Secretários de saúde dos estados amazônicos, representantes do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional iniciam construção de propostas para fortalecer o SUS na região
Em Belém, começou nesta segunda-feira (14) a reunião da Câmara Técnica de Atenção à Saúde, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), realizada em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa, no Hotel Atrium Quinta de Pedras. O evento reuniu representantes das secretarias estaduais da Amazônia Legal para debater desafios e construir propostas concretas para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) a partir das especificidades regionais.
O primeiro dia de encontro contou com a presença do governador do Pará, Helder Barbalho, reforçando o compromisso do Estado com o fortalecimento da saúde pública na Amazônia. Estiveram presentes também a secretária de Estado de Saúde Pública, Ivete Vaz; o secretário-adjunto de Gestão Administrativa da Sespa, Edney Mendes Pereira; a secretária-adjunta de Gestão de Políticas de Saúde, Heloísa Guimarães; representantes do Ministério da Saúde, do Conass, da Secretaria de Saúde Indígena e do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems).
Durante a abertura, Helder Barbalho destacou o simbolismo de sediar o encontro no Pará, especialmente neste momento de protagonismo da Amazônia. “É uma alegria sediar um momento de tamanha importância, reunindo pessoas que constroem a saúde pública no Brasil. A integração entre municípios, estados e União é essencial para que possamos, de forma conjunta, contribuir com ações efetivas em saúde para toda a sociedade brasileira”, afirmou o governador do Pará
Ao saudar os participantes, a secretária Ivete Vaz destacou a importância histórica do encontro. “Com muita honra e alegria recebemos o Conass em nossa região. É a primeira vez que vemos uma reunião técnica como essa ser realizada na Amazônia. É um momento simbólico e, ao mesmo tempo, estratégico para avançarmos juntos em soluções concretas para os desafios que enfrentamos diariamente, como a logística, a fixação de profissionais e a atenção especializada nas áreas mais remotas”, disse a gestora.
Debates – No primeiro dia de evento foram apresentados temas centrais, como o mapeamento da atenção especializada no SUS, as perspectivas de atuação da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e o cuidado em territórios fluviais, onde os rios são as principais vias de deslocamento. Também foram debatidas experiências e soluções regionais, como a descentralização de cirurgias no Acre, a universalização do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) no Pará, a contratualização hospitalar em Rondônia e o cuidado oncológico no Maranhão.
A presidente do Cosems-Pará, Jucineide Barbosa, destacou as limitações financeiras enfrentadas pelos municípios e a necessidade de políticas adaptadas à realidade amazônica. “A maioria dos nossos municípios sobrevive com repasses federais e estaduais. Muitos não têm arrecadação própria significativa, o que torna ainda mais difícil garantir acesso equitativo à saúde em territórios tão extensos e isolados. É fundamental que o plano de regionalização ouça, de fato, os estados e os gestores municipais”, afirmou Jucineide Barbosa, defendendo que encontros como o realizado em Belém sejam espaços permanentes de escuta e construção conjunta.
Integração – O secretário-executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, reforçou o objetivo da câmara técnica. “O Conass tem se esforçado para manter a região Norte no centro das discussões, considerando os desafios únicos que ela apresenta. Este encontro visa justamente formular estratégias conjuntas entre estados e governo federal para enfrentar essas questões de forma estruturada e integrada”, declarou.
Representando o Conass na região Norte, a secretária de Saúde do Amazonas, Nayara Matsudi, destacou a união dos estados na busca por políticas públicas mais eficazes. “Estamos construindo uma agenda que dialogue com a realidade da população da Amazônia Legal. A presença do Ministério da Saúde e do Conass aqui demonstra que estamos no caminho certo para consolidar políticas regionais, que não tratem o Brasil como uma realidade única, mas respeitem suas múltiplas Amazônias”, ressaltou.
A secretária de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Lucinha Tremembé, reforçou a importância de discutir as especificidades culturais e organizacionais da saúde indígena. “É uma oportunidade ímpar para planejarmos a integração das políticas e melhorarmos a assistência à população indígena, respeitando sua cultura e modo de vida”, disse.
COP 30 – O titular da Diretoria de Gestão Interfederativa e Participativa do Ministério da Saúde, André Bonifácio, destacou a complexidade da região e a importância de construir propostas personalizadas. “Não existe uma única Amazônia, assim como não existe um único Brasil. Se acertarmos aqui, acertamos em qualquer lugar. A agenda construída por vocês é promissora, e queremos que, até a COP 30, possamos apresentar resultados concretos oriundos dessa colaboração entre estados e governo federal”, afirmou.
A programação da Câmara Técnica prossegue nesta terça-feira (15), com reunião na Ilha do Combu (área insular de Belém), onde os representantes das 27 secretarias estaduais apresentarão experiências exitosas e participarão do lançamento de uma plataforma virtual do Conass, com práticas regionais.
No último dia haverá visita técnica ao Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, para conhecer de perto iniciativas que podem servir de modelo para outros estados.
Por Giullianne Dias (SESPA)