Mãe de coração e de fígado: menino recebe órgão de mãe acolhedora no Hospital Estadual da Criança

Depois de dois meses realizando testes de compatibilidade, Rosiléia Ornelas terá um motivo a mais para comemorar o dia das mães. Procedimento durou cerca de 12 horas. Este é o quarto transplante realizado na unidade em pouco mais de um mês

SES/RJ

O dia das mães é uma data para homenagear mães biológicas que dão à luz, educação e valores a seus filhos. Há também, no entanto, mães que não geram seus filhos, mas criam com o mesmo amor das mães biológicas. São chamadas “mães do coração”. O quarto transplante no Hospital Estadual da Criança foi a prova de que uma mãe do coração é tão especial quanto a mãe biológica. O pequeno Lucas Nascimento Cavalcanti, de 1 ano e meio, recebeu nesta quarta-feira (8) parte do fígado de sua tutora, a costureira Rosileia Ornelas. O procedimento duplo durou cerca de 12 horas, sendo realizado pelo chefe de serviço de fígado da unidade, Dr. Lúcio Pacheco. Ambos passam bem.

Mãe que não desiste – Lucas apareceu na vida de Rosiléia quando tinha apenas 7 meses. A costureira entrou no programa Família Acolhedora com o objetivo de adotar uma menina de 6 anos, porém Rosiléia sensibilizou-se com um bebê franzino com sérios problemas de saúde e acabou ficando com Lucas. Com apenas 12 dias de convivência com a família de Rosiléia, Lucas foi internado no Hospital federal de Bonsucesso, onde foi diagnosticada atresia das vias biliares, que resultou em uma cirrose hepática. Lucas precisava de um transplante de fígado. Apesar de saber das condições daquele bebê, ela levou um choque com o diagnóstico da doença e da expectativa de apenas 6 meses de vida.
– Foi muito ruim saber da médica que Lucas teria apenas meses de vida. No dia eu chorei muito, mas não desisti de ficar com ele – disse Rosiléia.

Depois de entrar em contato com a família biológica do menino e de não obter sucesso nos testes de compatibilidade, Rosiléia descobriu que poderia doar parte do seu fígado para Lucas por conta do tipo sanguíneo. Foram dois meses de muitos exames até que a costureira recebeu a autorização para o transplante.

– Fiquei muito feliz, realizada. O importante era receber o “sim” do médico porque o tempo de vida dele estava acabando. Salvar a vida do Lucas é o mais importante – conta.

De acordo com a gastropediatra do Hospital Estadual da Criança Márcia Valadares, o transplante é mundialmente indicado para crianças que sofrem de atresia, uma doença que atinge um a cada 15 mil nascimentos.
– Lucas ainda ficará 10 dias no hospital. Esperamos que tudo dê certo e que ele receba alta logo. Depois que for para casa, apesar da medicação que ele terá que tomar, Lucas vai crescer normalmente – afirmou Márcia.

Mãe de um médico – Embora ainda não saiba se ficará com o menino, Rosiléia, que já tem dois filhos e um neto, faz planos para Lucas em sua família.
– Quero que Lucas cresça feliz e seja um médico para cuidar das pessoas como cuidaram dele aqui no Hospital Estadual da Criança. O que aconteceu foi um milagre e fico feliz de ter encontrado um hospital tão apaixonante com uma equipe tão dedicada – afirma a “mãe do coração’ e “de fígado” do pequeno.

Hospital Estadual da Criança – Inaugurado no dia 4 de março desse ano, o Hospital Estadual da Criança é a primeira unidade do Rio de Janeiro voltada para atendimento pediátrico referenciado. O hospital realiza cirurgias de média e alta complexidades, além do tratamento do câncer, em crianças de zero a 19 anos. Em 28 de março, o hospital recebeu o credenciamento por parte do Sistema Nacional de Transplantes. Desde então, um transplante de rim e três de fígado já foram realizados. O primeiro transplante de fígado na unidade foi realizado em 03 de abril. O menino Natan recebeu parte do órgão de seu pai, Ubiratan Tonaso.

No último dia 17, foi realizado o segundo transplante de fígado na unidade. A paciente Milena Flávia do Nascimento, de 2 anos e 4 meses, recebeu parte do fígado de sua mãe, Mirian Conceição do Nascimento, após uma espera de quase dois anos pelo procedimento. A cirurgia da menina, que tinha cirrose hepática por conta de uma atresia das vias biliares, foi um sucesso. O menino Abraham Lincoln de Oliveira, de 11 anos, recebeu um rim captado pelo PET no dia 24 de abril, sendo o primeiro transplante renal da unidade. Abraham passa bem.

– Nossa meta é fazer o máximo de transplantes para salvar e dar mais qualidade de vida aos pacientes pediátricos – disse o coordenador do serviço de transplantes de fígado do Hospital Estadual da Criança, Lúcio Pacheco.

Gestão – Desde abril de 2012 a Secretaria de Estado de Saúde vem reorientando o modelo de gestão e atenção à saúde no Estado do Rio de Janeiro no intuito de melhorar a prestação dos serviços e a satisfação do usuário. A implementação dessa nova forma de administração tem como objetivos reduzir custo, melhorar a gestão e garantir um atendimento de qualidade à população. O Hospital Estadual da Criança foi viabilizado a partir de um contrato com a Rede D’Or, que cedeu o prédio – onde antes funcionava o Hospital Rio de Janeiro – e passa a gerenciar o serviço público através da Organização Social Instituto D’Or São Luiz, fornecendo todos os recursos humanos e materiais necessários ao adequado funcionamento do hospital, dentro dos parâmetros e diretrizes estabelecidos pela Secretaria.

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