Os cuidados paliativos são práticas que priorizam o bem-estar e a qualidade de vida de pessoas com doenças graves que ameaçam ou limitam a vida, assim como de seus familiares. A abordagem busca prevenir e aliviar o sofrimento físico, emocional, social e espiritual, oferecendo suporte integral à saúde. Podem ser aplicados em qualquer fase da doença, independentemente da idade ou do estágio da condição, sempre respeitando as necessidades e desejos do paciente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 40 milhões de pessoas necessitam de cuidados paliativos anualmente em todo o mundo. O número tende a crescer em razão do envelhecimento populacional e do aumento das doenças crônicas não transmissíveis, além de outras condições graves.Nesse cenário, é urgente ampliar o acesso a esses serviços, por meio de políticas públicas que fortaleçam a conscientização, aprimorem regulamentações de saúde, invistam na formação de profissionais e integrem os cuidados paliativos de forma estruturada ao sistema de saúde.
Para aprofundar a discussão sobre o tema, o Conass realizou nesta quarta-feira (1), mais uma edição do Diálogos Conass. O encontro contou com a participação de Thais Gonçalo, vice-presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), e de Cinara Carneiro, tesoureira da instituição.
A ANCP reúne representantes de diferentes categorias profissionais da saúde e busca integrar todos os grupos envolvidos na assistência, fortalecendo a prática do cuidado paliativo e oferecendo respaldo técnico. “Trazer esse debate para o Conselho, para o nosso corpo técnico, demonstra que estamos preocupados com o assunto, com esse propósito de qualificação do cuidado e apoio a todos que precisam desses cuidados”, disse o secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso.
Thais ressaltou o desejo de contar com o apoio do Conselho para ampliar o entendimento do tema no SUS. “Se a nossa produção acadêmica puder contar com o Conass, fortalecerá ainda mais a ciência. Sabemos da capacidade técnica do Conass, com isso, poderíamos conferir ainda mais consistência e embasamento aos nossos trabalhos”, destacou.
Outro ponto importante falado por Thais foi o desejo de avançar também no campo da educação. “ANCP, além de representar os profissionais, pode se consolidar como uma ferramenta educativa, contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento do cuidado paliativo no Brasil”, colocou.
Para o coordenador técnico-adjunto do Conass, Fernando Cupertino, é possível fazer esse trabalho junto às escolas de saúde pública estaduais quando se fala de cuidados paliativos. “Acredito que as escolas são um bom ponto de partida para fortalecer a prática do cuidado paliativo e oferecer suporte técnico”, destacou.
Cinara contou que atualmente a diretoria enxerga essa parceria como uma oportunidade de crescimento. “A proposta de aprofundar o tema para dentro dos estados tem sido fundamental. Com o apoio de vocês, poderemos identificar melhor os serviços e acompanhar os números de forma mais próxima e precisa”, falou.
Segundo ela, o objetivo é compreender como as políticas estão sendo implementadas e oferecer apoio técnico às secretarias, contribuindo tanto na tomada de decisão quanto na elaboração de estratégias para garantir sua efetiva implementação. “Em alguns lugares do Brasil, já estamos desenvolvendo esse trabalho e avançando. Acredito que vocês podem nos auxiliar na articulação com os estados, fortalecendo a efetividade das ações”, comentou.
Carla Ulhoa, assessora técnica do Conass e responsável pela área de cuidados paliativos, destacou que a ANPC e o Conass, estão escrevendo um capítulo de livro para a série Conass Documenta, que apresentará casos clínicos no Sistema Único de Saúde em cuidados paliativos. “Queremos fortalecer os cuidados paliativos em todo o Brasil. Em breve, a publicação oficial deve ser divulgada”, disse.
Diversos estados têm ações e estratégias para a implementação da Política Nacional de Cuidados Paliativos no Brasil. Um exemplo foi o lançamento, em janeiro deste ano, do primeiro hospital público do Brasil dedicado exclusivamente aos cuidados paliativos, na Bahia. O Hospital Estadual Mont Serrat – Cuidados Paliativos, implantado em prédio histórico de 1853, em Salvador, marca um avanço inédito na saúde pública do País, focando na qualidade de vida de pacientes com doenças graves, crônicas ou ameaçadoras da vida.
Um diagnóstico difícil provoca medo, preocupação com a família, conflitos passados e problemas práticos, como perda de renda. Por isso, os cuidados paliativos são oferecidos por equipes multiprofissionais, que atuam de forma articulada para atender às múltiplas dimensões do sofrimento. Esse trabalho conjunto, centrado no paciente e em sua família, busca ampliar a qualidade de vida e garantir que o cuidado seja integral, contínuo e humanizado.