Implantação de Políticas de Saúde voltadas aos Pacientes Indigenas em uma Instituição Hospitalar da Amazônia Legal

A implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde aos Povos Indígenas é um processo em evolução, a adoção de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços hospitalares voltados especificamente para o cuidado assiatencial aos pacientes indígenas é um desafio para as equipes de saúde, acostumados a olhar para o paciente apenas pela ótica da enfermidade, sem considerar sua organização cultural e dinâmica social. A falta de padronização no acesso dos indígenas aos serviços hospitalares de média e alta complexidade, dificultados pela barreira linguística e pela cultura indígena em aceitar o diagnóstico e tratamentos propostos pela equipe médica, trouxe a tona a necessidade de implantar protocolos e fluxos para que estes pacientes pudenssem aceitar e usufruir de todo o cuidado e tratamento ofertado pelo hospital.

Descrição da intervenção
Estruturação da Coordenação Indígena Intra-hospitalar : Equipe com perfil, sensibilidade e familiaridade com os povos indígenas e sua cultura incluindo a idioma. Estruturação do fluxo de acesso ao Hospital: pacientes procedentes dos Distritos e Comunidades eram comunicados previamente a Coord. Indígena Estruturação do fluxo interno do Hospital: admissão, cadastro, acompanhamento, orientação, monitoramento Estratificação e Priorização das demandas reprimidas: exames, consultas, cirurgias Adaptação do Cardápio específico aos indígenas – particularidade que consta em cláusula contratual pela SES Inclusão do Médico com experiência em atendimento aos indígenas, melhorando a comunicação entre os especialistas Implantação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde – PICS: curandeiros/cuidadores/pajes para realização da pajelancia/xabore/reza Instituição da cartilha de linguagem Indígena Hospitalar(Física e Digital). Fonte: Site HGR/Roraima.

Recursos necessários
Adequação física da Unidade Hospitalar Enfermarias específica para indígenas; Redes nas enfermarias; Acesso ao Jardim Profissionais médicos, interpretes, enfermeiros, técnicos e gestão. Cooperação entre as equipes, Disponibilidade de pessoal qualificado e treinado, Financiamento garantido, Planejamento detalhado, com prazos realistas, Envolvimento da alta administração (SES e MS) Reuniões, capacitações periódicas A existência de Políticas de Saúde com olhar sócio-cultural como a PICS.

Resultados
O monitoramento diário e contínuo da equipe da coordenação, o envolvimento médico, associado a incorporação dos pajes/cuidadores e acompanhantes, além de trazer um perfil acolhedor e familiar, possibilitou maior adesão aos tratamentos sem a dissociação com a cultura indígena. Protocolos e fluxos estabelecidos possibilitou a interação e a regulação com a Rede de atenção à saúde indígena, com o envolvimento das CASAIs, Polos Base e UBS, permanecendo o cuidado ao paciente após alta hospitalar. Conscientização, capacitação e qualificação é trabalho contínuo. Redução significativa na taxa de evasão. Aumento de 20% no número de atendimentos, e 67,6% na taxa de alcance assistencial da equipe da Coordenação Indígena Observamos que a documentação atualizada e a falta de sistema informatizado e interligado entre a unidade e os distritos, dificultam a triagem, identificação e alcançe de todos os indígenas.

Fatores de sucesso e lições aprendidas
Todas estas ações possibilitaram ampliar a assitência, melhorando o acolhimento e atendimento ao paciente indígena. Facilitaram a interlocução com a equipe multiprofissional, compreendendo o tratamento ofertado principalmente em situações que trazem sequelas graves e irreversíveis. A presença do médico na equipe trouxe a possibilidade de discução e adequação dos protocolos clínicos já existentes com um olhar voltado para população indígena. O monitoramento diário e contínuo pela equipe da coordenação, com a incorporação dos pajes/cuidadores e acompanhantes alem de trazer um perfil acolhedor e familiar, possibilitou maior adesão aos tratamentos sem a dissociação com sua cultura, consequentemente menor evasão dos pacientes. Protocolos e fluxos estabelecidos possibilitou a interação e a regulação com a Rede de atenção à saúde indígena, com o envolvimento das CASAIs, Polos Base e UBS, permanecendo o cuidado ao paciente após alta hospitalar.