Ciência de Dados como auxílio à tomada de decisão dos gestores é destaque em debate no Conass

“O SUS é continental em suas dimensões, assim como os seus desafios. Hoje temos uma base de dados gigantesca, mas infelizmente as informações na sua maioria são fragmentadas e não conversam entre si”, disse o gerente de Comunicação social do Conass, Marcus Carvalho, ao iniciar o sexto episódio da Jornada de Debates sobre a Gestão Estadual do SUS, realizado nesta terça-feira (23), com o tema Informática e Informação, Comunicação e Cieges (Centros de Informações Estratégicas para a Gestão Estadual do SUS).

Segundo Carvalho, essa fragmentação resulta em uma enorme complexidade em respotas que precisam ser simples para que o gestor tome as decisões necessárias em tempo hábil.

Ele ressaltou que o Ministério da Saúde, junto com Conass e Conasems discutem há alguns anos, estratégias que façam com que os sistemas de informação já existentes no SUS conversem entre si, no entanto observou que, mudar esses sistemas, exige uma carga de esforço e complexidade muito grande.

O assessor técnico do Conass, Felipe Ferré, falou sobre ciência de dados de um ponto de vista amplo e fez uma analogia entre saúde pública, sanitaristas e biopolítica. “Fazer saúde pública é lidar com a biopolítica que trabalha com dados”.

Ferré enfatizou que a informática em saúde é um conhecimento quase que informal, existente há poucas décadas e ainda em fase de consolidação e observou que, quando se fala em gestão informada por evidências, é importante que o sanitarista conheça o vocabulário da informática.

Ele explicou que, tanto no Cieges, como também em toda parte da ciência de dados, três grandes áreas são procuradas: ciências da saúde, matemática da saúde e ciências da computação. Destacou ainda que, consolidar os dados para monitoramento e avaliação, é um dos desafios do SUS.

O assessor também mencionou atos normativos, passando pela a portaria que instituiu a Rede Integrada de Informações para a Saúde (Ripsa) em 1996, até a portaria GM/MS n. 1768/2021 que dispõe sobre a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS), entre outros.

Para contextualizar como a ciência de dados pode auxiliar o SUS com a judicialização da saúde de maneira efetiva, Ferré citou o estudo Médicos, advogados e indústria farmacêutica na judicialização da saúde em Minas Gerais, Brasil. “Não estamos falando que a ciência de dados é soberana para a tomada de decisões, mas os resultados deste estudo exemplificam o que pode ser feito com esses dados”, disse.

“Para isso fizemos o Cieges”, disse Marcus Carvalho que afirmou ainda ser

necessário responder ao cenário de extrema fragmentação de dados. “Temos uma indústria farmacêutica com robusta capacidade de ciência de dados e não só ela, mas também vários atores externos ao SUS que investem pesado para entender a dinâmica do sistema. Nós precisamos ter uma resposta”.

O objetivo do Cieges é organizar, integrar e disponibilizar informações estratégicas para a gestão do SUS e hoje a base de dados do Conass já possuiu mais de 20 bilhões de registros organizados. “Nossa ideia e ter um arcabouço de dados que nos permita entender a jornada do usuário dentro do SUS. Precisamos organizar e integrar as informações que estão no Datasus, nas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e fora do SUS para entender a dinâmica do sistema propiciando que o planejamento seja, de fato, mais efetivo”.

A assessora técnica do Conass, Juliane Alves, apresentou casos de sucesso em que o Cieges atuou para o auxílio a gestores para a tomada de decisões, como o painel de monitoramento de leitos de UTI e o painel de excesso de mortalidades. “Na pandemia, quando o Ministério da Saúde começou a habilitar leitos de UTI, percebemos que o gestor precisava dos dados rapidamente e nos deparamos com a falta de padronização das portarias, o que dificultava a coleta, foi então que fizemos um banco de dados com todas essas informações que foram publicadas no Diário Oficial da União e disponibilizadas neste painel em tempo hábil para que o gestor pudesse acompanhar o cenário de leitos até mesmo no nível municipal”, explicou.

Para Juliane, a tecnologia tem alto potencial à serviço do SUS e das políticas de saúde.

O procurador do Estado do Maranhão, Carlos Henrique Falcão, observou que o Cieges potencializará o trabalho dos procuradores e solicitou ainda que seja verificada a possibilidade de integração dos dados do Cieges com os Núcleos de Apoio ao Judiciário (Natjus). Segundo ele, essa integração possibilitará aos juízes ter uma visão ampliada sobre os processos judiciais, podendo julgá-los de maneira mais rápida e efetiva.

Acesse aqui a apresentação dos assessores do Conass.

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