Comunicação entre profissionais e pacientes é decisiva para melhoria da saúde

O Núcleo Estadual de Segurança do Paciente (Nesp) publicou um artigo voltado aos profissionais de saúde com título: “A adesão do paciente ao seu tratamento e o Letramento Funcional em Saúde (LFS)”. A divulgação do material é um dos desdobramentos da Campanha Abril pela Segurança do Paciente 2022. São informações sobre como a linguagem usada na comunicação entre profissionais e pacientes pode ser decisiva para melhoria da saúde.

Leia na íntegra:

A adesão do paciente ao seu tratamento e o Letramento Funcional em Saúde (LFS)

O termo Letramento Funcional em Saúde (LFS) é definido pela OMS como a capacidade cognitiva de entender, interpretar e utilizar/aplicar informações escritas ou faladas sobre saúde, de modo que um indivíduo com grau de letramento considerado satisfatório teria melhor condição de saúde do que uma pessoa com nível limitado de letramento. O baixo LFS implica na dificuldade de realização do autocuidado. O LFS é considerado atualmente pela OMS, como o 6º sinal vital e como principal fator para promoção em saúde.

Dito isso, pessoas com baixos índices de letramento em saúde tem mais déficit de conhecimento, são mais propensas a não saber como se comportar para reduzir sintomas, tem maiores internações, maiores dificuldades para comunicar com os profissionais de saúde comprometendo, desta forma, os processos de trabalhos e a segurança do paciente.

Assim, é de suma importância que o cuidado em saúde seja viabilizado de tal forma, que a comunicação e os questionamentos realizados pelos pacientes sejam, prontamente respondidos, para que, desta forma, o autocuidado seja efetivo. E além disso, pacientes com letramento em saúde inadequado tendem a vivenciar mais situações que ameaçam a sua segurança, como por exemplo no uso correto de medicações e demais eventos adversos que possam ocorrer por má interpretação ou falta de comunicação nas orientações com os profissionais de saúde.

De acordo com as recomendações da Healthy People (2030), até mesmo os pacientes com altos níveis de letramento podem sentir dificuldade para compreender e interpretar as informações e serviços de saúde, o que argumenta a favor de uma mudança e reavaliação do letramento em saúde como uma ferramenta capacitiva tanto individual como organizacional, que afetaria diretamente a qualidade e os serviços de saúde prestados, visando a precaução de eventos adversos. E a qualidade da atenção à saúde e o sucesso em seu gerenciamento passam pela compreensão acerca das informações que sejam relevantes para as condições dos pacientes, sejam tais condições agudas ou crônicas.

Com isso é extremamente relevante, para as questões do letramento funcional em saúde, a rede de interação constituída pelos profissionais, pelos sistemas de saúde e pelas condições de letramento dos usuários. E, tão importante quanto a competência de letramento dos pacientes, são o vocabulário e as habilidades de comunicação dos profissionais do campo da saúde, os quais viabilizam uma comunicação através de uma linguagem simples devendo ser considerada uma habilidade relevante, junto a outras competências, daqueles que exercem profissões no campo da saúde. Aqui estão oito sugestões, para começar:

1. Faça perguntas abertas para avaliar a compreensão do paciente sobre materiais escritos, incluindo rótulos de prescrição;

2. Use o método de comunicação Teach Back para determinar se um paciente entendeu suas instruções e pode repetir as informações com suas próprias palavras;

3.  Use o que chamo de “Mostrar de volta” ao ensinar um paciente a usar um dispositivo ou realizar uma tarefa específica, para demonstrar o uso correto;

4.  Entregue o material escrito ao paciente de cabeça para baixo enquanto o discute e observe se ele o vira para cima;

5.  Use uma linguagem simples. Evite terminologia médica complicada ou jargão; Use palavras comuns e simples para ser o mais claro possível e minimizar o risco de mal-entendidos. Por exemplo: Diga “engolir” em vez de “deglutir” / Diga “prejudicial” em vez de “adverso” / Diga “gorduras” em vez de “lipídios”/Diga “barriga” em vez de “abdômen” / Diga “durando pouco tempo, mas muitas vezes causando um problema sério” em vez de “agudo”

6.  Fale mais devagar ao fornecer instruções. Seja respeitoso e claro sem ser paternalista;

7.  Use gráficos e imagens em vez de longas instruções escritas;

8.   Forneça informações em um nível de ensino apropriado.

À medida que focamos os esforços em trabalhar para melhorar a segurança e a confiabilidade dos pacientes, devemos expandir nosso engajamento para além da padronização e simplificação dos cuidados em saúde. Devemos considerar como condição latente, que contribuem para o dano ao paciente, a forma como nos comunicamos com os pacientes durante a assistência em saúde. Repensar e aplicar uma comunicação com mais clareza e fornecer informações no nível de alfabetização apropriado a cada paciente será um passo de extrema importância.

Fonte: SES/RN