Oficina do Conass discute a importância e o acesso aos Cuidados Paliativos no SUS

Oficina de Cuidados Paliativos

“Abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes (adultos e crianças) e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.”

Esse é o conceito de Cuidados Paliativos da Organização Mundial da Saúde (OMS), tema da Oficina Presencial sobre Cuidado Paliativo na Rede de Atenção à Saúde (RAS), na sede do Conass, em Brasília, que ocorrerá até amanhã (25), com cerca de 100 participantes presenciais e online. O debate demonstra a importância do direito humano à saúde, que inclui o acesso a cuidados paliativos. O processo requer equipes multidisciplinares que estão ali para ajudar pacientes que enfrentam doenças sem cura, mas que merecem viver com a maior dignidade possível até a morte. E essas equipes são preparadas para atender às necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e espirituais dos pacientes.

E é aí que entra a RAS, o cuidado em redes, onde os profissionais de saúde identificam pacientes que podem se beneficiar dos Cuidados Paliativos, devido à natureza contínua e abrangente do atendimento primário, que permite uma visão holística do paciente e de sua família. E para ter um processo ágil, é fundamental manter uma comunicação integrada entre as equipes de saúde e entre os estados, como explicou a Coordenadora-Geral de Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde, Mariana Borges.

“Temos uma Política Nacional de Cuidados Paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com cerca de 1,3 mil equipes implantadas em todo o território nacional. Mas, para essa política ser eficiente, precisamos escutar os estados e entender como é o funcionamento em cada lugar. Temos a missão de mudar o entendimento de Cuidados Paliativos no país, mas sabemos que a política só será resolutiva se feita com o olhar das três esferas”, disse.

É notório pelas apresentações que os estados ainda têm um longo caminho a ser percorrido rumo à qualidade universal e à melhoria desse tipo de cuidado. É preciso falar mais sobre o tema e colocá-lo em evidência por meio de um sistema de conscientização e educação para toda a população. É nessa hora, também, que o esforço de todos é muito valioso, gerando uma discussão profunda sobre o Cuidado Paliativo e o acesso a ele, afirmou o secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso.

“Depois da publicação da política, os trabalhos dos técnicos estaduais se intensificaram. Profissionais engajados com essa causa nos levarão a ter uma efetividade muito maior e da melhor maneira possível. Sabemos que, para isso, é necessário ter a Atenção Primária, que é a base de tudo. Queremos uma rede organizada para que a maioria da demanda, principalmente de pessoas mais vulneráveis, seja atendida”.

Outra coisa que ficou clara sobre o tema é que se trata de dar qualidade de vida para os pacientes que vivem com doenças que ameaçam ou limitam a vida. Trata-se de transformar a tristeza em um futuro mais acolhedor e mais humano. Foi o que o assessor técnico do Conasems, Rodrigo Lacerda, enfatizou.

“É importante que a gente consiga expressar e colocar todas as dificuldades dos estados para garantir a melhor construção dessa política da vida dessas pessoas. Queremos construir algo que se aproxime da realidade de todos para que possam ter uma vida digna”.

E para alinhar diretrizes e fortalecer a integração do cuidado paliativo no âmbito da RAS, fazer análise da política e traçar novas estratégias de acordo com a realidade de cada local, um dos pontos que chamou a atenção da assessora técnica do Conass, Carla Ulhoa, foram os desafios estaduais.

“Não é possível realizar uma boa política sem o alinhamento dos técnicos e profissionais que acreditam nesse trabalho multiprofissional. É preciso de um plano de cuidado e um olhar das três esferas para que essa política se fortaleça”.

Vale lembrar que dados da OMS estimam que, em todo o mundo, apenas uma em cada 10 pessoas que precisam de cuidados paliativos estão recebendo o serviço e que a demanda global por cuidados para pessoas com doenças terminais continuará crescendo à medida que a população envelhece e a carga de doenças crônicas não transmissíveis aumenta. Em 2060, a necessidade de cuidados paliativos deverá quase dobrar.

O Conass tem se posicionado ativamente na promoção e fortalecimento dos cuidados paliativos no Brasil. Através de iniciativas como a organização de oficinas, debates e seminários, o Conass busca sensibilizar gestores e profissionais de saúde sobre a importância do tema, além de discutir estratégias para a implementação efetiva da Política Nacional de Cuidados Paliativos no SUS. 

Assessoria de Comunicação do Conass