Neonatologia do HRC cuida de bebês prematuros e de suas famílias

Equipe multidisciplinar é composta por mais de 100 profissionais de diversas áreas

São 25 leitos existentes na UTI Neonatal do Hospital Regional de Ceilândia | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Bebês prematuros, com cardiopatias, alguns pesando menos de um quilo, são os pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Para atender pacientes tão frágeis e muitas vezes graves, o HRC conta com uma equipe multidisciplinar composta por mais de 100 profissionais, entre médicos neonatologistas e pediatras, enfermeiros, técnicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas. Todos juntos cuidam da saúde física e mental dos recém-nascidos e de seus familiares. A ocupação dos 25 leitos existentes no setor varia entre 90% e 95%.

A Unidade de Neonatologia do HRC conta com três unidades para tratamento de crianças prematuras ou que nascem com algum problema de saúde. A primeira delas é uma UTI com dez vagas, destinada aos casos mais graves, para onde vão os recém-nascidos que necessitam de cuidados mais intensos. A segunda, Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais, também com dez leitos, se destina a bebês já em fase de recuperação, que superaram o primeiro estágio.

Por último, há a Unidade Canguru, com cinco leitos, que recebe bebês mais próximos de deixarem o hospital. Nesta fase, as crianças ficam unidas às mães por faixas, como cangurus. De acordo com a supervisora de Enfermagem do hospital, Raissa Sousa, durante todo o tempo em que os recém-nascidos permanecem na UTI, as mães são preparadas para cuidar das crianças quando estas deixarem o hospital.

O casal Mirian Vitória, 17 anos, e Gustavo Lopes, 32, estão na expectativa de a filha Maria Cecília deixar a UTI e ir para casa. A pequena Maria Cecília nasceu no dia 19 de dezembro, com 31 semanas de gestação e 1,5 kg. “Recebi alta, mas é difícil ir para casa sem ela, embora saiba que ela está em boas mãos”, diz a mãe. O pai também segue confiante em relação ao desenvolvimento da filha. “Minha primeira filha. Não esperava que fosse assim, mas vou esperar. Eles aqui nos ensinam como agir. Ela está melhorando a cada dia”, destaca Gustavo. Maria Cecília segue se fortalecendo.

“O perfil da comunidade atendida por nossa unidade é de um público vulnerável, de mães menores de idade, de baixas renda e escolaridade, características que influenciam diretamente nos bebês e na chegada à nossa unidade. Temos desde bebês prematuros até de termo [nascem no tempo correto] com alguma má formação”, explica Raissa.

Raissa ressalta que o papel do profissional de saúde que trabalha com a neonatologia é facilitar o desenvolvimento da criança que nasce prematura. “É muito importante a nossa atuação como profissional para reduzir os danos e as sequelas no desenvolvimento dessa criança”, frisa a enfermeira. “Também precisamos acolher as famílias para que elas se sintam seguras. É um processo difícil”, diz.

Acolhimento

Segundo a psicóloga da Unidade de Neonatologia do HRC, Denise Percílio, quando nasce um bebê prematuro, nasce uma família prematura. “Imaginam-se as melhores fantasias maternas e paternas durante a gestação de uma criança, com ela nascendo de termo, chorando ao nascer, mamando e, de repente, é uma gestação que se interrompe antes do esperado. Quando isso acontece, já há um conflito entre o bebê real e o imaginário. Nós, da equipe, precisamos entender esse bebê e sua família. Estar na neonatologia não é algo mecânico, é preciso ouvir muito mais do que falar”, destaca Denise.

Denise conta que também é frequente o atendimento de mães usuárias de drogas e ou em situação de vulnerabilidade social. “Na nossa equipe, trabalhamos em consonância com a assistência social para entender as histórias das famílias”. 

Papel do profissional de saúde que trabalha com a neonatologia é facilitar o desenvolvimento da criança que nasce prematura.    | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília