A Folha de S.Paulo realizou nesta quinta-feira (17) o seminário Limitações das Políticas Públicas para Doenças Crônicas, com o objetivo de discutir os desafios do país no enfrentamento de condições como diabetes, obesidade e Alzheimer.
Essas doenças são classificadas como crônicas por apresentarem evolução lenta, persistirem ao longo da vida e não terem cura. De acordo com projeções baseadas no último Censo, o Brasil conta com cerca de 20 milhões de pessoas com diabetes, o que representa aproximadamente 10% da população.
A obesidade também tem avançado de forma preocupante: entre 2006 e 2019, a taxa subiu 72%, saltando de 11,8% para 20,3%. Já o Alzheimer e outras demências afetam hoje 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos — número que pode chegar a 2,78 milhões até o fim da década e a 5,5 milhões em 2050.
Além do impacto na saúde, essas doenças geram custos significativos para o país, tanto medicamentos, internações, quanto na queda na produtividade, evasão escolar e redução da força de trabalho.
Durante o seminário, o secretário de saúde de São Paulo, Eleuses de Paiva, representando Conass, destacou a necessidade de repensar as prioridades na gestão pública da saúde. Segundo ele, o envelhecimento da população e a mudança no perfil epidemiológico exigem novas estratégias. “Estamos diante de um novo cenário demográfico. Por isso, precisamos mudar nossa lógica de cuidado. É fundamental fortalecer a atenção básica, pois são doenças que exigem acompanhamento prolongado e contínuo. Precisamos de redes integradas de atenção à saúde, com protocolos claros para o tratamento de doenças crônicas”, afirmou.
Paiva também defendeu a regionalização como eixo central da reorganização do sistema, com foco na equidade. “Não adianta propor soluções únicas para realidades tão distintas. Estados e municípios devem trabalhar em parceria, com uma política nacional de regionalização bem estruturada. Somente com integração entre atenção básica e especializada será possível oferecer respostas mais eficazes”, concluiu.
O seminário ressaltou a urgência de políticas públicas sustentáveis, que considerem os diferentes contextos regionais e a crescente demanda por cuidados contínuos, diante do aumento das doenças crônicas no Brasil.