Começa V Jornada de Prevenção do Suicídio no DF

prevencao_suicidioNo mundo, são mais de 800 mil casos consumados por ano; DF teve 130 registros apenas em 2015 

BRASÍLIA (5/9/16) – Com o tema “Conectar. Comunicar. Cuidar: Fortalecendo a Rede na Prevenção do Suicídio”, foi aberta a V Jornada de Prevenção do Suicídio, nesta segunda-feira (5). O evento é promovido em alusão ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, comemorado em 10 de setembro, e foi marcado pela presença de servidores, profissionais da saúde, bem como estudantes. A programação vai até esta terça-feira (6).

De acordo com dados oficiais apresentados no evento, em 2015, 130 pessoas retiraram a própria vida no Distrito Federal. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, são cerca de 800 mil casos por ano, ou seja, a cada 40 segundos um suicídio é consumado. Além disso, a OMS acredita que 90% dos casos poderiam ser evitados, porque, na maioria das vezes, estão relacionados a transtornos mentais, como a depressão, que poderiam ser tratados.

“O suicídio é um tema extremamente difícil e complicado para o profissional de saúde, porque muitas vezes o paciente já chega em um estágio psíquico tão avançado que temos a sensação de que podemos contribuir pouco. Por isso, temos que debater este tema para mostrar que é possível ajudar, esta é a melhor atitude que podemos ter”, disse a diretora de Saúde Mental, da Secretaria de Saúde, Ana Luisa Lamounier Costa.

Ao avaliar que o suicídio é um problema de saúde pública não atrelado apenas aos profissionais, mas a toda a sociedade, a diretora executiva da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), Maria Dilma Teodoro, avalia que o mundo contemporâneo tem contribuído muito para essa situação.

“Hoje, o afeto não é valorizado. As emoções são pouco expressadas e as pessoas vivem na solidão. Por isso, todos temos que assumir a responsabilidade em relação ao suicídio”, destacou.

Já o professor coordenador do Núcleo de Intervenção em Crise e Prevenção do Suicídio do Instituto de Psicologia da UnB, Marcelo Tavares classificou que hoje há uma grave perda de habilidades sociais e emocionais. Segundo ele, “estamos vivendo em uma era perigosa, porque há transformações radicais e as pessoas não percebem o impacto disso também na vida dos jovens, que serão o futuro”.

“Quando o psicólogo ou psiquiatra é acionado, as pessoas já estão em um quadro de sofrimento muito grande. Hoje as famílias, em um mesmo ambiente de restaurante, ficam sem se falar. Em um parque, também avistamos aglomerados de pessoas que não se comunicam”, disse.

A psicóloga Beatriz Montenegro, responsável pela política distrital de prevenção ao suicídio no DF, explica que a forma de conectar, comunicar e cuidar pode ferir, alienar, impor, submeter, constranger, humilhar e silenciar o outro.

“Temos que lembrar que a comunicação com outros grupos, onde podem existir pessoas mais vulneráveis, pode causar diversos impactos. Quanto maior risco ela apresenta de cometer um suicídio, mas ela se silencia e se retrai”, explicou.

O estudante do quinto semestre de Enfermagem, Lucas Gualberto, que participou da abertura do evento, acredita que discutir o tema é importante para todo a sociedade. “O assunto suicídio muitas vezes é um tabu. As pessoas que tem depressão não revelam a situação, nem buscam ajuda. Por isso, o profissional de saúde é um importante de ator para identificar esses casos e prevenir certas situações”, finalizou.

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