A importância da Comunicação para a Segurança do Paciente

Para iniciar o mês de abril, dedicado à Segurança do Paciente, o Conass promoveu nesta segunda-feira (01), o webinário Comunicação e Trabalho em Equipe. Este é o tema da Campanha Abril pela Segurança do Paciente em 2024. A realização do debate faz parte de uma ação integrada com o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e  a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em alusão às ações desenvolvidas nesta área, no Brasil.

Carla Ulhoa, assessora técnica e coordenadora da Câmara Técnica do Conass de Qualidade no Cuidado e Segurança do Paciente (CTQCSP), explicou que a temática vai ao encontro de todas as ações que são executadas na área. “A comunicação e o trabalho em equipe estão totalmente relacionados à tomada de decisão que o gestor precisa ter, além claro de estar ligada diretamente com o trabalho de todos os profissionais envolvidos, por isso é tão importante discutir esse tema quando falamos em conscientização sobre a segurança do paciente”, ressaltou.

Para a assessora de Qualidade e Segurança do Paciente do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência, do Ministério da Saúde, Tatiane Batista, a parceria entre Ministério da Saúde, Conass, Conasems e Anvisa, é essencial neste tema desafiador. “Não há forma de avançarmos sem esse trabalho integrado e colaborativo, daí a importância de discutirmos essa temática. Precisamos sim, ter uma comunicação mais efetiva e mais empática, para que a comunicação de fato aconteça da melhor forma possível com o engajamento de toda a equipe”, disse. 

Já para a assessora técnica do Conasems, Rosangela Treichel, o tema é indiscutivelmente imprescindível para o Sistema Único de Saúde. “Temos um programa nacional que institui a Segurança do Paciente, mas a normatização, por si só, não é suficiente. É preciso mudar o processo de trabalho e isso exige movimentação e articulação entre as áreas, o que só é possível com uma comunicação efetiva”.


Representando a Anvisa, Magda Miranda, gerente de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde, sinalizou atribuições da vigilância sanitária no sentido de diminuir ou prevenir riscos a partir da intervenção sobre eles, inclusive nos serviços de saúde e citou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que apontam para a estimativa de que, em países em desenvolvimento, 1 a cada 4 pacientes está sujeito a um evento adverso enquanto recebe cuidados hospitalares, o que equivale a 15% de mortes a cada ano, associadas à má qualidade da assistência à saúde. 

Ela também apresentou materiais da OMS com conceitos e estratégias sobre comunicação e trabalho em equipe para a otimização do cuidado seguro aos pacientes e concluiu chamando a atenção para a importância de trazer luz à questão. “É fundamental fazermos essa mobilização em torno desse assunto tão complexo. Começamos bem o mês com esse debate e é importante que consigamos, dentro dos nossos serviços de saúde, movimentar as equipes. Quem faz a Segurança do Paciente são as pessoas que atuam em cada local por isso é importante esse movimento”, enfatizou.

 

Comunicação em Risco

Quem apresentou a experiência da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), com a comunicação de risco no contexto da Segurança do Paciente, foi o oficial de Comunicação da Opas, Luís Felipe Sandenberg. Ele fez um breve retrospecto das campanhas anteriores de Segurança do Paciente, fez menção ao conceito da comunicação de risco e chamou a atenção para a necessidade de se considerar que o risco não é entendido da mesma forma pelos diferentes atores envolvidos. “Um especialista, por exemplo, tende a entendê-lo com base em informações, pesquisas, evidências etc., já os pacientes, familiares, populações em risco e até mesmo os tomadores de decisão, não necessariamente entenderão o grau de perigo da mesma forma, por isso que é importante compreendermos as percepções de cada ator envolvido na segurança do paciente para que a gente possa ter uma comunicação mais efetiva”, alertou.

Luís apresentou algumas ferramentas utilizadas pela OMS, como o guia sobre comunicação de risco-benefício e a criação de curso/jogo interativo, e pontuou algumas características fundamentais para que a comunicação seja de fácil entendimento, como por exemplo, considerar crenças, valores e percepção de risco de cada público, focar no que as pessoas precisam saber e devem fazer, além de explicar, com base em evidências e fatos, qual o risco e contexto da situação. “É necessário somar a informação precisa com a divulgação em tempo oportuno das mensagens e também a empatia com a transparência. É isso que vai transmitir a credibilidade e a confiança necessárias para que tenhamos uma comunicação de risco bem sucedida no tema da segurança do paciente e termos uma população com mais saúde, bem estar e qualidade de vida”, concluiu.

Experiência exitosa

A experiência positiva do Hospital do Trabalhador, em Curitiba/PR, foi apresentada pela enfermeira Josiane Bughay que compartilhou os aprendizados e os desafios de como a segurança do paciente é vivida na ponta, dentro do ambiente hospitalar. “A comunicação é o elo essencial para estabelecer vínculo com as pessoas e, na saúde, a comunicação permeia todos os nossos processos de trabalho”, iniciou.

Citando ações inovadoras que foram implementadas no hospital, a enfermeira destacou dois projetos:  Saúde em Nossas Mãos, desenvolvido por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi SUS), e o Projeto Lean nas Emergências. Estas iniciativas, segundo a enfermeira, representaram um divisor de águas no exercício da sua profissão e a fizeram enxergar todas as necessidades do paciente a partir de uma nova ótica.

Dentre as estratégias utilizadas nestes projetos, destacam-se aquelas voltadas à comunicação e que contemplam a escuta dos pacientes e de profissionais que prestam assistência direta, além da construção de diagramas que apontam os principais problemas mais frequentes relacionados à prestação dos serviços. 

Josiane também citou estratégias que envolvem a alta organizada, a fixação de profissionais nos leitos, a comunicação visual que ajuda a organizar melhor os instrumentos de atendimento aos pacientes, além do envolvimento direto dos gestores.

O Conass e a Segurança do Paciente

O Conass reforça o seu papel crucial no fortalecimento da Segurança do Paciente por meio da Câmara Técnica de Qualidade no Cuidado e Segurança do Paciente (CTQCSP). “Temos mudado de forma significativa a promoção e a prevenção desse tema nas Secretarias Estaduais de Saúde”, afirmou a coordenadora da CTQCSP, Carla Ulhoa. 

Ela esclareceu ainda que este é um trabalho feito a partir da estreita colaboração dos gestores, com frutos positivos que têm resultado no desenvolvimento de estratégias para aprimorar a área em todos os níveis de Atenção à Saúde.

Carla citou o projeto da Planificação da Atenção à Saúde que tem desenvolvido a Segurança do Paciente na Atenção Primária à Saúde. “Estamos mudando a realidade da criação de Núcleos de Segurança do Paciente, relacionados à APS no Brasil  e contribuído para o seu fortalecimento como prioridade na agenda da saúde pública brasileira”, finalizou.

Assista, no vídeo abaixo o debate na íntegra.

Assessoria de Comunicação do Conass

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