Cobertura vacinal e possível avanço da Covid-19 preocupa gestores da região Norte

Ministério da Saúde, Opas e Conass participaram na noite de quarta-feira (24) de reunião com os secretários estaduais de saúde da região Norte para discutir estratégias, considerando a heterogeneidade da cobertura vacinal nos estados do Norte. Outra preocupação se dá em relação ao cenário mundial da Covid-19 e a vulnerabilidade da região devido às fronteiras com outros países.

O secretário de Saúde do Amapá, vice-presidente do Conass na região, Juan Mendes, destacou a dificuldade de notificação do número de vacinados no estado, considerando que problemas a insuficiência de digitadores, que leva ao represamento dos dados referentes à vacinação.

“Sabemos da necessidade de trabalhar, junto aos municípios, estratégias como vacinação em domicílio, apesar do custo elevado, considerando a realidade local e cultural de populações como a do Oiapoque, e apostar em cuidados não convencionais para desconstruir resistências em relação à vacina, com comunicação adequada que sensibilize a população”, defendeu.

Rosana Leite de Melo, secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, destacou que a região precisa de atenção, considerando suas peculiaridades e também a sazonalidade e o aumento das doenças respiratórias nos meses que virão. “As baixas coberturas na América Latina também levam à tendência em aumento de casos”.

O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, ressaltou que, devido à sazonalidade, a região Norte já sofreu anteriormente com situações complicadas em relação à pandemia, levando à necessidade de ações urgentes e, agora, com a baixa cobertura vacinal em relação ao país.

Para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil tem experiência com vacinação e pode ser exemplo mundial para países que não tem cultura e/ou estratégia de vacinação oportunas. “Os países mais atingidos e com mais óbitos são aqueles com baixa cobertura vacinal, seja pela força dos grupos anti-vacina, seja pela resistência ao lockdown e demais restrições”, relatou a representante da Opas no Brasil, Socorro Gross.

“O Brasil pode mostrar ao mundo que vacinar pode ser um sucesso. Tem vacina, o que é uma vantagem em relação a outros países que querem vacinar, e tem a experiência. Quando falamos de cobertura, é preciso mais que 90% para conter o colapso hospitalar, e mais de 95% se tratando de pessoas em situação de risco”, esclareceu Gross.

Ela enfatizou ainda que, na região das américas, o Brasil pode suportar uma terceira onda, porém, a região Norte requer atenção especial pois tem uma geografia difícil, profissionais de saúde esgotados e, por vezes, escassez de insumos. Além disso, há a preocupação com as festas de fim de ano e com a retomada da economia, por isso, é preciso proteger a população.

O coordenador técnico do Conass, Fernando Cupertino, disse que é preciso buscar homogeneidade de cobertura vacinal, priorizando a atuação nos municípios com baixa cobertura, além de sistematizar dificuldades apontadas, como carência de pessoal, problemas de notificação vacinal, entre outro, para traçar estratégias a serem adotadas a partir do diagnóstico, a fim de corrigir os problemas e para realizar uma comunicação efetiva de acordo com realidade local e cultural.

A desobrigação do uso de máscaras, o cansaço da população em relação às medidas restritivas, e a mudança no calendário de segunda dose foram destacados pelo secretário de Saúde do Tocantins, Afonso Piva. “Muitos municípios não estão conseguindo imunizar a população. Em alguns deles, inclusive, as vacinas estão vencendo. Falta reforço do incentivo do governo federal para encorajar e estimular as pessoas que estão com medo da vacina. Falta uma campanha mais forte para conscientizar a população”, defendeu.

Os gestores listaram algumas estratégias já adotadas para fomentar o avanço da vacinação contra a Covid-19, como o aumento da busca ativa, a comunicação efetiva de mudanças no calendário e nos postos de vacinação, a possibilidade de descontos nas compras junto ao comércio, entre outras.

O secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, argumentou que serão necessários encontros individuais nos estados, com designação de responsáveis pelo Ministério da Saúde, Opas e pelo Conass, para sistematização de estratégias que contemplem as realidades de cada estado e cada município da região para busca de soluções conjuntas e imediatas.

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