Núcleo de Estudos e Prevenção do Suicídio da Sesab defende mudança na narrativa sobre suicídio

“Tenho uma mensagem importante para vocês. Falar pode salvar vidas. E estar atento a quem está ao nosso lado pode fazer toda a diferença. Setembro é um convite para cuidarmos da saúde mental e lembrarmos que ninguém precisa enfrentar a dor sozinho. Olhar para o outro é essencial. Um gesto de atenção pode ser o primeiro passo para salvar uma vida”. A mensagem é da psicóloga Soraya Rigo, coordenadora do Núcleo de Estudos e Prevenção do Suicídio – NEPS – unidade que integra a rede da Secretaria da Saúde do Estado.

A psicóloga revela sua posição em relação à prevenção do suicídio, aderindo à campanha mundial, que adota um único dia, 10 de setembro, o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, para informar e dar visibilidade ao tema, e os demais dias do ano para realizar ações de prevenção das mortes autoprovocadas. “Ações de prevenção do suicídio não devem se restringir a um período específico, como preconiza a Campanha do Setembro Amarelo, mas estender-se durante o ano todo”, pontua.

A coordenadora do NEPS conta que a partir do levantamento do número de mortes por suicídio realizado pela unidade, verificou-se que a partir de 2014, ano de criação da Campanha do Setembro Amarelo, houve um aumento no número de mortes autoprovocadas nos meses de setembro e outubro em relação à média de suicídio dos demais meses do ano.

“A hipótese sustentada pelo NEPS é a de que o excesso de informações veiculadas durante um longo período de tempo (um mês inteiro) tem gerado um efeito adverso, aumentando o sofrimento das pessoas em risco de suicídio: os tentantes, as pessoas que ainda não tentaram, mas correm o risco de fazê-lo, aumentando as mortes por suicídio”, explica Rigo.

Na Bahia, o NEPS, serviço ligado ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox-BA) aderiu à campanha mundial mas adotou sua própria forma de viabilizá-la. De acordo com a psicóloga, o posicionamento da equipe do Núcleo preconiza que para mudar a narrativa sobre o suicídio deve-se começar mudando o narrador: “Com a palavra, o protagonista da cena social!”,

ESTATÍSTICAS

Dados dados de óbitos registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apontam que em uma década (2010 – 2019), o Brasil registrou 112.230 mortes por suicídio, o que representou um aumento de 43% no número anual de mortes. As taxas de suicídio no Brasil aumentaram mais de 43% e em função do risco de contribuir para o aumento desse agravo, a Sesab e o NEPS decidiram aderir ao modelo de prevenção adotado no mundo, concentrando as informações para a sociedade em um único dia, no Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, e não mais durante todo o mês de setembro, mas promovendo ações durante todos os dias do ano com as pessoas em risco de suicídio.

“MUDANDO A NARRATIVA”

“Mudando a Narrativa sobre o Suicídio” foi o tema da Campanha Mundial, lançada em 10 de setembro de 2024, Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, para o período 2024/2026, com o objetivo de transformar a maneira como o suicídio é percebido, o que requer uma mudança sistêmica, isto é, o engajamento de toda sociedade e dos governos, através do diálogo franco e acolhedor, de ações concretas e políticas públicas.
Na Bahia, o NEPS aderiu à campanha mundial mas adotou sua própria forma de viabilizá-la. De acordo com a psicóloga, o posicionamento da equipe do Núcleo preconiza que para mudar a narrativa sobre o suicídio deve-se começar mudando o narrador. “Com a palavra, o protagonista da cena social!” Vamos ouvir abertamente sobre o suicídio. Além de falar e ouvir, é preciso criar esperança através de ações. E restituir, criar ou recriar a esperança.

Sesab/Ascom

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