criadores de transformações, e não como meros agentes cumpridores de tarefas ou objeto de políticas desumanizadas.”

A política de recursos humanos tem, para o CONASS, uma dimensão estratégica de gestão em saúde e os responsáveis pela sua condução devem buscar a institucionalização de sistemas de planejamento.

 

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Gestão do Trabalho e Educação na Saúde – Coleção Para entender a Gestão do SUS 2011. Disponível em http://www.conass.org.br/biblioteca/gestao-do-trabalho-e-da-educacao-na-saude/

Gestão do Trabalho e Educação na Saúde – Coleção Para entender a Gestão do SUS 2011 (atualização 2015). Disponível em http://www.conass.org.br/biblioteca/gestao-do-trabalho-e-da-educacao-na-saude-2/

 

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