Padilha fala sobre atuação do Ministério da Saúde em Santa Maria (RS)

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, concedeu entrevista ao Jornal da Manhã, da Rádio Jovem Pan, para falar sobre as ações que o Ministério da Saúde está desenvolvendo, em Santa Maria (RS).

Locutor: A tragédia de Santa Maria. Nós vamos conversar agora com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que nesse momento está lá na cidade gaúcha de Santa Maria. Ministro Alexandre, bom dia!

Ministro: Bom dia! É uma honra poder falar com os nossos ouvintes da Jovem Pan.

Locutor: Ministro, são 233 mortos e ainda muitos, uma centena de feridos em hospitais de Santa Maria e Porto Alegre. Qual a situação desses feridos, ministro?

Ministro: Nós estamos agora acompanhando. Temos pelo menos 82 pacientes internados aqui nos hospitais de Santa Maria e 39 nos hospitais de Porto Alegre. Desse total de pacientes, pelo menos 80 são pacientes que estão com cuidados intensivos, com ventilação mecânica, ou seja, pacientes críticos. A grande maioria é de pacientes vítimas do que nós chamamos de uma intoxicação respiratória. A minoria é de pacientes queimados. Além disso, nós estamos acompanhando porque é muito comum nessas situações pessoas que nos primeiros momentos não tiveram nenhum sinal ou sintoma, em até um, dois, três dias depois podem desenvolver um quadro com tosse, falta de ar. Uma espécie de pneumonite química, e que podem ter um quadro grave. Estamos acompanhando muito próximo com as equipes e a Coordenação Nacional da Força Nacional de Saúde do SUS (FNSUS).

O Ministério da Saúde está aqui em Santa Maria com profissionais bastante especializados que atuaram em outras tragédias, como o terremoto do Haiti, as enchentes da região serrana do Rio de Janeiro, e temos acionado outros profissionais da Força Nacional do SUS, médicos e reservistas, para virem pra cá pra ficarem aqui, inclusive apoiando no revezamento das equipes. Também temos uma parceria com o hospital Albert Einstein que também está deslocando cinco médicos e reservistas, 15 enfermeiros com experiência de UTI. Nós temos aqui em Santa Maria o que nós chamamos de retaguarda de leitos de UTI, porque pacientes que ainda não estão no estado de UTI podem evoluir um quadro ainda mais grave e precisarem ser deslocados para a UTI que foi estruturada aqui em Santa Maria.

Locutor: Ministro, o senhor disse que a maioria das vítimas foi de fato por causa da intoxicação, agora o senhor disse que mais de 80 pessoas estão em estado grave, é isso? Quantas dessas pessoas tiveram os corpos queimados, enfim, sofreram queimaduras?

Ministro: Nós tivemos ao todo de atendimentos nos hospitais, mais de 300 atendimentos desde o início da tragédia. Cerca de 80 pessoas estão com ventilação mecânica, pessoas que estão respirando por aparelho, num estado bastante grave, um estado crítico. Do conjunto das pessoas internadas, cerca de menos de 20% são pacientes que classificamos como grandes queimados, com mais de 70% da área corpórea sofrendo com queimaduras. Essas pessoas foram desde o começo, desde o dia de ontem de manhã ainda, transferidos por remoção área para dois centros de referência de queimados que nós temos na cidade de Porto Alegre. Inclusive acionamos os bancos de pele que nós temos, não só do Rio Grande do Sul, mas em Pernambuco, em São Paulo, na possibilidade de tecido de pele porque pacientes grandes queimados podem necessitar, certamente vão necessitar. Nós vamos continuar acompanhado porque nós podemos ter mais casos graves. Como essa pneumonite química que pode demorar um, dois dias pra desenvolver sintomas mais graves.

Locutor: A rede hospitalar de Santa Maria e da região está dando conta? Está suportando isso?

Ministro: Nós tivemos que ter essa ação combinada, entre a rede hospitalar de Santa Maria e região, e a estruturação desses pontos de referências de queimados e UTIs em Porto Alegre. Inclusive tivemos que trazer novos equipamentos pra cá. Reunimos ao todo 50 equipamentos de ventilação mecânica e respiradores. Tanto para pacientes que estão fixos na rede, quanto também para remoção aérea. Estamos com a Força Área Brasileira, a Força Nacional do SUS, o SAMU estadual, a Brigada Militar do Estado. Ao longo de toda madrugada nós fizemos remoções de pacientes, acompanhei essas remoções, e agora ainda pela manhã poderemos fazer a remoção de mais oito pacientes para os centros de referência em Porto Alegre.

Locutor: Doutor Alexandre Padilha, existe a necessidade de doação de sangue? Como estão os bancos de sangue nos hospitais da região e principalmente em Porto Alegre, onde estão levando as vítimas mais graves?

Isso é muito importante, Patrick. No dia de ontem o estoque de sangue estava garantido. Mas é lógico que a gente sempre diz que se as pessoas quiserem fazer um ato de solidariedade, um ato pela vida, doar sangue sempre é bem-vindo. Procure um banco de sangue da sua cidade ou mais próximo da sua cidade. As pessoas não precisam se deslocar para Santa Maria para fazer doação de sangue. Hoje todas as agências de sangue do Estado do Rio Grande do Sul abriram hoje de manhã, solicitando doações. É importante esse ato de solidariedade. Embora o estoque de sangue não tenha sido comprometido, sempre é bom poder doar sangue e reforçar esse ato de solidariedade. Procure o banco de sangue, a agência mais próxima da sua cidade. Não precisa vir pra Santa Maria.

Locutor: O número de mortes ainda está um pouco divergente. Por exemplo, há pouco conversei com o coordenador da Polícia Civil, e ele falou de 233, já há informação de 234. O senhor tem alguma nova informação, ministro?

Ministro: O dado das cinco da manhã da Defesa Civil é de 231 mortos. Então esse é o dado oficial.

Locutor: Então há divergências, inclusive da polícia, né?

Ministro: O dado é de 231. A gente sempre usa o dado oficial da Coordenação da Defesa Civil. Chegou a existir durante a madrugada uma informação de que teriam ocorrido três óbitos nos hospitais, mas isso não foi confirmado. Não existiu nenhum óbito, tanto nos hospitais aqui de Santa Maria, quanto nos hospitais de Porto Alegre, durante essa madrugada. Então, é sempre importante seguir o dado da Defesa Civil. Esse é o dado que nós estamos seguindo.

Locutor: Tá certo, ministro! Obrigado pela sua entrevista ao Jornal da Manhã da Jovem Pan e um bom trabalho pro senhor. O senhor deve tá tendo ai muito trabalho. Muito obrigado, bom dia, ministro!

Ministro: Muito obrigado! Eu quero agradecer a imprensa que nos ajudou a orientar a população. E eu queria reforçar que doações, qualquer tipo de doação, só doe aquilo que a defesa civil do estado solicitar e para o local onde a defesa civil do estado solicitar. Esse ato de solidariedade, todo mundo quer ajudar, isso é muito bom, é muito positivo e a melhor forma de ajudar é seguir aquilo que a defesa civil do estado demandar.

Fonte: Rádio Jovem Pan

Foto: Erasmo Salomão – Ascom / MS