Estados que compõem a Amazônia Legal debatem desafios e soluções para fortalecer o cuidado em saúde na Região

Grupo de Trabalho da Amazônia Legal discute as prioridades de saúde da região

Para aprofundar a análise dos desafios em saúde da Região Amazônica e propor soluções adaptadas às realidades locais, o Conass reuniu, nesta segunda-feira (03), o Grupo de Trabalho da Amazônia Legal, composto por técnicos das Secretarias Estaduais de Saúde dos estados que compõem a região. A reunião, coordenada pelas assessoras técnicas do Conselho, Luciana Tolêdo e Luciana Vieira, contou com a participação da secretária estadual de Saúde do Pará, Ivete Gadelha e de representantes do Ministério da Saúde.

O grupo, vinculado à Câmara Técnica do Conass de Atenção à Saúde, debateu a possibilidade de criação de um repositório de descritivos para serviços aéreos e de ambulanchas, os desafios de levar atenção especializada a territórios indígenas, especialmente os relacionados ao câncer de colo de útero e refletiu ainda sobre a necessidade de incluir as Escolas Estaduais de Saúde Pública nesse contexto. 

Abrindo o encontro, Jurandi Frutuoso, secretário executivo do Conass, observou que o momento é oportuno para a discussão, especialmente pela realização da COP 30 que traz o holofote para a Amazônia. “Precisamos entender o problema do outro para que possamos cooperar. Essa região exige um olhar diferenciado para as políticas de saúde que ali acontecem, além de um trabalho mais regular e coordenado entre as três esferas de gestão”, destacou

Ivete Gadelha, secretária estadual de Saúde do Pará, participou da reunião

Frutuoso.

Sobre a aproximação do grupo com as Escolas Estaduais de Saúde Pública, Haroldo Pontes, assessor técnico do Conass, citou a evolução destas instituições em todo o Brasil e enfatizou a importância dessas instâncias no apoio às secretarias estaduais de saúde e na integração de esforços para o fortalecimento da Atenção Especializada na região, a partir de capacitações de profissionais, pesquisas etc. Atualmente, 22 escolas já estão implementadas e outras quatro estão em processo de implementação. 

Ele sugeriu a realização de um evento no primeiro trimestre do ano que vem para promover essa articulação entre as áreas para construir soluções sustentáveis a partir da articulação entre as áreas.

O grupo reforçou a importância dessa aproximação da gestão estadual com a pesquisa e com a educação em saúde, e reiterou a necessidade de estimular a integração entre as escolas estaduais de saúde pública e os serviços de atenção especializada. 

No debate sobre a criação de  repositório de descritivos para serviços aéreos e de ambulanchas, a  secretária adjunta de Atenção à Saúde do Acre, Ana Cristina Moraes, mostrou o impacto da logística no cuidado em saúde no estado. Com rodovias comprometidas e trechos intrafegáveis, o transporte aéreo se tornou indispensável para o atendimento em emergências. “Investir em logística é investir em vida, cada estrada aberta, cada unidade mista fortalecida e cada aeronave habilitada representa uma vida salva”, destacou.

Ana Cristina Moraes (SES/AC) e Liege Maria Rodrigues (SES/AM)

Já a experiência do Amazonas com as ambulanchas foi apresentada pela secretária executiva da Assistência da Secretaria de Estado da Saúde, Liege Maria Rodrigues. Ela lembrou que, em muitos municípios ribeirinhos, o acesso aos serviços de saúde depende quase exclusivamente das vias aquáticas. “Nosso papel é transformar as diferenças em aprendizado e garantir que o cuidado chegue a todos, respeitando cada território e cada paciente”, ressaltou Liege.

Desafios da Atenção Especializada nos territórios indígenas

No encontro, os técnicos das secretarias conheceram o projeto de promoção de melhorias assistenciais no cuidado integrado e na articulação da rede em relação às linhas de atenção ao câncer de colo do útero e atenção à saúde materna e infantil na saúde indígena, o Projeto MICCI.
A iniciativa, desenvolvida em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein, foi apresentada pela assessora técnica de saúde da mulher da Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS), Alaine Arruda, atua em distritos sanitários indígenas prioritários com metodologias participativas e foco em interculturalidade. 

O objetivo do projeto, segundo explicou a assessora da Sesai, é promover a atualização de práticas assistenciais, melhorias no acesso e nos processos para prevenção e manejo de agravos relacionados à atenção à saúde materna e infantil e à prevenção e tratamento de lesões precursoras do câncer do colo do útero, por meio de metodologias participativas, a partir do diagnóstico local.

Encerrando as exposições, Stephan Sperling, do Hospital Sírio-Libanês, apresentou um panorama sobre o Cuidado Especializado Digital (CED), que utiliza tecnologias remotas para ampliar o acesso de populações indígenas à atenção especializada. 

O CED consiste em um conjunto de estratégias e tecnologias remotas para avanço da saúde especializada em territórios indígenas. Seu objetivo é promover o acesso à atenção especializada para pessoas usuária do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena SasiSUS por meio de linhas de cuidado digitais que fortaleçam, desde a Atenção Primária, o modelo de atenção à condições crônicas e os novos marcos regulatórios de encaminhamento para os demais níveis de atenção, como as Ofertas de Cuidado Integrado 

Segundo Sperling, o projeto, desenvolvido no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), já apresenta resultados expressivos, como a redução de deslocamentos e o aumento da resolutividade no território. 

Luciana Vieira, Alaine Arruda, Stephan Sperling e Luciana Tolêdo

Assessoria de Comunicação do Conass