Conass participa de seminário sobre a Eliminação da Tuberculose

(Foto: Walterson Rosa/MS)

Evento em Brasília reuniu diversas representações para debater estratégias para a eliminação da doença até 2030

Nesta quarta-feira, autoridades ligadas à saúde, comunidade científica e instituições internacionais reuniram-se em Brasília, para o Seminário Internacional “Compromissos de Alto Nível para a Eliminação da Tuberculose como Problema de Saúde Pública”, realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS).

Nísia Trindade, ministra da Saúde, ressaltou que a tuberculose tem prevenção e tratamento, mas ainda é um grave problema de saúde pública e observou que o Brasil firmou o compromisso de eliminar a doença. “O ministério da Saúde tem trabalhado com empenho para que, de fato, consigamos efetivar essa meta tão importante”, ressaltou.

A ministra enfatizou que o governo federal definiu a criação de um grupo interministerial para fazer frente à eliminação da tuberculose até 2030 e outras doenças de determinação social que, segundo observou, são apresentadas como doenças da pobreza, mas que na verdade são doenças do abandono do poder público, da sociedade diante de problemas que podem e devem ser evitados. “Este é o compromisso que quero firmar com a população”.

 Ethel Maciel, secretária da SVSA/MS, afirmou que o Brasil é um dos 30 países com a maior carga de tuberculose no mundo e reafirmou a responsabilidade do País com o compromisso global de eliminação da doença. “Este momento é emblemático para que possamos colocar nossas metas e assumir publicamente nossas obrigações. Estamos com três entes da Organização Mundial de Saúde reunidos hoje e isso consolida a importância desse evento”.

Para o diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi/SVSA), Dráurio Barreiro, a criação do Comitê Interministerial de Eliminação da Tuberculose e de outras doenças determinadas socialmente é extremamente importante, mas por si só, não se esgota. “Não basta apenas a participação dos nove ministérios envolvidos, da sociedade civil e da comunidade acadêmica. Precisamos ter um orçamento compatível para que a gente consiga eliminar essas doenças que nos envergonham”.

Barreiro observou que eliminar a tuberculose até 2030 como problema de saúde pública, só será possível se houver o alinhamento com todas as agendas internacionais e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e ressaltou ainda que o plano do governo contempla outras doenças como hanseníase, tracoma, HIV/Aids, filariose linfática e prevê ações de prevenção, diagnóstico e tratamento, além de medidas para fortalecer a vigilância epidemiológica e a promoção da pesquisa científica. “Essas doenças assolam apenas as pessoas vulneráveis, excluídas e sem acesso à informação, aos serviços de saúde e sem acesso à dignidade. Eliminar cada uma dessas doenças é obrigação moral”, enfatizou.

O compromisso do parlamento com a causa foi citado pelo secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, como fundamental para que se alcance o objetivo de eliminação da tuberculose até 2030. Ele destacou a participação do deputado federal, Antonio Brito (PSD/BA), presidente da Frente Parlamentar pela Luta contra a Tuberculose, que disse que o enfrentamento da doença aglutinou  forças em torno da causa.

Jurandi Frutuoso, secretário executivo do Conass

Frutuoso citou estratégias que podem ser implementadas para reduzir a incidência de tuberculose no Brasil, como a melhoria do acesso e da qualidade do diagnóstico e tratamento, investimento em prevenção, promoção e conscientização da população e o fortalecimento da vigilância epidemiológica.

Para Frutuoso é importante lembrar que a luta contra a tuberculose é uma tarefa complexa que requer esforços coordenados de diversos setores da sociedade, incluindo governos, profissionais de saúde, organizações não governamentais, como as igrejas, por exemplo, e a própria população. “Temos quatro anos de oportunidades para fazer essa transformação. Os Secretários de Estado da Saúde   têm o compromisso público de eliminar a tuberculose no Brasil para a dignidade do povo brasileiro”, concluiu.

A representante da Parceria Brasileira contra Tuberculose, Márcia Leão, disse estar emocionada com o seminário pois ele traz o simbolismo na inserção do tema como uma prioridade de governo. “Espero que isso se reflita também na retomada, pelo Brasil, do  seu lugar no cenário internacional”.

Leão também citou a necessidade de mais recursos para que seja possível estreitar os laços com a sociedade civil. Segundo ela, o apoio do legislativo é fundamental nesta questão.

Já a vice-presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Cristiane Pantaleão, ponderou que a Atenção Básica (AB) é a principal responsável por identificar os casos e apoiar as ações para que eles se encerrem de maneira resolutiva. Para que isso aconteça, observou ser necessária uma coordenação que dê aos municípios o apoio necessário. “Precisamos pensar nas equipes que fazem todo esse atendimento. Precisamos pensar no financiamento da AB para conseguir fortalecer a identificação e o tratamento desses agravos, sem contar que sem uma equipe multiprofissional adequada não conseguiremos vencer esse desafio”, advertiu.

Socorro Gross, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) no Brasil, disse que eliminar a tuberculose é uma causa pelo direito à saúde de todas as comunidades. “Temos que vencer esse desafio não só no Brasil, mas também no mundo todo. Não temos como falar de eliminação se não estivermos juntos como países”.

Foto: Conasems

Gross observou que o Brasil é o país com o maior número de casos da doença na Região das Américas, mas enfatizou que apesar disso, é também uma oportunidade a partir da força que tem o seu sistema de saúde. “Juntos podemos fazer a diferença em nossos países, em nossa região e especialmente em nossas populações que são mais vulneráveis”.

O assessor técnico do Conass, Nereu Henrique Mansano, observou a necessidade da existência de um atendimento contínuo e centrado na atenção primária, tornando esta a orientação central do cuidado. “Nosso modelo de atenção é voltado ao atendimento de condições agudas, o que não é eficiente. Temos diversos grupos vulneráveis na população e, sem o acesso e acolhimentos devidos, não conseguiremos eliminar a tuberculose”, alertou.

 

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