Espiríto Santo – Sesa orienta a população a evitar contato com água de enchentes

O contato direto com a água suja pode gerar doenças como a leptospirose. Pés e mãos devem estar protegidos.

Com as chuvas fortes que vêm caindo nos últimos dias e que prosseguem até domingo – conforme alerta da Defesa Civil Estadual, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) chama a atenção da população para evitar o contato direto com a água suja de enchentes e alagamentos e, assim, prevenir a contaminação por doenças como a leptospirose.

A gerente de Vigilância em Saúde do Estado, Gilsa Rodrigues, diz que a Sesa está preocupada em evitar eventual aumento de casos de doenças que podem ser transmitidas pela água parada. Também ressalta a necessidade de se esvaziar os depósitos que acumulam água de chuva porque criam condições favoráveis para a proliferação do mosquito da dengue.

“As pessoas devem evitar entrar em contato com a água de enxurrada. Pés e mãos devem estar protegidos. Se a pessoa não tiver bota, deve usar sapato fechado ou até colocar uma sacola de supermercado sobre o calçado e evitar que a pele entre em contato com a água que pode estar contaminada com urina de rato”, recomenda.

Outra recomendação importante é não comer alimentos que podem ter entrado com água de enchente e lama. “Se a casa da pessoa foi alagada, nem alimentos de latas de conservas devem ser aproveitados. Não há garantia de que estão livres de contaminação”, avisa.

Também não se deve ingerir água de fontes ou minas inundadas por alagamentos ou enchentes. A água não deve ser aproveitada sem tratamento.

“Se você entrou em contato com água de enchente e desenvolveu sintomas como dor de cabeça, dor no corpo e náuseas – comuns à leptospirose, hepatite A, febre tifóide e diarreia – deve procurar unidade de saúde e informar ao médico”, orienta Gilsa.

 

Principais doenças

Leptospirose: doença infecciosa grave causada pela bactéria Leptospira, eliminada principalmente pela urina dos ratos. A transmissão acontece por meio de contato com água ou lama contaminada. Os sintomas são febre, dor de cabeça, dor na panturrilha, fraqueza, sangramentos na pele e mucosa e insuficiência renal. Em 2011 houve 115 casos e em 2012, 103. Neste ano, há 17 registros até o momento.

Diarreia: pode ser causada por vírus ou bactérias. Ingestão de água ou alimentos contaminados são os maiores vilões. Fezes moles, aumento do número de evacuações, dor de barriga, vômito, náuseas e febre podem indicar a doença.

Febre tifoide: causada por bactéria e está relacionada a condições ruins de saneamento básico e higiene pessoal. É transmitida por meio de água e alimentos contaminados com fezes e urina de pessoas com a doença. Febre alta, dor de cabeça, mal-estar, falta de apetite, intestino preso ou diarreia estão entre os principais sintomas.

Hepatite A: é uma doença que atinge o fígado, transmitida por meio de água ou alimentos contaminados. São sintomas da hepatite A: perda de apetite, febre, dores de cabeça, dor abdominal, mucosas e pele com cor amarelada e fezes brancas.

 

Limpeza em caso de alagamento

Cuidados com a água para o uso doméstico: Nos alagamentos, o sistema doméstico de armazenamento de água pode ser contaminado, sendo necessária sua desinfecção. A limpeza dos reservatórios é necessária, mesmo quando os mesmos não são atingidos diretamente pela água da enchente.

Para limpar e desinfetar o reservatório (caixa d’água) recomenda-se:

– Esvaziar a caixa d’água completamente e lavá-la, esfregando bem as paredes e o fundo. Retire toda a sujeira, utilizando pá, balde e panos. Não esquecer que se deve usar botas de borracha e luvas nesta atividade;

– Após concluída a limpeza, colocar 1 litro de água sanitária para cada 1 mil litros de água do reservatório;

– Abrir a entrada para encher a caixa com água limpa;

– Após 30 minutos, abrir as torneiras por alguns segundos, com vistas à entrada da água com solução na tubulação doméstica;

– Aguardar 4 horas para a desinfecção do reservatório e canalizações;

– Abrir as torneiras, podendo aproveitar a água para limpeza em geral de chão e paredes.

 

Cuidados na limpeza da lama residual

A lama dos alagamentos tem alto poder infectante e nestas ocasiões fica aderida aos móveis, paredes e chão. Recomenda-se então retirar essa lama (sempre se protegendo com luvas e botas de borracha) e lavar o local, desinfetando-o a seguir com uma solução de água sanitária na seguinte proporção: para um balde de 20 litros de água, adicionar quatro xícaras de café (copinhos de 50 ml) de água sanitária.

 

Cuidados com os alimentos

É essencial a atenção aos alimentos que entraram em contato com as águas de alagamento, pois poderão ser contaminados. O ideal como prevenção é armazená-los em locais elevados, acima do nível das águas. Se isto não for possível, recomenda-se:

– Manter os alimentos devidamente acondicionados, fora do alcance de roedores, insetos ou outros animais;

– Lavar frequentemente as mãos com água tratada antes de manipular os alimentos;

– Frutas em geral, verduras, legumes, arroz, feijão, soja, ervilha, entre outros, devem ser inutilizados, pois sofrem transformações quando em contato com a água de enchente;

– Carnes, peixes, leite, ovos, pão, açúcar, café, manteiga, também devem ser inutilizados, pois se contaminam facilmente pelas águas, além da natureza de suas embalagens, que geralmente são de plástico ou papel; portanto, é perigosa qualquer tentativa de aproveitamento dos mesmos.

– Linguiça, mortadela, queijos, e derivados, deverão ser também inutilizados após o contato com a água, pois sua contaminação é total devido ao tipo de embalagem, geralmente de plástico ou papel;

– As latas que estiverem amassadas, enferrujadas ou semiabertas deverão ser inutilizadas, porém, as que permanecerem em bom estado e onde se tem certeza de que não houve contato da água com os alimentos nelas contidos, poderão ser lavadas com uma solução de água sanitária na proporção de 1/100, preparada do seguinte modo: 1 litro de água sanitária para 100 litros de água, ou ½ litro de água sanitária para 50 litros de água, ou ¼ litro de água sanitária para 25 litros de água.

 

Medidas de prevenção

– Não jogar lixo ou objetos nos rios. Isso represa as águas, e com a chuva pode causar enchentes;

– Evite contato com água e lama de enchentes e impeça que as crianças nadem ou brinquem nesses ambientes;

– Evitar contato com água e lama, usando sempre botas e luvas de borracha, ou sacos plásticos amarrados nos pés e nos braços;

– Colocar o lixo em sacos plásticos e em recipientes tampados, para evitar a proliferação de ratos e deixar para coleta pouco antes de o lixeiro passar;

– Todo alimento exposto à água contaminada deve ser jogado fora;

– Ferver e filtrar a água de beber;

– Manter os quintais sempre limpos, evitando acumular entulhos que favoreçam o esconderijo de ratos;

– Guardar os alimentos em lugares secos e dentro de recipientes fechados;

– Colocar telas nos ralos para evitar o acesso de roedores;

– Solicitar água da empresa distribuidora de água no caso de desabastecimento.

Romero Mendonça/Secom

Assessoria de Comunicação da Sesa

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Texto: Maria Angela Siqueira

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