“Não podemos nos dar ao luxo de ignorar conhecimentos, seja de tratamento, seja de vigilância”, afirma presidente do Conass

Para o presidente do Conass, é indispensável que Estados e municípios sejam ouvidos, sobretudo durante a formulação das estratégias

O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Alberto Betrame, participou na noite desta sexta da Live Contribuições dos Conselhos do SUS, promovida pelo Instituto Nacional de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Inaff). Durante o encontro virtual, Beltrame destacou a importância do diálogo entre as três esferas de governo e da coerência das mensagens transmitidas diante da epidemia. “Num momento de emergência de saúde pública, a população espera dos gestores um único discurso”. Para o presidente do Conass, é indispensável que Estados e municípios sejam ouvidos, sobretudo durante a formulação das estratégias. “No enfrentamento da pandemia, o Conass tem marcado posição em favor da ciência, em favor das evidências científicas e favor da vida. Além disso, tem mostrado uma posição firme na defesa das melhores práticas”, observou.

O encontro virtual contou com a participação do presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Zasso Pigatto e Elton Chaves, representando o Conasems. Pigatto também reforçou a necessidade da manutenção de um canal de diálogo com governo federal. Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde, a capacidade de debate se perdeu ao longo do último mês. “Mas continuamos fazendo a nossa parte”, observou.

Durante o evento, Beltrame classificou o SUS como uma das maiores conquistas do povo brasileiro. “Ele precisa ser compreendido, valorizado.É um patrimônio que não foi concedido, mas conquistado a custa de muito trabalho”, disse.

Para o presidente do Conass, a resposta dada pelo SUS à pandemia mostra o quanto o sistema é importante, que merece ser consolidado. “O SUS mostrou ser um gigante.”

Durante o evento, Beltrame destacou ainda a necessidade de se reforçar o complexo industrial da saúde. “Não podemos continuar cometendo os mesmos erros do passado”.

Nos últimos meses, ficou clara a dependência do mercado brasileiro de produtores internacionais, seja para o fornecimento de equipamentos de proteção individual, seja de respiradores.Beltrame, porém, observou que esse fenômeno não vem de hoje. Como exemplo, citou a crise de abastecimento de penicilina no País, em 2015, quando estoques foram reduzidos em virtude da falta de matéria prima.

Beltrame, que também é secretário de Saúde do Pará, lembrou que indústrias farmacêuticas estão abandonando a produção de linhas tradicionais de tratamento, formada por produtos considerados mais baratos, para concentrar seus esforços na fabricação de drogas mais modernas e mais caras. “Há um grande interesse econômico da indústria farmacêutica que não pode ser ignorado”, constatou. Para Beltrame, é preciso estar atento a esse fenômeno, criar mecanismos de proteção para evitar a falta de ferramentas indispensáveis ao tratamento. “Não estou advogando que as indústrias deixem de fazer inovação. Mas elas não podem deixar a população se medicamento. “

Representante do Conasems no encontro, Elton Chaves tem avaliação semelhante. Ele lembrou que a pandemia trouxe à tona a necessidade de se resgatar políticas que fortaleçam a produção nacional de medicamentos e de equipamentos para reduzir a dependência do mercado internacional. Chaves destacou ainda outros desafios relacionados à assistência, como medidas para garantir a segurança de profissionais de saúde e dos pacientes que buscam sistema em busca de tratamento de outras doenças.

Beltrame concluiu sua participação dizendo ser necessário aprender as várias lições da pandemia para honrar as vítimas da Covid-19. “Saúde, sempre, vem em primeiro lugar”, sentenciou. “Isso tem de ser entendido como o valor máximo, o bem maior e em nenhuma hipótese deve ser relativizada.” Ele citou ainda a importância de se considerar o conhecimento científico, o que evita novos erros e novas dores. “Não podemos nos dar ao luxo de ignorar conhecimentos básicos,seja para tratamento, seja para vigilância, seja para isolamento ou antever movimentos da pandemia”

Ascom Conass

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