Confira como foi a live “Desafios para a intubação em tempos de pandemia”

O Conasems e o Conass reuniram representantes da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) na última sexta-feira (26) para um debate sobre as alternativas para o desabastecimento de medicamentos utilizados na intubação orotraqueal em todo país. Os participantes trouxeram um panorama sobre a situação atual brasileira e trataram a necessidade de qualificação dos profissionais de saúde que fazem o manejo dos pacientes e destes insumos

Estiveram presentes na reunião o assessor técnico do Conasems, Elton Chaves; o consultor de assistência farmacêutica do Conass, Heber Dobis; a diretora presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), Suzana Lobo; e a coordenadora da força tarefa de alocação de recursos em situação de escassez da AMIB, Lara Kretzer.

Heber Dobis deu início à conversa apresentando um panorama do trabalho realizado por Conass e Conasems desde o início dos avisos de um possível desabastecimento de medicamentos, em junho do ano passado. “Naquele momento percebemos que estávamos em um momento preocupante. Durante o mês de junho foram mandados quatro ofícios pelo CONASS sobre o desabastecimento. Em seguida, fizemos um levantamento que apontou sobrepreço dos produtos e percebemos que tínhamos um problema de acesso dos estados e municípios a essas medicações. Com isso, ficou entendido que o Ministério da Saúde deveria buscar soluções e centralizar uma ata de preços dos medicamentos, além de realizar aquisições emergenciais e internacionais para contornar a situação”, contou.

Confira aqui como denunciar casos de sobrepreço de medicamentos

De acordo com o assessor, após diversas intervenções realizadas por Conass e Conasems em busca de facilitar a aquisição desses medicamentos, o sistema de saúde passou por meses de tranquilidade quanto aos seus estoques. Porém, pelo aumento dos números de casos da Covid-19 em todo país e pela crise na cidade de Manaus, em janeiro deste ano, surgiram novos alertas de desabastecimento, cenário que tem se mantido até os dias atuais.

Heber explicou que medidas emergenciais estão sendo tomadas com objetivo de gerar melhorias da situação a nível nacional. Porém, avisou que durante as próximas semanas ainda haverão notícias de desabastecimento. “Se compararmos com o ano passado, esse é o pior momento, pois temos mais casos, menos estoques e mais procedimentos sendo realizados em outros leitos, como nas Upas e Hospitais de Pequeno Porte. As próximas semana serão dramáticas, de notícias pontais de desabastecimento, mas acredito que vamos superar esse problema mais uma vez”.

O técnico destacou que a informação sobre esses estoques é o que há de mais valioso para equalizar os estoques orientar as distribuições, por isso, quanto mais completa e ágil essa informação por parte das secretarias, mais bem orientadas as ações para o enfrentamento da escassez dos medicamentos do kit intubação. “Gostaria de deixar aqui um pedido para que as secretarias que lidam com esse problema nos enviem esses dados. Sabemos que é chato ter que preencher relatórios diariamente, mas é o que temos neste momento para conseguir minimizar o problema nesses casos”, disse.

Em seguida, Suzana Lobo agradeceu a oportunidade de falar em nome da Associação de Medicina Intensiva Brasileira e apresentou protocolos preparados para os médicos pela associação neste momento emergencial. “Esses protocolos visam todos os médicos que estão trabalhando de forma muito corajosa nesse momento. Nos protocolos tratamos a importância de uma triagem feita de forma adequada e indicamos a criação de mais leitos de cuidados paliativos, para que os cuidados da UTI possam ser racionados”. A diretora também fez um alerta sobre a falta de especialistas trabalhando atualmente em todo país. “Precisamos otimizar nossos recursos humanos, precisaríamos de 40 mil especialistas nesse momento e somos só 7 mil”, lamentou.

Lara Kretzer concordou com a fala de Suzana e fez uma apresentação sobre a alocação de recursos em situação de escassez, onde falou sobre a importância de uma boa triagem e das boas práticas durante esse momento tão delicado. A coordenadora também explicou brevemente sobre os protocolos emergências da AMIB. “Não queríamos que tivéssemos que usar esses protocolos, é um momento emergencial.  Os protocolos estão em constante aperfeiçoamento, por isso precisamos do feedback de quem está usando no front”, pediu.

Para finalizar a conversa, Elton Chaves relembrou o trabalho realizado pelo Conasems nos últimos meses para frear a escassez de medicamentos em todo país. Também tratou sobre a importância da coleta de dados e da mobilização de todos os gestores para atualização desses dados. “Os dados de estoque no começo do ano não mostravam qualquer tipo de desabastecimento, nós não tínhamos sinalização, o que tivemos foi o início na região Norte e um sinal amarelo em fevereiro. No momento que isso aconteceu, que chegaram os relatos dos secretários e as cartas da indústria, iniciamos a realizar todas as estratégias possíveis para ações de curto, médio e longo prazo. Precisamos da mobilização de cada serviço, dimensionar a nível nacional e essas informações estão sendo repassadas para a indústria”, explicou.

O assessor explicou que o que está sendo feito nesse momento busca amenizar a situação, mas que acredita que a oferta não vai suportar. “A situação atual não pode ter pioras, as quantidades de medicamentos que estão chegando vão equalizar os estoques de forma igualitária, mas não tudo. Estamos com protocolos para racionar os recursos, não é a primeira das alternativas, deveria ser a última, mas é o que podemos fazer neste momento. Estamos contando com todos os gestores dos estados e municípios. Conasems e Conass continuam nesse processo, não é fácil, vamos precisar de união, cooperação e buscamos trazer as ferramentas mais rápidas possíveis. Porém, se nós [a sociedade] não realizarmos todas as medidas não farmacológicas para conter o coronavírus, não vamos suportar”, lamentou.

Confira na íntegra:

Fonte: Conasems