Secretaria de Estado de Saúde qualifica profissionais para enfrentamento à hanseníase

Carreta Roda Hans estará, de 28 a 30 de outubro, em Nova Iguaçu, para atendimento à população
Carreta Roda Hans estará, de 28 a 30 de outubro, em Nova Iguaçu, para atendimento à população

Cerca de 100 médicos, enfermeiros e fisioterapeutas participaram, nesta segunda-feira, (27/10), da capacitação promovida pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) voltada ao combate à hanseníase, no auditório da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em Nova Iguaçu. Os profissionais da Atenção Primária à Saúde de Japeri, Queimados, Nova Iguaçu, Angra dos Reis, Miguel e Paracambi participaram de atividades teóricas sobre a doença, com informações clínicas, terapêuticas e exames. O módulo prático do treinamento e os atendimentos vão acontecer de 28 a 30 de outubro. A Carreta Roda Hans estará na Praça Rui Barbosa, no Centro da cidade, das 8h às 17h para atendimento à população.

A unidade móvel, que conta com cinco consultórios especializados e um de avaliação neurológica, será usada no atendimento à população e na capacitação dos profissionais. O veículo percorrerá cinco cidades (Nova Iguaçu, Belford Roxo, São Gonçalo, Guapimirim e Cordeiro), promovendo a rastreabilidade da doença, diagnóstico e tratamento precoce.

A multiplicação da informação é o melhor investimento no combate à hanseníase, na opinião da secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello,. Para ela, o treinamento contribui para reforçar os procedimentos e identificar os casos no período inicial.

“A hanseníase tem cura, o tratamento é gratuito e realizado na rede SUS. O paciente deve ficar atento às manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, geralmente com perda de sensibilidade ao toque, dor e calor. É uma doença de evolução crônica que precisa ser detectada e tratada precocemente a fim de interromper a cadeia de transmissão”, declarou Claudia Mello.

O dermatologista do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capliglione (IEDE) e representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Egon Luiz Barbosa, falou sobre os aspectos e formas clínicas da doença, reações, manifestações neurológicas e tratamento.

Especialista defende ações baseadas na realidade local

“Com a medicação correta, que são três antibióticos, o paciente é curado de seis a 12 meses do início da doença. Para tal, a capacitação profissional é determinante nesse processo de diagnóstico precoce para que ele aconteça na fase inicial. Defendo políticas públicas adaptadas para à realidade local como estratégia de saúde”, avaliou o dermatologista.

Segundo a gerente de Hanseníase da SES-RJ, Ana Paula Batista Chadimenos, o treinamento tem por finalidade fortalecer as ações realizadas pelos profissionais da atenção primária à saúde para uma doença que tem alto poder incapacitante.

“Os acometidos são, em geral, homens e mulheres na faixa etária dos 39 aos 60 anos. É uma doença associada à pobreza e de característica silenciosa. Ela provoca, em cinco anos, altos índices de incapacidade profissional. Por isso, a importância de se realizar ações de educação em saúde”, frisou Ana Paula Batista.

Brenda Menezes, voluntária há 25 anos do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), disse que a doença ainda carrega preconceito e, por isso, deve ser falada de janeiro a janeiro.

“Falo com propriedade porque já fui afetada pela doença e senti na pele o problema. Precisamos juntar a gestão, os profissionais de saúde e os pacientes para falar a mesma linguagem para conter a doença. O Morhan está nesta linha de frente para o enfrentamento à doença e prega um atendimento digno ao paciente”, disse Brenda Menezes.

Profissional destaca qualificação na hora do diagnóstico

Audry Trigueiro, médica da prefeitura de Queimados, na Baixada Fluminense, ressaltou a importância do treinamento na identificação dos casos de hanseníase.

“Sou funcionária pública há 24 anos e é a minha primeira atualização em hanseníase. A qualificação vai fazer toda a diferença na hora do atendimento ao paciente para um diagnóstico preciso, com o uso de melhores práticas em saúde”, salientou a médica.

O treinamento teórico dos profissionais e os atendimentos à população fazem parte do Programa Roda-Hans, parceria da SES-RJ com o Ministério da Saúde, a farmacêutica Novartis Brasil e conta com apoio da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).