Estudo da Universidade de Harvard tem foco na Atenção Primária à Saúde Brasileira

Pesquisa aborda a experiência do Conass com a Planificação da Atenção à Saúde

Ece Ozcelik, pesquisadora da Universidade de Harvard, esteve no Conass esta semana, coletando informações para a dissertação de PhD que trata do sistema de saúde brasileiro, especialmente da Atenção Primária à Saúde (APS) e do Programa Mais Médicos. Economista de saúde, Ece é natural da Turquia, país que tem um dos maiores programas de cuidados primários da Europa, baseado na saúde da comunidade, o que, segundo ela, ajuda a contrastar as forças e as fraquezas de ambos os sistemas.

Entre os achados da pesquisa até o momento estão o reconhecimento de que o cuidado primário no Brasil atingiu reduções significativas nas mortalidades materna e de crianças e melhorias importantes na saúde da polução, incluindo acesso ao cuidado em áreas mais pobres e remotas do país.

Já no enfoque dado ao Programa Mais Médicos, conclui-se, inicialmente, que ele impactou positivamente a performance do sistema de saúde, melhorando a eficiência do sistema como um todo, em especial nas áreas rurais e mais remotas, o que a pesquisadora considera uma mensagem importante. “A experiência brasileira demostra importantes implicações globais porque mostra que investir no cuidado primário de saúde funciona”, afirma, dizendo que a atuação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) é a maior sinalização deste impacto. “Passei uma semana em áreas remotas do país, conversando com médicos, pacientes e profissionais de saúde e foi muito importante entender como as pessoas têm acesso aos serviços de saúde. Minha expectativa é de que as descobertas da dissertação contribuam com análises mais profundas e com o fortalecimento do cuidado primário em todo o mundo”, explica.

O projeto olha especificamente para o Brasil, comparando regiões do próprio país. E por que o Brasil? Perguntamos à Ece. “Porque ele é único”, respondeu, ressaltando as peculiaridades da Constituição brasileira, a distribuição entre os Poderes e Entes Federados e a autonomia dos estados e municípios na gestão da saúde. “O Brasil oferece lições para outros países em desenvolvimento no que concerne ao cuidado primário à saúde no nível comunitário que atinge mais de 120 milhões de pessoas. É uma escala muito grande, cobrindo uma área geográfica gigantesca”, diz.

Planificação da Atenção à Saúde

Ainda nesse aspecto, Ece destaca que suas pesquisas de campo evidenciaram a necessidade do investimento a longo prazo com o cuidado primário. “O Conass tem um trabalho extenso e inovador e contínuo no cuidado primário. Estou animada para conhece-lo mais a fundo”, disse, referindo-se à Planificação da Atenção à Saúde (PAS).

A pesquisadora conheceu a experiência do Distrito Federal, na região do Paranoá, onde conheceu o Ambulatório de Atenção às Condições Crônicas, especificamente o Centro Ambulatorial de Diabetes e Hipertensão (CADH), observando a integração entre a APS e a Atenção Ambulatorial. Foram entrevistados cardiologistas, endocrinologistas e enfermeiros, que enfatizaram a diminuição das internações por condições sensíveis à APS, notadamente as doenças cardiovasculares.

No Conass, Ece entrevistou a assessora técnica da área de Atenção Primária à Saúde, Maria José Evangelista, que detalhou a atuação do Conass nessa área. E o secretário executivo, Jurandi Frutuoso, que explicou como se deu a criação do Conass e falou dos principais desafios do SUS e dos avanços do sistema em seus mais de 30 anos.

A Planificação da Atenção à Saúde é um projeto do Conass para a organização dos processos de trabalho das unidades de saúde e para a promoção da integração das atenções Primária, Especializada e Ambulatorial. Presente em 25 regiões de saúde de 11 estados, a proposta consolida-se como a contribuição do Conass para a mudança do modelo de atenção vigente e implementação das Redes de Atenção à Saúde. Todo o processo da PAS está relatado no Documentário – Resultados da Planificação da Atenção à Saúde, disponível no canal do Conass no YouTube.

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