“Os dados dizem coisas gritantes em relação às iniquidades em saúde. Os dados impactam o acesso e a qualidade do sistema de saúde, precisamos mudar isso”, disse Luís Eduardo Batista, Assessor para Equidade Racial em Saúde do Ministério da Saúde no Diálogos Conass, que aconteceu hoje (23), para chamar a atenção sobre a importância do tema.
Luís, que foi coordenador da Área Técnica de Saúde da população negra na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo durante oito anos, e este ano foi convidado para cuidar do tema ao lado da ministra Nísia Trindade, vem desenvolvendo estudos sobre impacto do racismo na saúde, sobre desigualdades raciais e saúde. “Antes o meu foco era pensar em estratégias para um estado. Hoje estou aqui para planejar políticas públicas para o País todo”, falou. Batista destaca que as desigualdades sociais decorrentes da cor da pele têm sido cada vez mais evidenciadas, ampliando o debate sobre a necessidade de enfrentamento ao racismo.
Para o assessor, é extremamente necessário constituir a memória coletiva do Brasil, principalmente em relação aos acontecimentos históricos. No entanto, observou que até hoje ainda há pessoas que negam estes acontecimentos, com discursos de que somos todos iguais, negando uma dívida histórica com a população negra. “No Brasil, os negros se encontram em maior proporção entre as populações vulneráveis. É evidente a ausência das políticas nos territórios, mostrando o quanto o País é desigual e pouco avançou na superação do racismo”, enfatizou.
O secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, destacou a relevância do tema para o Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente quando se trata da mortalidade materna. “Precisamos ter um olhar diferenciado para esse tema. Não há uma discussão sobre o racismo como um determinante de saúde”, falou.
Para Frutuoso a negligência no cuidado com essas pessoas reflete o racismo presente nos consultórios e acarreta discriminação no atendimento ao público. Segundo ele, o resultado é o adoecimento e a morte de pessoas negras em proporção muito superior à de pessoas brancas. “Devemos ficar atentos a esses dados, porque a omissão coletiva gera os resultados que temos visto hoje. Foi esta omissão histórica que fez com que o tenhamos os números alarmantes de hoje. Não podemos permitir que aconteça novamente”, disse.
Luís ressaltou que tratar desse tema com todos os estados será um dos passos para mudar os dados de hoje. Para ele, é necessário propor, fortalecer e intervir nas políticas públicas de saúde voltadas para essa população e mudar esse cenário. “Os desafios são muitos, mas tenho certeza que juntos podemos traçar estratégias como instrumento para dar respostas às necessidades da sociedade no combate ao racismo.”
—
Ascom Conass
ascom@conass.org.br
(61) 3222-3000