
Comunicadores em Saúde das Secretarias Estaduais de Saúde (SES), estão em Recife/PE no Encontro Pernambucano de Comunicação em Saúde e II Encontro Nacional de Comunicadores da Gestão Estadual do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa acontece a partir de uma ação da Secretaria Estadual de Saúde e da Câmara Técnica do Conass de Comunicação em Saúde (CTCS).
O fortalecimento da comunicação enquanto ferramenta estratégica para a consolidação do SUS é uma bandeira defendida pelo Conass, que tem na CTCS um espaço potente para a construção de práticas que contribuam para uma comunicação mais efetiva na saúde.
Além dos assessores de comunicação das SES, também participam do encontro, comunicadores das secretarias municipais de saúde, estudantes, profissionais da imprensa e profissionais da saúde.
Zilda Cavalcanti, secretária de Estado da Saúde de Pernambuco, chamou a atenção para a responsabilidade dos profissionais que fazem comunicação. “Vocês têm o poder de potencializar a saúde com uma comunicação feita na intenção de promover a saúde e não somente para promover a notícia”, disse.
A secretária enfatizou que é fundamental fortalecer a comunicação no SUS, especialmente em tempos em que a desinformação em saúde é tão praticada e reconheceu o esforço que o Conass tem feito, por meio da Câmara Técnica de Comunicação em Saúde para promover debates e a troca de experiências entre os comunicadores de saúde e os profissionais da imprensa.
Em uma aula magna, Zilda destacou o papel estratégico da comunicação como determinante social da saúde e como ferramenta essencial para a adesão a tratamentos, a prevenção de doenças e ao fortalecimento da confiança pública nas instituições. “Comunicar saúde é muito mais do que transmitir dados, envolve produção, circulação e apropriação de informações por diferentes públicos”, disse a secretária, citando em seguida, as campanhas de vacinação do SUS como exemplo de sucesso na mobilização social”.
Entre os principais desafios para a área, Zilda apontou a desinformação e as fake news, a desconfiança nas instituições, a sobrecarga informacional e os dilemas trazidos pela inteligência artificial. Segundo ela, a linguagem acessível, a transparência ética e a humanização da comunicação são fundamentais para combater esses obstáculos.
A secretária propôs estratégias de comunicação de risco e emergência, formação interprofissional, participação social e territorialização das ações, reforçando a necessidade de monitorar o impacto das mensagens e integrar práticas bem-sucedidas.
Marcus Carvalho, gerente da Assessoria de Comunicação do Conass e coordenador da CTCS, mediou uma roda de conversa que abordou os desafios da infodemia e da desinformação. “A comunicação em saúde precisa ser estratégica para a gestão do SUS, pois impacta diretamente na efetividade das políticas públicas. Este evento tem importância especial na troca de experiências e no fortalecimento de uma rede de comunicadores, ocupando espaços e enfrentando a desinformação”, destacou.
Para a superintendente do Canal Saúde, Márcia Corrêa e Castro, é importante ressaltar que a desinformação não é uma novidade das redes sociais. “Sempre tivemos (desinformação), no âmbito da comunicação. As redes sociais só alavancaram esse fenômeno a um patamar que nunca tivemos acesso antes”, observou.
Márcia disse que o problema só será resolvido quando houver a regulação das redes. “É preciso ter mais transparência neste comércio de dados. Nós, enquanto comunicadores do SUS, podemos reduzir danos e é o que o Canal Saúde tem feito”, disse.
Ela concluiu pontuando que o orçamento para a comunicação ainda é um grande desafio e disse ser necessário investir em novas linguagens e em divulgação.
Para a jornalista especialista em Saúde, Cinthya Leite, quem trabalha com comunicação em saúde precisa estar sempre atento ao viés de confirmação das informações que chegam. “Precisamos filtrar e passar para a população de forma clara e compreensiva a informação que recebemos”, explicou.
Cinthya enfatizou que a infodemia traz também vulnerabilidade. “Em uma redação, nós estamos o tempo todo sendo bombardeados com conteúdos de vários assuntos, o que nos deixa bastante vulneráveis. Por isso, precisamos ter cautela para filtrar e compartilhar, de maneira responsável, aquilo que chega”, concluiu.
Questionada sobre como fazer a comunicação ser efetiva em uma secretaria tão robusta, Joelli Azevedo, superintendente de Comunicação da SES/PE, explicou que a complexidade da informação é um grande desafio, daí a importância de manter as áreas técnicas da secretaria próxima da comunicação. “Em saúde, nós temos a vigilância, a assistência, a coordenação geral e várias outras áreas que trabalham individualmente e nós nem sempre temos o entendimento daquelas questões. Quando chega uma demanda, é importante termos essa abertura com essas áreas para que elas nos expliquem melhor o que é relevante informar e a partir daí a gente consiga fazer uma comunicação de qualidade”, enfatizou.
Joelli apontou ainda o desafio institucional de trabalhar em conjunto com os municípios e ressaltou a importância de manter uma comunicação contínua com quem está na ponta para que a informação seja única e correta.
No primeiro dia do evento, os debates também abrangeram a Rede Nacional de Dados no SUS e inteligência artificial na saúde, gestão de crise em saúde pública e a apresentação de experiências exitosas.
Amanhã acontecerão oficinas temáticas práticas, com temas como fake news e novas tecnologias, Lei Geral de Proteção de Dados na Saúde, produção multimídia, redes sociais e jornalismo e uso de inteligência artificial generativa na comunicação institucional.
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Assessoria de Comunicação do Conass