“A Planificação da Atenção à Saúde não é apenas uma ferramenta de gestão, ela é uma estratégia potente para transformar práticas, qualificar a Atenção Primária, integrar a Atenção Ambulatorial Especializada, fortalecer redes e garantir que o cuidado chegue a quem mais precisa, no tempo certo e com qualidade”, disse a presidente do Conass, Tânia Mara Coelho, na abertura III Conferência Nacional da Planificação da Atenção à Saúde e do I Encontro Internacional de Promoção da Saúde, que acontece em Brasília até o amanhã, dia 16.
Tânia destacou que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta desafios cada vez mais complexos. “Vivemos um momento marcado pelo envelhecimento da população, pelo aumento das condições crônicas, pelas iniquidades sociais persistentes, pelas novas vulnerabilidades e pela necessidade urgente de fortalecer redes de atenção resolutivas, integradas e centradas nas pessoas”, afirmou.
A presidente ressaltou ainda que o projeto de Planificação, desenvolvido pelo Conass, já alcança cerca de um terço dos municípios brasileiros, resultado que, segundo ela, só foi possível graças ao esforço coletivo das instituições parceiras. “Esse avanço é fruto do trabalho das equipes técnicas, dos apoiadores e dos parceiros que acreditam que investir em conhecimento, diálogo e cooperação é investir em um sistema de saúde mais forte, mais justo e mais resolutivo”, disse.
O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, reconheceu o papel estratégico do Conass na construção de consensos e na promoção de transformações concretas no SUS. Para ele, a Planificação é hoje uma das estratégias mais potentes para integrar e fortalecer o sistema de saúde. “Ao articular planejamento, gestão do cuidado e educação permanente, ela não apenas reorganiza processos, mas reconecta profissionais, territórios e as necessidades reais das pessoas”, destacou.
Segundo Jarbas, a iniciativa aproxima a Atenção Primária da Atenção Especializada e fortalece a coordenação e a continuidade do cuidado, pilares fundamentais de sistemas universais, equitativos e resolutivos. Ele ressaltou ainda que, ao longo dos anos, a Planificação se consolidou como um processo vivo e um movimento permanente de aprendizagem organizacional. “Ela integra teoria e prática, valoriza tanto quem cuida quanto quem gere e amplia a capacidade de resposta das equipes e das secretarias de saúde”, afirmou.
O diretor também enfatizou que a Planificação ultrapassa o aspecto técnico e se configura como um espaço coletivo de construção. “É um ambiente em que as equipes analisam suas práticas, enfrentam desafios, aprendem juntas e constroem soluções concretas. Trata-se de educação permanente em seu sentido mais profundo, fortalecendo a autonomia, a corresponsabilidade e as instituições”, disse, destacando que a experiência brasileira tem inspirado outros países das Américas.
O ministro da saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que o cuidado integrado promovido pela Planificação tem garantido a continuidade da atenção, desde o acompanhamento da gestante, passando pelo parto e pelos cuidados no nascimento, até o retorno da mulher e da criança à Atenção Primária à Saúde. “Nada disso seria possível sem o apoio contínuo da Opas, a parceria com o Conass e a adoção da Planificação e do planejamento em saúde como elementos centrais dessa estratégia”, afirmou.
Padilha destacou que o crescimento do projeto é resultado de uma política de Estado, que ultrapassa governos, aliada à consolidação de experiências locais, regionais e nacionais e ao fortalecimento da Atenção Primária à Saúde. “A atenção primária passou a assumir maiores responsabilidades, ampliando sua capacidade de resposta e garantindo o cuidado integral aos usuários”, disse.
Durante a abertura, o diretor-executivo do Hospital Israelita Albert Einstein, Felipe Pizza, destacou o papel da instituição no fortalecimento do SUS. “É um privilégio contribuir para a melhoria contínua do sistema de saúde. A Planificação tem transformado o Brasil, e a redução da mortalidade materna é um exemplo concreto desse impacto”, afirmou.
A superintendente-geral da Umane, Thais Junqueira, também ressaltou a importância da Planificação para a redução da mortalidade materno-infantil. Segundo ela, a iniciativa foi fundamental para tornar a Atenção Primária mais resolutiva, integrada e atuante na governança. “Estamos investindo no fortalecimento da governança e esse trabalho tem transformado nossa atuação na saúde pública e a forma como podemos contribuir de maneira mais efetiva para o SUS”, concluiu.
Já o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Hisham Hamida, ressaltou que a participação no evento representa o compromisso do Conass com a atenção primária em todo o território brasileiro. “Participar deste encontro é reafirmar, na prática, o compromisso do Conasems com o fortalecimento da atenção primária, porta de entrada do SUS e base para a garantia do cuidado integral à população”, ressaltou.
A Conferência reúne, de forma presencial e remota, cerca de 2 mil participantes de todos os estados brasileiros, entre gestores, profissionais e especialistas. Segundo a presidente Tânia, o evento ocorre em um momento simbólico para ampliar horizontes, reconhecer desafios comuns e construir soluções compartilhadas, com foco na organização do cuidado, método, intencionalidade e compromisso ético.
Assessoria de comunicação do Conass